Oito bilhões de pumas
No artigo anterior aventamos que oito bilhões de capivaras, um bicho com peso semelhante ao dos seres humanos e que não tomam do meio ambiente mais do que sua própria alimentação, necessitariam de área maior que a Europa ou um pouco menor que a América do Sul para sobreviver.
Acontece que as capivaras são mamíferos roedores essencialmente herbívoros, como bem lembrou o amigo botânico e ecologista Rogério Ribeiro de Oliveira, do Rio de Janeiro. Estão na base da cadeia alimentar, acima apenas dos vegetais, ocupando então menor espaço alimentar.
Qual seria a área necessária do planeta para outro bicho com o peso também semelhante ao dos humanos, porém, essencialmente carnívoro e de topo da cadeia alimentar, como o puma?
Desta vez a conta fica bem mais simplificada que a das capivaras. Sendo extremamente otimistas, consideremos que um único puma necessita, para sobreviver, de um território mínimo de 11 quilômetros quadrados, equivalente a um bairro urbano de bom tamanho na maioria de nossas cidades.
Com 11 quilômetros quadrados per capita para sobreviver, oito bilhões de pumas necessitariam de 88 bilhões de km², área disparadamente maior que os 150 milhões de km² todos os continentes e ilhas somados do planeta. Necessitaríamos, então, de 590 Planetas Terra para sustentar uma população de pumas igual à atual população humana.
Como então o planeta Terra consegue abrigar oito bilhões de seres humanos, não tão carnívoros como o puma e nem tão herbívoros como as prolíferas capivaras? Acontece que a humanidade, através da moderna agricultura, consegue tirar da Natureza, quase que a fórceps, sua alimentação.
Destinamos milhões de km² da superfície do planeta para a produção de alimentos e outros bens de origem agrícola exclusivamente para nós. Ai da lagartinha de borboleta que se atrever a concorrer conosco, roendo uma folha numa plantação de soja. Avião agrícola com pesticida nela! Não admitimos concorrentes. O que produzimos é para nosso próprio consumo ou para os bichos domésticos que criamos, de ninguém mais.
Os seres humanos, junto com o gado e outras espécies destinadas à nossa alimentação e uso, somam 95% de toda a biomassa de mamíferos do mundo. Todas as milhares de espécies silvestres ou selvagens estão reduzidas a 5% da biomassa planetária de mamíferos.
70% da biomassa de aves são domésticas, destinadas a nosso consumo. Estamos reduzindo o Planeta Terra a uma grande e monótona fazenda, algo que também deve ser revertido, se desejamos a nossos pósteros um planeta belo e com equilíbrio ecológico.
Claro que a questão é extremamente complexa, mas, fiquemos por ora por aqui, lembrando que o Planeta Terra já não nos aguenta faz algumas décadas. Nas condições atuais seriam necessários mais que 1,5 planetas para nos sustentar. A crise planetária já está instalada e nem abordamos aqui as mudanças climáticas, cujos efeitos do momento se concentram no território de nossos irmãos gaúchos.
Ainda existe saída para a atual crise planetária. Se quisermos sobreviver como espécie teremos que fazer três coisas: reduzir drasticamente o consumo, algo que nem capivaras nem pumas têm, comer muito menos carne e continuarmos a ter pouquíssimos filhos. Temos que ser mais capivaras na alimentação e mais pumas na reprodução.
Município de Barra Velha, litoral Norte de Santa Catarina há menos de 5 décadas, evidenciando o avassalador avanço imobiliário no litoral Catarinense. Foto Lauro E. Bacca, em 15/01/1975.
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