Audiência pública em Blumenau vai discutir uso de vitaminas e zinco como tratamento precoce para Covid-19
O tratamento precoce para Covid-19 será pauta dos vereadores de Blumenau nas próximas semanas. Isso porque os representantes do legislativo estão preparando uma audiência pública para discutir o uso de polivitamínicos.
A ideia é colocar médicos contrários e favoráveis ao tratamento frente a frente para falarem sobre o tema e darem suas opiniões e explicações. Os vereadores seriam uma espécie de mediadores do debate e levariam o “resultado” da reunião ao prefeito.
“Hoje quando falamos em tratamento precoce as pessoas já pensam direto em cloroquina e ivermectina, mas o que a gente quer colocar é o uso de multivitamínicos. Fala-se em zinco, vitamina C, vitamina D, que é a do sol. O objetivo é tirar as dúvidas sobre isso”, disse o vereador Almir Vieira, que foi o autor da proposta pela audiência pública.
Ainda segundo ele, da reunião podem surgir decretos ou projetos de lei para incluir o uso desses polivitamínicos como tratamento precoce para a doença.
Sem data para acontecer
A proposta para a criação da audiência pública foi votada na sessão da terça-feira, 23, e aprovada por 13 vereadores. Apenas o presidente da casa, Egídio Beckhauser (Podemos) – que só vota em caso de empate – e Pradelino Moreira da Silva (PT), que estava ausente, não votaram.
Mesmo sem votar, Beckhauser se mostrou favorável e disse que é importante que as discussões aconteçam para que todos os lados sejam ouvidos. Segundo o presidente da Câmara, objetivo é ser democrático, mas responsável, ouvindo os pontos de vista, mas de profissionais da saúde.
Mesmo já aprovada, a audiência pública ainda não tem data, local, participantes e forma que irá acontecer definidas.
“Depois do dia 5 nós vamos definir tudo isso. Se estiver uma situação mais tranquila, pode até ser presencial, se continuar do jeito que está, fazemos on-line (…) Já temos uns quatro ou cinco médicos que demonstraram interesse em participar, sejam favoráveis ou contrários ao tratamento. Vamos ainda definir como selecionaremos os participantes”, explicou Vieira.
Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda
O tratamento precoce para casos de resfriados ou Covid-19, com vitaminas e zinco não é novidade nas discussões entre profissionais da saúde. No ano passado, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) publicou um documento com análises e recomendações em relação ao coronavírus, onde se diz contrária.
“A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) não recomenda tratamento farmacológico precoce para COVID-19 com qualquer medicamento (cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro), porque os estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais. Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a COVD-19. Essa orientação da SBI está alinhada com as recomendações das seguintes sociedades médicas científicas e outros organismos sanitários nacionais e internacionais, como: Sociedade de Infectologia dos EUA (IDSA) e da Europa (ESCMID), Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH), Centros Norte-Americanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Agência Nacional de Vigilância do Ministério da Saúde do Brasil (ANVISA). Na fase inicial, medicamentos sintomáticos, como analgésicos e antitérmicos, como paracetamol e/ou dipirona, podem ser usados para pacientes que apresentam dor e/ou febre”.