Acib promove segundo dia de conversas com os candidatos a prefeito de Blumenau
Empresários fizeram questionamentos para três candidatos nesta segunda-feira, 16; dois candidatos participaram da primeira parte do evento na semana anterior
Nesta segunda-feira, 16, a Associação Empresarial de Blumenau (Acib) realizou o segundo dia de conversas com os candidatos a prefeito de Blumenau. Participaram do ato os candidatos Ana Paula Lima (PT), Ricardo Alba (PODE) e Rosane (PSOL). No primeiro dia do evento, realizado na última segunda-feira, 9, os candidatos Delegado Egidio (PL) e Odair Tramontin (NOVO) participaram do evento.
A Acib conversou com os associados para ouvir as principais demandas e, com base nisso, elaborou questões aos candidatos. As perguntas foram divididas em eixos: saúde, educação, segurança, infraestrutura, desenvolvimento econômico e mobilidade urbana.
Os questionamentos foram: as propostas para melhorar o Índice de Educação Básica (Ideb) em Blumenau e como abordar os desafios enfrentados pelas escolas municipais para elevar a qualidade de educação; o plano para saúde no que diz respeito aos serviços de urgência e emergência e se há estratégia para abrir uma unidade nos moldes de UPA; sobre a segurança de Blumenau; os planejamentos para enfrentar os problemas com as barragens que afetam Blumenau diretamente e a busca para uma solução eficaz para a situação; qual o principal problema de infraestrutura em Blumenau e a proposta para resolvê-lo; ações para melhorar a mobilidade urbana nos horários de pico; estratégias para atrair novos investidores e empresas para Blumenau e as iniciativas para fomentar o emprego e o desenvolvimento econômico; como pretende utilizar o Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico Municipal (Pedem) durante a gestão, o motivo de querer ser prefeito.
Ana Paula (PT)
Sobre o primeiro questionamento, a candidata petista lamentou a posição de Blumenau no ranking do Ideb e diz que podemos melhorar. Ela diz que pensa em capacitar professores da rede municipal. Segundo ela, a rede municipal está com profissionais cansados e desmotivados. A ideia da candidata é utilizar a Furb para fazer parcerias e capacitação dos professores, além dos cursos na área de educação que existem na Universidade. Ela diz que Blumenau tem condições favoráveis para rever o problema e que a cidade está há mais de 20 anos sem rever o plano de educação. Comentou a importância da tecnologia e robótica que precisa entrar no currículo. Disse que é importante a escola em tempo integral para que a criança estude enquanto os pais possam trabalhar.
Sobre as UPAs, a candidata diz que desde 2012 fala do programa do governo federal que são as unidades de pronto atendimento. Ela recorda que os hospitais Santo Antônio e Santa Isabel não atendem apenas a população de Blumenau, mas que são hospitais regionais e com grande número de pessoas. Ela destaca que a UPA é uma realidade presente em várias cidades de Santa Catarina. Segundo ela, a UPA é financiada pelo Ministério da Saúde desde a construção até a manutenção, através do SUS. Ela diz que Blumenau já poderia ter unidades, principalmente na região Sul e Norte. Também falou sobre utilizar o Hospital Universitário, localizado nas margens da BR-470. Por fim, pontuou que é preciso descentralizar os atendimentos para que os hospitais possam fazer outros atendimentos de média e alta complexidade.
Para a candidata, Blumenau ainda é uma cidade segura, mas diz que a segurança pública é dever do estado. Diz que conversou com a delegada regional e que ela mostrou o quanto diminuiu casos de roubos e afins, mas que aumentou o número de violência contra mulheres. Diz que a escola integral garante a segurança, principalmente para as mulheres que precisam trabalhar. Segundo ela, o governo passa poucos recursos para Blumenau. Ela pretende pedir o aumento de efetivo tanto da PM quanto da Polícia Civil. Acrescentou ainda que os equipamentos de segurança não podem ser responsabilidade da prefeitura e nem do setor empresarial, mas do governo do estado.
Sobre a infraestrutura, a candidata diz que é preciso se adaptar, com planejamento das cidades. Citou a importância das cidades esponjas e que é preciso buscar recursos para essas medidas. Diz que o congresso aprovou o PAC e que SC vai receber recursos para essas medidas que visam combater enchentes. Diz que é preciso cobrar tanto do governo federal quanto estadual para fazer essas melhorias. Diz que é preciso resolver de uma vez a situação das barragens e que não adianta conversar sobre isso somente quando chove. Citou que as barragens não estavam com a manutenção em dia na última enchente em Blumenau.
A candidata citou que o transporte coletivo é uma reclamação de toda população, desde horários, linhas e o preço. Diz que nos últimos 20 anos nada foi feito. Aumentou a população e os carros, o que gerou o congestionamento e trânsito. Defendeu que com um transporte público eficiente as pessoas deixam de usar o carro e usam o transporte, desde que haja garantia de horários e mais ônibus. Diz que é preciso interligar ciclovias e calçadas, executar as vias planejadas e ter uma boa equipe técnica para fazer isso.
Também disse que é preciso executar o que já foi planejado, principalmente as obras na região Norte, além de cobrar a extensão da Via Expressa e melhorar o transporte público. Disse que atualmente o transporte coletivo não é no horário que encaixa com a vaga de emprego, e com isso as pessoas acabam desistindo da oportunidade. Afirmou que a prefeitura tem que ser fiscalizadora e cobrar a eficiência do transporte. Segundo ela, atualmente, com o preço da passagem de ônibus, as pessoas dizem que é mais fácil pegar o Uber, por isso que a cidade está com tantos congestionamentos.
Sobre os cargos técnicos, ela afirmou que quer conversar com a Acib e demais entidades para escolher os nomes dos secretários para cada pasta, caso seja eleita.
Com relação a atrair novas empresas, a candidata citou o Pedem como uma alternativa, visto que ele foi elaborado e desenvolvido pensando em vários pontos do desenvolvimento. Diz que quem gera emprego e renda são os empresários e o poder público não pode ficar omisso sobre essas responsabilidades.
Ela ainda afirmou que o poder público tem que estar nos conselhos, participar de todos os setores. E que não basta apenas participar, mas que tem que executar. Segundo ela, é necessário planejar, avaliar e executar. Acrescentou que leu o Pedem e afirma que é um plano de extrema importância e que não pode ficar apenas no papel, mas que tem que ser executado. Acrescentou ainda que o líder desse processo tem que ser o poder público.
Quando questionada sobre o motivo para querer ser prefeita, disse que o maior pecado é a indiferença. Diz que Blumenau é a cidade do coração, que tem projeto, que já atuou e sabe dos problemas. Diz que conhece a cidade como a palma da mão, que se preparou para isso e que luta pelo desenvolvimento. Por fim, diz que quer governar sempre em parceria.
Ricardo Alba (Podemos)
Começou afirmando que sempre dedicou esforço político para educação. Diz que das 10 escolas mais bem avaliadas em SC, nenhuma é de Blumenau. Diz que menos de oito escolas estudam em tempo integral, diz que é fundamental para o desenvolvimento econômico. Diz que é possível e que tem recurso para isso e também afirmou que a cidade gasta acima do que é constitucionalmente obrigatório. Segundo ele, falta vontade política para a cidade implementar e garante que até o final do mandato terá escola em período integral em todos os educandários, caso seja eleito.
Diz que as UPAs estão no plano de governo e citou cidades que têm esse modelo. Diz que a demanda dos hospitais é grande e que eles atendem toda a região. Afirma que é preciso desafogar os hospitais filantrópicos com UPAs sendo uma na região Norte e uma no Sul. Diz que o hospital atende tudo e por isso há filas de mais de 4 horas. Quer trazer as coisas boas que viu em outras cidades para Blumenau. Diz que a administração de Blumenau está parada no tempo.
Sobre a segurança pública, diz que os números de Blumenau não estão ruim, afirma que a criminalidade diminuiu, mas que não precisa esperar piorar para fazer algo. Defende a guarda municipal armada e afirma que serão treinados para isso. Citou o uso de drones, câmera de monitoramento e iluminação pública que ajudam na segurança. Disse que a mendicância também é uma questão de segurança, tem que tirar eles da rua. Diz que pretende usar o decreto de internação involuntária para fazer isso acontecer.
Sobre as barragens e enchentes, afirma que não é apenas cobrar do governo do estado, mas o município tem que fazer a parte dele, como desassoreamento dos ribeirões. Diz que também é preciso fortalecer o sistema de diques, além de atuar em conjunto com o governo do estado na questão das barragens.
Sobre a infraestrutura, citou que há projetos executivos prontos, falou que a obra da via Humberto de Campos não acaba naquele trecho, que é preciso pensar Blumenau de forma ampla. Citou a demora para conseguir a licença para terraplanagem. Diz que é preciso pensar a mobilidade e tratá-la como fator de desenvolvimento econômico e social.
Diz que pretende tirar a área azul dos bairros, diz que tem que incentivar a economia e não maltratá-la. Afirma que vai assinar um decreto para tirar os radares. Defende que o trânsito tem que ser fluido, sem muitas sinaleiras, mas com mais rotatórias, e que pretende dar continuidade aos grandes projetos executivos que já existem.
Diz que é preciso colocar nos cargos as pessoas certas, criticou os cargos atuais. Diz que quer reduzir as atuais secretarias para 12 e que quer cortar pela metade o número de comissionados. Diz que tem que ter gente que entende de educação na pasta de educação, e assim por diante. Quer ouvir as entidades para pedir indicação para os cargos, especialmente no primeiro escalão.
Acrescentou que pretende promover a desburocratizar para tornar o setor público mais célere. Segundo ele, a prefeitura tem que promover a cidade, fazer com que as empresas permaneçam aqui, além de criar um distrito industrial. Afirmou que o plano diretor foi revisto pela última vez em 2017. Diz que é preciso trazer as entidades para administração. Precisa modernizar a administração.
Quando questionado sobre o Pedem, disse que é preciso desenvolver a cidade em todos os aspectos, não só o têxtil, mas no metalmecânica, entre outros. Diz que quer trazer o trade turístico para o desenvolvimento da cidade para pensar em ecoturismo, rota gastronômica entre outros. Diz que a matriz econômica da cidade é múltipla, não é só o têxtil. Citou a tecnologia de informação que gera muita receita para cidade.
Por fim, afirmou que quer ser prefeito devido ao amor que tem por Blumenau, e que quer o melhor para cidade. Afirma que se sente preparado para isso, diz que conhece a política, sabe com quem quer andar, e que não é novato. Acrescentou ainda que representa a renovação com experiência política. Diz que é possível fazer melhor do que é feito. Quer ser prefeito para cuidar da cidade e das pessoas.
Rosane (PSOL)
Iniciou afirmando que a questão do IDEB foi uma surpresa indesejável. Diz que muitos professores são ACTs, não podem ser qualificados na carreira e que não é obrigado a fazer capacitação. Diz que precisa de modernização, tecnologias, contratar professores e o contraturno da escola em tempo integral.
Afirmou que o plano de governo do partido é debatido desde 2020. Quer ativar o hospital universitário e implantar pelo menos uma UPA com atendimento 24 horas, deixando os hospitais só para os casos mais graves. Diz que tem recurso federal para isso. Salientou que faltam médicos especialistas, que eles vêm pra rede pública, pois preferem o setor privado.
Sobre a segurança pública, ela disse que as estatísticas apontam que Blumenau é uma das mais seguras de SC. No entanto, diz que a média deveria ser de um PM para cada 500 habitantes, e que Blumenau tem um PM para cada 1570 habitantes. Diz que é preciso articular com o governador para aumentar o efetivo, contratar mais policiais militares e civis. Além disso, defendeu que é preciso combater o tráfico de drogas pesadas em Blumenau e ter sistema de monitoramento nas ruas e câmeras individuais nos policiais para filmar as ocorrências.
Sobre a infraestrutura, diz que temos uma Defesa Civil eficiente, mas só quando a tragédia já aconteceu. Diz que as três barragens que dão proteção para Blumenau estão abandonadas. Diz que não vê ações efetivas do governador para esses problemas. Criticou as obras de margem esquerda e diz que teme o que pode ocorrer em uma próxima enchente.
Para a mobilidade, ela citou a continuação da Via Expressa e melhorar o fluxo das Itoupavas. Diz que é preciso ver as obras que estão em fase final, o que tem de recursos destinados para as obras e que pretende trabalhar com pé no chão. Criticou a pavimentação das ruas. Também citou o número de mortes de pessoas nas faixas de segurança.
Sobre o transporte público, a candidata defende a tarifa zero e diz que é possível. Diz que as pessoas andam de metrô e ônibus na Europa. Diz que com um transporte público de qualidade não é necessário usar o carro próprio, o que desafogaria o trânsito. Citou uma cidade no Ceará que fez esse modelo de tarifa zero e diz que lá deu certo.
Citou que vários empresários se reúnem e propõe projetos, mas que eles não saíram do papel e que muitas coisas ficam para trás. Diz que quer fazer um secretariado com 50% das vagas ocupadas por mulheres técnicas e com experiência em gestão, e que pretende buscá-las nos lugares certo.
Sobre a burocratização, criticou que leva cerca de seis meses para dizer sim ou não ou mandar adequar um projeto. Diz que uma cidade com melhorias será boa para o empresário, e quer priorizar as empresas, especialmente as que não poluem.
Sobre o Pedem, ela diz que muitas propostas pedem a parceria com a universidade e afirma concordar com isso. Também pontua o incentivo ao cooperativismo, e diz que pretende ampliar o ensino bilíngue, especialmente o inglês.
Por fim, afirma que quer ser prefeita por ser mulher, blumenauense e que conhece a cidade. Afirma ser ética e diz que nunca esteve em lugar público. Defende que tem propostas para mudar a cidade efetivamente, quer fazer as coisas certas para cidade e melhorar a vida das pessoas que precisam do poder público. Diz que mudar a cidade é um objetivo de vida. Diz que o partido tem uma visão diferente de fazer política, olhando para as minorias, cuidando de todos os tipos de famílias.
Avaliação das conversas com os candidatos
A presidente da Acib, Christiane Buerger, destaca a satisfação de promover as conversas com os candidatos. “Todos vieram atender o nosso pleito, eles conheceram as nossas demandas, e podemos ouvir o que os candidatos e as candidatas tem a oferecer a Blumenau e o motivo de querer ser prefeito da cidade. Avaliamos positivamente essa conversa com todos os candidatos, no sentido de poder proporcionar o melhor para Blumenau”, destaca.
A presidente ainda afirma que a Acib quer estar unida com a gestão pública através dos conselhos para poder auxiliar nos eixos como mobilidade urbana e outros.
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