Gisele Bündchen indiscutivelmente é uma das personalidades mais relevantes do Brasil. A modelo que já assumiu por muitos anos o posto da mais bem paga do mundo, quebrou recordes globais com contratos milionários ainda não superados, como com a Victoria’s Secret, que em 2001 pagou US$ 25 milhões para ter exclusividade da modelo nos Estados Unidos por quatro anos.
Atualmente morando na Flórida, com o marido Tom Brady, a modelo brasileira deixou as passarelas em 2015 para viver uma vida de maior conexão com os filhos e a natureza. Foi quando reforçou sua assinatura em projetos de proteção ambiental, bandeira que sempre defendeu.
Desde sempre, Gisele é lembrada pelos bastidores do SPFW com memórias muito características por quem já esteve na sua equipe. O behind the scenes do evento é uma movimentação e um agito muito além do glamour que só se vê nas passarelas. Mas poderia estar o alvoroço que for para que tudo desce certo e todas as modelos tivessem a melhor performance, Gisele talvez nunca entrou na passarela sem antes meditar.
A prática do yoga passou a fazer parte da sua rotinha já há muitos anos. Constantemente ela relata essa rotina no Instagram praticando sozinha ou com a filha Vivian Lake Brady. Nesta semana, um post da modelo ultrapassou 250 mil curtidas, enquanto vestia uma roupa de esporte assinada pela estilista Maria Luiza Oneda, de Blumenau.
“Há muitos anos, depois de passar por um dos momentos mais difíceis em minha vida, me reencontrei. Com a ajuda da yoga e da meditação mergulhei em um processo profundo de conhecer melhor a mim mesma. Hoje, sou mais forte e mais feliz, e sei que todos os desafios, por mais difíceis que sejam no momento em que acontecem, passam e sempre trazem com eles uma oportunidade de transformação”, escreveu a modelo.
Nascida em Blumenau, a estilista Maria Luiza Oneda mora hoje na Califórnia. E a influência do mercado têxtil veio realmente do berço: seus pais já tinham uma empresa dentro de casa. Mais tarde, a blumenauense radicada nos Estados Unidos apostou na sua própria marca, Rio, que é uma homenagem a uma das maiores identidades do Brasil no exterior.
André Groh: Como funciona seu processo criativo?
Maria Luiza Oneda: Posso dizer que meu processo criativo, é meu dia a dia. Antes de morar na Califórnia, trabalhei por muitos anos na indústria da moda, criando para magazines como C&A, Renner. Sempre foi muito difícil colocar no papel o que você queria desenvolver, e chegar num bom preço para o cliente. Por isso o processo criativo era muitas vezes barrado. Moro num dos maiores centro de tendências que é Hollywood, por isso digo que meu processo criativo é no dia a dia, aqui as pessoas, os lugares, as lojas, os restaurantes, as ruas ditam a moda, o criativo, o novo, o futuro. Faço muita pesquisa, leitura, visito muitas lojas para sentir novas texturas, conhecer novos materiais, composições diferentes, tecnologias e modelagens. É algo constante na minha rotina.
A.G.: Como ocorre seu planejamento?
M.O.: Toda parte do planejamento de branding, e-commerce, direção criativa e direção de arte da Rio nasceu ano passado, juntamente com uma equipe de designers em Balneário Camboriú, da Carpintaria Estúdio. Brinco que eles têm uma varinha mágica, do trabalho incrível que fazem, eles me dão todo apoio necessário, mas em relação a criação da minha coleção existem 4 pilares que uso como base de desenvolvimento:
– Conforto: onde procuro passar a confiança/segurança ao meu cliente quando elas usam a minha peça. Por isso, eu mesmo testo todas as minhas modelagens com a minha prática de yoga
– Sustentabilidade/Responsabilidade: por trabalhar muito anos na indústria, sempre questionei o processo num todo de um desenvolvimento até a entrega final do produto, como eu poderia juntar o meu amor pela Moda e um propósito maior, de cuidar do próximo e do nosso planeta. Por isso estou mergulhada constantemente em busca de novas tecnologias, materiais sustentáveis, processos mais inteligentes, desenvolvo peças mais atemporais, minha coleção está caminhando em direção para o slow-fashion. Conheço cada fornecedor, cada pessoa que participa no meu processo de produção e criação, mantendo a integridade e a responsabilidade do meu negócio
– Brasil: uma das coisas que sempre falei com muito orgulho são das minhas origens. Morando num país totalmente diferente, cultura diferente, pessoas diferentes, sempre senti e ainda sinto muita falta do Brasil e a minha família. Por isso, umas das minhas inspirações chave da coleção são as “colors and shapes of Brazil” foi uma maneira de trazer um pedacinho do meu país para o lado de mim
-Yoga/Simplicidade: uma das minhas capsulas é direcionada exclusivamente para a prática da Yoga. Sempre digo que foi o yoga que me encontrou, nessa vida corrida da cidade grande. A prática de yoga é como um chamado na vida das pessoas, e foi através dela, da meditação, que nasceu minha marca.
A.G.: Desde quando mora nos EUA e o que motivou a mudança?
M.O.: Trabalhei por muito tempo dentro da indústria, comecei com 15 anos a trabalhar, mas praticamente nasci e cresci dormindo em cima dos rolos de malha crua na empresa dos meus pais quando tinha 2 anos de idade. Fiz minha faculdade de Administração e Gestão de Empresarial, Faculdade de Moda e Pós-Graduação de Direção de Arte e Design. Quando finalizei tudo, minha família ainda trabalhava no ramo infantil, foi quando lancei minha própria coleção com restos, pedaços de malhas e cortes da empresa deles, chamada Violace, numa pegada mais sustentável já. A coleção deu super certo e surgiu uma oportunidade de fotografar a marca na Califórnia. Foi quando me programei para vir passar 4 meses, para aperfeiçoar o inglês e fotografar a coleção. Acabou que consegui um estágio de moda em Los Angeles, dei assessoria para uma celebridade de Hollywood, e finalizei mais uma pós-graduação de Marketing e Business. Assim, meu projeto final da pós-graduação foi o plano de negócio para o concretização da minha empresa nos Estados Unidos.
A.G.: Por que o nome “Rio”?
M.O.: Como falei antes, um dos pilares que vibram na minha coleção, é a conexão com meus país de origem. O Brasil é muito conhecido aqui fora, principalmente o Rio de Janeiro, foi por isso a escolha do nome. Para as pessoas conseguirem conectar a marca com as minhas raízes, que valorizo tanto.
A.G.: Como a Gisele teve acesso a marca?
M.O.: Quando lancei a marca, eu mesma enviei caixas para celebridades que moram nos EUA. Era questão de sorte, se elas iriam usar, abrir e postar algo. Mas cada caixa, eu fiz com muito carinho, e coloquei pedrinhas de cristais vibrando coisas boas, por isso algo eu sei que todas elas iriam receber, amor. No ano que me encontrei com o Yoga e a meditação, ganhei o livro da Gisele como presente, por isso eu digo que nada acontece por acaso. O livro dela me ensinou muito, de como sobreviver longe da família, cuidar dos nossos pensamentos, ter disciplina, amar o próximo e trabalhar por um propósito maior. Por isso quando enviei a caixa, escrevi uma carta à mão, agradecendo por ela dividir isso com tantas pessoas, admiro ela e a família dela, por terem coragem de expor os sentimentos para tantos, é muita força, é muito amor. Algumas semanas depois, ela me ligou agradecendo pela caixa e a carta, fiquei muito feliz. E agora, no dia Internacional do Yoga, ela fez uma postagem com minha peça, meu sentimento foi de total gratidão, e certeza que estou no caminho certo por um bem muito maior.
