Ainda é válido discutir as diferenças entre direita e esquerda?
Para colunista, independentemente do modo de governar, é preciso respeitar a vontade popular
Governos de direita e de esquerda
Parece mais atual do que nunca a validade da discussão sobre as diferenças entre governos de direita e de esquerda. Parte-se do pressuposto comum de que, desde a redemocratização brasileira, iniciada com a era Collor de Mello, havia um governo de direita no país, só alternado para a esquerda com a ascensão de Lula. Neste momento, com Temer e logo mais Bolsonaro, o Brasil retomou o governo de direita.
Investigando sobre a Destra e Sinistra, ou Direita e Esquerda, conhecido jusfilósofo italiano, Norberto Bobbio (1909-2004), propôs-se a investigar, na década de 90 do século passado, se àquela altura ainda haveria importância e validade tal distinção política.
O autor analisa no que, essencialmente, a esquerda se distingue da direita, e conclui que igualdade ainda é o melhor critério. Enquanto a esquerda buscaria exaltar mais o que faz os homens iguais do que o que os faz desiguais, a favorecer as políticas que objetivam tornar mais iguais os desiguais, a direita, ao contrário, respeitaria mais as desigualdades que acredita advir da própria natureza humana, assegurando maior valor à liberdade individual.
Como em tudo, não há certo ou errado, mas mera visão dicotômica da vida em sociedade, concluir o autor, confessadamente de esquerda, que o fundamental é assegurar o respeito à diversidade, de ideologias inclusive, e à Constituição.
Na medida em que direitos sociais foram assegurados universalmente, mesmo em nações reconhecidamente liberais, é preciso admitir que tanto governos de esquerda quanto de direita têm o compromisso de assegurar, incontinentemente, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
Cada qual ao seu modo, mas sempre em respeito à vontade popular colhida através do voto.
César Wolff escreve sempre às quintas-feiras.
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