Associação dos Delegados de Santa Catarina emite nota de repúdio contra Luciano Hang
Empresário afirmou em vídeo que ladrões que são pegos furtando lojas são liberados pelo órgão
A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Santa Catarina (Adepol-SC) divulgou uma nota de repúdio ao empresário brusquense Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, nesta sexta-feira, 3.
No documento, assinado pelo presidente da Adepol-SC, Rodrigo Falck Bortolini, é manifestado “a mais profunda indignação” pelo pronunciamento de Hang, sobre a publicação na página em rede social nesta quinta-feira, 2.
Na manifestação em vídeo, Hang teria afirmado que os Delegados de Polícia não estariam efetuando prisões em flagrante sob alegação de impossibilidade diante da pandemia da Covid-19.
No vídeo, Hang mostra que lojas da grande Florianópolis estão sendo assaltadas durante a madrugada, e que os bandidos, quando são presos, são liberados antes mesmo dos gerentes das lojas prestarem seus depoimentos.
O empresário elogiou o trabalho da Polícia Militar, mas disse que o problema está nas delegacias, onde os delegados relatam que os criminosos não podem ser presos por conta da pandemia do coronavírus.
Ainda, Hang comentou que são levadas nas delegacias as imagens dos bandidos, a placa do veículo usado, o endereço das pessoas que praticaram o roubo, mas que, mesmo com todas as informações, “a polícia não faz nada” e completa dizendo que “a segurança pública de Santa Catarina é um caso de polícia”.
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Em nota, a Adepol-SC ressalta que os Delegados de Polícia trabalham incansavelmente na pandemia, período em que foram lavrados mais de 1 mil autos de prisões em flagrante entre os meses de março e junho de 2020, isso apenas na região da Grande Florianópolis.
“Destacamos ainda que eventuais falhas de quaisquer servidores devem ser apuradas (e punidas) mediante a instauração de representação junto às instâncias competentes de acordo com a lei e não expostas publicamente de forma irresponsável e generalista, insurgindo a população contra toda uma categoria que tem trabalhado diuturnamente no combate à criminalidade em nosso Estado”, diz.
Ainda, o documento demonstra apoio ao trabalho desenvolvido pelos Delegados e Delegadas catarinenses e salienta que todas as medidas judiciais pertinentes ao caso estão sendo tomadas.
Manifestação
Nesta manhã, o delegado Ronnie Esteves, responsável pela comarca de Ascurra, rebateu as acusações de Luciano Hang, dizendo que a prevenção de crimes compete a Polícia Militar e pede que o empresário cobre do governador Carlos Moisés o emprego dos militares no patrulhamento ostensivo, “pois na repressão a Polícia Civil vem fazendo muito bem a sua parte”.
O delegado Ronnie Esteves também escreve na sua postagem, que a Polícia Civil de SC está esquecida pelo atual governo e que a afirmação de Hang, de que delegados não trabalham, que nada podem fazer por causa da Covid-19, de forma tão generalizada, é leviana.
Ele informa que acha pouco provável ter acontecido o que Luciano Hang relatou no vídeo, mas de qualquer forma, se houve alguma irregularidade, os órgãos de controle irão apurar.
Confira nota na íntegra
NOTA DE REPÚDIO
A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Santa Catarina (ADEPOL-SC) vem a público manifestar a mais profunda indignação com o pronunciamento do empresário Luciano Hang, proprietário das lojas Havan, veiculado na última quarta-feira (01.07.2020) em sua página na rede social Facebook.
Em manifestação através de um vídeo, o empresário afirma que os Delegados de Polícia não estariam efetuando prisões em flagrante sob alegação de impossibilidade diante da pandemia ocasionada pelo COVID-19.
Cita ainda, uma suposta não autuação de conduzido(s), em que o Delegado responsável não teria comparecido à unidade policial para atender aos funcionários de uma de suas lojas.
Ressaltamos que os Delegados de Polícia continuam trabalhando incansavelmente na pandemia, período em que foram lavrados mais de 1000 autos de prisões em flagrante entre os meses de março e junho de 2020 apenas na região da Grande Florianópolis.
Destacamos ainda que eventuais falhas de quaisquer servidores devem ser apuradas (e punidas) mediante a instauração de representação junto às instâncias competentes de acordo com a lei e não expostas publicamente de forma irresponsável e generalista, insurgindo a população contra toda uma categoria que tem trabalhado diuturnamente no combate à criminalidade em nosso Estado.
Ratificamos nosso total apoio ao trabalho desenvolvido pelos Delegados e Delegadas catarinenses, ombreados pelas demais carreiras da Polícia Civil, que incansavelmente continuam desempenhando suas atividades com afinco e dedicação.
Finalmente, salientamos que todas as medidas judiciais pertinentes ao caso estão sendo tomadas.