Artista negro denuncia agressão com barras de ferro em ponto de ônibus de Blumenau

Cantor de trap fez a denúncia por meio de suas redes sociais; Polícia Civil investiga o caso

Rafael, de 23 anos, é nascido em São Paulo, mas veio morar em Blumenau com a mãe antes mesmo de completar um ano. O jovem, no entanto, é mais conhecido como MC NsW, seu nome artístico de cantor de trap. Além do trabalho como artista, ele também é vendedor de uma loja do shopping no centro da cidade.

Nesta terça-feira, 19, ele denunciou aos seus 10,5 mil seguidores em uma rede social a agressão que sofreu em um ponto de ônibus, na Rua João Pessoa, bairro Velha. Segundo o artista, ele estava ouvindo música em seu fone de ouvido e dançando. Neste momento, dois homens chegaram com barras de ferro, o ameaçaram e o agrediram com dois golpes.

“Tu tá ouvindo um som sozinho na rua, brincando. Aí, do nada, chegam dois caras segurando barras de ferro e mandaram ir embora do lugar. Eles disseram: ‘vai embora seu preto vagabundo’. Aí eu falei que estava no ponto de ônibus, indo pra minha casa, e que não ia embora”, relata.

Os dois homens teriam saído de uma loja automotiva, que fica próxima da agência da Viacredi, sendo que um deles estaria com o uniforme do local. Bastante abalado, Rafael conta que primeiro foi atingido na perna. Na sequência, ele relata que seria atingido na cabeça, mas se protegeu com o braço e acabou sendo golpeado no cotovelo.

Arquivo pessoal / Redes Sociais

Percebendo que as agressões não parariam, ele relata ter fugido do local, mas alega que foi perseguido por um dos suspeitos. Ele saiu correndo do ponto de ônibus em frente à agência da Viacredi e foi até a Caixa Econômica Federal na mesma rua, a cerca de 160 metros de distância. O agressor o seguiu de carro.

“Você não tem noção do desespero que foi. Quando eu cheguei na Caixa, ele apontou o bagulho pra mim. Ele estava dentro do carro, e de onde eu estava, jurei que era uma arma. Eu fiquei desesperado”, desabafa.

Apenas após entrar na agência da Caixa é que denunciar a situação é que populares começaram a se mobilizar para ajudar Rafael. Foi nesse momento que o suspeito foi embora. “Depois de tudo, peguei um ônibus e vim pra casa. Tava com muita dor no braço. Por isso que postei aquilo no Instagram. Pra todo mundo ver o que aconteceu”, finaliza.

Um boletim de ocorrência foi lavrado pela Polícia Militar, e a Polícia Civil vai investigar o caso. Confira abaixo um trecho do relato em áudio feito por Rafael ao portal O Município Blumenau.

“Não vou mentir pra ti. Ser xingado por eu ser negro é normal. É o Brasil. Acontece. Já aconteceu de eu estar em um ponto de ônibus e uma senhora começar a falar em alemão. Eu percebi o incômodo dela e falei que se ela quisesse, eu sairia. Aí ela me falou: ‘aqui não é lugar de macaco’. Normal, tranquilo. Mas agressão é a primeira vez. Ser agredido por ser do jeito que você é não é justo”, comenta. 


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