“Atleta solidário, muito prazer”; quem é morador de Blumenau que quebra próprios recordes por ações sociais
Por Isabela Gorges Aos 70 anos de idade, Wilson Duarte é conhecido como o “maratonista solidário”. O título se deve à paixão pelo esporte e à dedicação em fazer o bem, tornando-se uma figura querida por todos que o conhecem. Nascido em Marialva, no Paraná, e atualmente morando em Blumenau, Wilson demonstrou uma paixão pelo […]
Por Isabela Gorges
Aos 70 anos de idade, Wilson Duarte é conhecido como o “maratonista solidário”. O título se deve à paixão pelo esporte e à dedicação em fazer o bem, tornando-se uma figura querida por todos que o conhecem.
Nascido em Marialva, no Paraná, e atualmente morando em Blumenau, Wilson demonstrou uma paixão pelo atletismo desde sua juventude, motivado por sua falta de habilidades em esportes coletivos. No entanto, sua história de vida vai além do mundo das corridas.
Quando tinha apenas 12 anos de idade, já demonstrava vontade de ajudar sua família. Ele começou a vender cocadas na porta de um quartel em Curitiba (PR) para contribuir com a renda de casa.
Dois anos depois, aos 14 anos, junto com um primo, comprava e vendia jornais e garrafas para conseguir recursos e adquirir as coisas que desejava. Aos 15 anos, começou a transportar mandioca em sua bicicleta para uma mercearia local, contribuindo ainda mais para a renda de sua família.
Wilson teve uma carreira diversificada, desempenhando diferentes funções. Atuou como balconista, entregador, instalador de gás, criador de codornas, guia turístico, prestador de serviços gerais e vendedor de materiais de limpeza.
Mas, após sua aposentadoria, ele descobriu uma paixão verdadeira: usar seu amor pelo esporte como uma ferramenta para causar impacto positivo na vida das pessoas. Tornou-se um maratonista dedicado, participando de diversas provas de maratona, ultramaratonas e corridas de longa distância, tudo isso para arrecadar fundos e apoiar causas sociais. Wilson, que iniciou sua jornada no mundo das corridas aos 63 anos, alcançou grandes feitos ao longo de sua carreira.
Um colecionador de recordes
Desde 1997, Wilson Duarte é um colecionador de recordes, acumulando mais de 44.950 quilômetros corridos. Participou de mais de 180 provas, incluindo 32 maratonas, 20 ultramaratonas (acima de 42 km), conquistando 14 troféus.
Sua primeira iniciativa solidária surgiu em 2015, quando teve a ideia de “vender” seus quilômetros de corrida para arrecadar dinheiro a ser doado para o Centro de Apoio a Pacientes com Câncer (CAPC) de Londrina. A ideia era vender os 84 quilômetros da ultramaratona “Desafio Praias e Trilhas” por um valor simbólico de R$ 2,00 por quilômetro.
No entanto, ele inovou ao criar um sistema progressivo em que os primeiros quilômetros eram mais baratos e os últimos mais caros. Sua ideia cativou as pessoas e, surpreendentemente, os quilômetros mais caros foram vendidos todos no primeiro dia. A iniciativa chamou a atenção da mídia na época, rendendo-lhe uma participação de até 2 minutos no Jornal Nacional, da Rede Globo, apesar de ele achar que fosse uma “pegadinha”.
As palavras de Wilson refletem sua gratidão: “Pessoas de lugares que eu não conheço, que nem sei quem são, mandando recado e depositando o dinheiro, o que é mais importante”. Sua abordagem e capacidade de unir pessoas em torno de uma causa social demonstram seu compromisso com a solidariedade.
Na trajetória desse atleta, Wilson mostrou não correr apenas para seu próprio benefício pessoal. Em suas participações em maratonas, usou suas corridas para angariar fundos em prol das pessoas que mais necessitam. Sua dedicação a essa causa tem contribuído significativamente para a capacidade do Hospital do Câncer de Londrina de fornecer tratamento e apoio às pessoas que lutam contra o câncer na região.
Em favor do bem-estar social
Além de arrecadar fundos para o hospital, Wilson Duarte é um defensor ativo da doação de sangue. Ele organizou campanhas para incentivar as pessoas a doarem sangue, contribuindo para manter os estoques de sangue do hospital em níveis adequados. Outra iniciativa de Wilson foi seu trabalho dedicado a promover a doação de leite materno, assegurando que bebês prematuros e com problemas de saúde tenham acesso a esse recurso vital.
Wilson tem muito orgulho de seus dois filhos, Amanda e Diego. Ele fala deles com felicidade, relembrando com carinho o tempo em que os acordava devagarinho só para que pudessem aproveitar mais 15 minutinhos de sono.
Amanda começou a correr inspirada pelo pai. “Foi ele que me incentivou”, relembra. Seus filhos que sempre foram ligados ao esporte, aprenderam a nadar desde pequenos influenciados pela mãe, uma exímia nadadora. E depois, aos poucos, vieram as corridas, o Triathlon e o Ironman (considerado o triathlon de um dia mais difícil do mundo).
“Fui um pai exigente,” admite Wilson. Eles tinham a responsabilidade de se dedicar aos estudos pra valer. A ideia de não ter sucesso na escola era impensável. “O resto eu me virava para dar. Mas a parte deles tinham que fazer”, comenta. Ambos estudaram em escola estadual e passaram na Universidade Estadual de Londrina, conta o pai orgulhoso, com a certeza de ter exercido seu papel da melhor forma.
Recentemente, Wilson compartilhou sua inspiradora história em um livro intitulado “Muito Prazer, Magrão: Quilômetros de Bondade”. Nele, narra sua jornada de vida até seus dias como maratonista solidário, compartilhando os lugares que percorreu em sua trajetória como atleta solitário e suas motivações para continuar correndo em prol dos outros.
Em um mundo muitas vezes marcado pela indiferença, Wilson Duarte se revela como exemplo de esperança e solidariedade. Sua história nos lembra que a empatia, a dedicação e o amor ao próximo podem gerar impacto na comunidade e na vida das pessoas.
Série de perfis
Este perfil integra uma série em parceria com o curso de Jornalismo da FURB. A iniciativa promove textos produzidos durante as aulas da disciplina de Gêneros Jornalísticos, ministrada pela professora Magali Moser, na quarta fase do curso.
O perfil é um dos formatos possíveis de textos jornalísticos que busca valorizar uma personagem. As reportagens-perfis assumem um papel focado na experiência do outro, tendo como centralidade uma pessoa. Na parceria estabelecida entre O Município Blumenau e o curso de Jornalismo FURB prevê que a cada semana, o perfil escrito por um (a) estudante da turma seja publicado no portal, sempre nas terças-feiras.