Amor à primeira vista, por revistas ou pela internet: blumenauenses contam histórias românticas no Dia dos Namorados

Especial do Dia dos Namorados resgata três histórias que começaram com um grande obstáculo

Não importa o dia da semana, o Dia dos Namorados sempre é motivo para estar perto de quem escolhemos para compartilhar a vida. Apesar de a pandemia criar barreiras entre alguns casais, muitos relacionamentos começaram com um grande obstáculo: a distância.

O Município Blumenau conversou com três blumenaueses que encontraram seus companheiros muito longe do Vale do Itajaí. Seja por carta, SMS, telefonemas ou com a ajuda da família, elas superaram os quilômetros para viver o amor que sonhavam.

Casamento no quarto encontro

Os moradores da Itoupavazinha Josiane e Valmor Rubik começaram o relacionamento de um jeito completamente inesperado. Tanto pela forma como se conheceram, quanto pela quantidade de vezes que eles se viram antes de se casar: apenas três.

A mãe de Josiane e o pai de Valmor, ambos naturais de Major Gercino, no interior catarinense, eram vizinhos e amigos de infância. A vida seguiu rumos diferentes, ela se casou e veio para Blumenau e ele acabou no Paraguai com a esposa pernambucana.

Depois de 45 anos sem contato, o pai de Josiane estava na praia de Perequê, em Porto Belo, conversando com um desconhecido que descobriu ser o amigo perdido de sua esposa. Eles então ligaram para a filha para avisar que a amizade reencontrada ainda vinha com um bônus: eles tinham um filho da mesma idade dela.

“Minha mãe queria que eu fosse para lá conhecer ele. Mas na época eu tinha um namorado aqui em Blumenau e falei que era loucura. Não fui. E ficou por isso mesmo”, lembra Josiane. Na época, ela tinha 21 e ele 22 anos.

Um mês depois, em fevereiro de 2003, a jovem estava em uma festa na Nova Galícia, região de onde a mãe veio, e acabou ficando com um rapaz. Ele estava de olho nela desde cedo, e desde a primeira noite dizia que queria casar com ela e deu uma aliança de compromisso para a até então desconhecida.

“Até que ele disse ‘espera um pouquinho que vou lá cumprimentar uma amiga minha’, e era minha mãe! Aí ela olhou pra ele e disse ‘minha filha está ali, deixa eu te apresentar ela’. E a gente fingindo que tava se conhecendo, dando dois beijinhos no rosto e tudo, mas já tinha até ficado”, conta Josiane.

A coincidência só uniu Josiane e Valmor ainda mais. Eles conversavam por SMS e telefonemas. Várias vezes ela pensou em terminar o relacionamento por conta da distância, mas sempre que ligava decidida, ele não estava em casa.

Josiane e Valmor no início do relacionamento. Foto: Arquivo pessoal

“Até que ele me convenceu a ir para o Paraguai passar a Páscoa com a família dele. Como meus pais conheciam a família dele, deixaram eu ir. E nós noivamos. Em julho ele veio para cá para planejarmos a festa e em dezembro ele veio para casarmos”.

A festa ocorreu em Blumenau no dia 17 de janeiro de 2004. Menos de um ano depois de se conhecerem. E com apenas três encontros antes do grande dia. E então ela embarcou para o Paraguai para morar com o esposo.

Os amigos de infância acabaram reunidos pelo casamento dos filhos. Foto: Arquivo pessoal

Após um ano atravessando a Ponte da Amizade todos os dias para dar aulas no Brasil, Josiane se cansou da rotina. Há 15 anos, eles se estabeleceram em Blumenau e tiveram dois filhos. Isabela hoje tem 10 anos e Caio seis.

“Todo mundo dizia que não ia dar certo. Mas quando é pra acontecer, nada atrapalha. Foi realmente amor à primeira vista. A gente se dá muito bem e adoramos contar para todo mundo nossa história doida”, diz Josiane.

Arquivo pessoal

“Larguei minha família por um correspondente de revista”

Nos anos 1970, havia apenas uma forma de comunicação viável com alguém que morava longe: as cartas. Irany Viviani, à época com 26 anos, estava lendo uma revista Sétimo Céu quando deu de cara com o interesse de Hermes, de 37, em se corresponder com uma moça.

Ele, natural de Ascurra, e ela morando em Fortaleza, no Ceará. Professora, ela não levava a comunicação a sério no início. Às vezes até demorava a responder. Mas todas as semanas eles trocavam cartas e até mesmo fotos.

“A conversa por carta era demorada. Então ele marcou um telefonema para combinarmos de nos vermos”, conta Irany. Depois de apenas três meses de correspondência, ela largou a família para vir conhecer o catarinense.

Na próxima carta, o que ela tanto esperava: uma passagem para Itajaí. Ela viria até a casa da irmã de Hermes. Caso eles não se dessem bem, a cunhada conseguiria um emprego para ela comprar a passagem de volta.

“A irmã me avisou que ele era nervoso e que achava que não ia dar certo. Que eu iria me decepcionar. Eu tive dúvidas antes de conhecer ele, mas foi amor à primeira vista. Ele estava deitado quando eu cheguei e tropeçou no tapete quando veio na minha direção. Ele já me cumprimentou caindo nos meus braços”, lembra aos risos.

Irany e Hermes no dia do casamento, 31 de maio de 1979. Foto: Arquivo pessoal

“Eu cheguei aqui dia 19 de março de 1979, Dia de São José. E casamos já em 31 de maio. Foi ligeiro. Nossa história daria uma novela. É muito linda. Estaríamos casados há mais de 40 anos”, diz.

Porém, o primeiro e único relacionamento de Irany durou menos do que ela esperava. Depois de terem duas filhas, Hermes sofreu um AVC. Passou dez anos acamado antes de falecer.

“Foi triste, pois ele passou pouco tempo com a gente. Aos 60 ficou paralisado do lado direito. Eu trabalhava fora, então um primo cuidava dele. Logo após completar 70 faleceu. Foi triste de ver”, lamenta.

Para deixar para trás as memórias tristes, Iracy se mudou para Indaial, onde dava aulas. Com a chegada da idade, acabou aceitando o convite das filhas de se mudar para Blumenau para ficar perto delas.

Há sete anos ela mora no bairro Victor Konder. Mas nunca se interessou por outro homem. Se mantém fiel ao seu Hermes. “Ele sempre será meu amado esposo”, completa.

Dona Irany, de amarelo, com as filhas, netos e uma de suas irmãs. Foto: Arquivo pessoal

O insistente do site de relacionamentos

Aos 31 anos, a caixa de restaurante Débora Tonin gostava de passar tempo em sites de relacionamento. Muitos dos amigos que ela tem até hoje vieram da época, há cinco anos. Mas um dos contatos foi tão insistente que acabou virando seu marido.

Na época com 30, Rodrigo precisou mandar pelo menos três mensagens para que ela respondesse. Como ele morava em São Paulo, ela não via sentido em começar uma amizade. Mas, depois de ver o perfil dele e achar ele bonito, ela resolver dar uma chance.

“Poucos meses depois ele disse que estava em Gaspar, visitando o irmão. Me chamou para conhecer ele, mas eu estava no casamento de uma prima e no outro dia tinha um passeio de trem. Em um feriado eu ia para São Paulo visitar meus parentes, mas logo antes de embarcar tive problemas e não pude ir. Nunca conseguíamos nos encontrar”, conta Débora.

Até que em 7 de setembro de 2012, Rodrigo cometeu uma loucura. Largou tudo e se mudou para a casa do irmão para conhecer Débora. “Quando ele ligou dois dias antes dizendo que vinha pra cá eu comentei ‘ah, que legal, vai passear’ e ele respondeu ‘não, to indo pra te conhecer’ e eu não consegui processar a informação”.

Mas às 6h ela estava na rodoviária esperando a chegada dele. O início foi difícil para Rodrigo. Ele sentia falta da calorosidade dos paulistas e não conseguia emprego. Pensou em voltar para São Paulo, mas ela pediu para ele ficar.

Em dezembro, ele se mudou para a casa de Débora, que morava com a mãe. Logo a sogra, a mais resistente do relacionamento. Por eles terem se conhecido pela internet e Rodrigo estar desempregado, ela não levava o relacionamento a sério.

Na festa de noivado, os sogros vieram de São Paulo para apoiar o casal. Foto: Arquivo pessoal

“Em 24 de dezembro noivamos e no início de janeiro descobri a gravidez. Minha mãe não gostou da notícia, mas aceitou que não tinha o que fazer. Em março fomos morar juntos e ele começou a trabalhar. Foi um início bastante conturbado, mas superamos”, lembra.

Lucas nasceu em agosto de 2013 e, apesar de trazer mais desafios para o casal, também os uniu ainda mais. Débora reconhece que os desentendimentos sempre vão existir. Mas ela acredita que lembrar de quanto eles batalharam para ficarem juntos no começo fortalece a relação.

“Nós resistimos a muita coisa, especialmente a família dizendo que não ia dar certo. Temos nossas diferenças e brigas como todo casal, mas nosso amor maior que qualquer diferença que possa existir”, comemora.

Débora e Rodrigo com o filho Lucas. Foto: Arquivo pessoal
Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo