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Beatriz Bona: do Vale do Itajaí para o Brasil e seus mais de 65 anos dedicados à arte

CAPA: Renomada artista plástica Beatriz Bona, cuja carreira iniciou em 1956.

Atelier e residência de Beatriz Bona em Blumenau.

Beatriz Bona nasceu no dia 21 de outubro de 1942, em Indaial, pertinho da Estação Ferroviária de Santa Catarina (EFSC). Há mais de 56 anos reside na cidade de Blumenau – no histórico bairro Badenfurt, em um lugar bucólico, cheio de flores e pássaros, onde também está seu atelier.

Estação de Indaial – onde iniciou sua arte. Durante o lançamento do livro A Ferrovia no Vale do Itajaí, o qual contou com um quadro seu com motivo ferroviário. Nesse episódio, relatou que, quando menina, pintou as paredes dessa estação. Seu pai a fez limpar sua primeira arte a partir de sua “arte”, de querer já se expressar através da arte.
Obra de Beatriz Bona para o evento – inspirada em sua primeira obra, nas paredes da estação ferroviária de Indaial. Ano de 2010.

Beatriz Bona produz arte há mais 65 anos, neste ano de 2024. Iniciou o ofício no Colégio Sagrada Família, em Blumenau, onde teve aulas de pintura com a Irmã Sapiencia. Nesta época tinha 13 anos. Suas duas primeiras obras foram criadas dentro do realismo, técnica de óleo sobre madeira.

Verso da pintura anterior – Ano de 1957.
Uma das primeiras pinturas, feitas em aula de pintura do Colégio Sagrada Família – 1957
Batizou no momento em que me mostrou – Eine kleine “Frida” von Badenfurt mit seinen Katzen..
Verso da pintura anterior – O nome da obra: Eine kleine “Frida” von Badenfurt mit seinen Katzen. Ano de 1957.
A artista plástica Beatriz Bona pintada por uma colega de curso de pintura. Estudava em Curitiba e contava com 18 anos de idade. Anos Dourados – década de 1960.
Guido Viaro.

A formação acadêmica nas artes de Beatriz Bona, além da grande vocação, recebeu a contribuição dos professores da Escola de Belas Artes de Curitiba, com os quais teve contato entre os anos de 1960 e 1962.

Um de seus professores foi o italiano Guido Viaro. Conhecemos Beatriz Bona em 2000 no atelier e em um dos saraus de Freya Gross e de imediato percebemos a pessoa vibrante, intensa e apaixonada pelas cores e pelo mar. Uma pessoa que vive intensamente e respira a arte. Quando não a encontrávamos no atelier produzindo arte, estava pescando em alto mar. É uma pessoa livre, como uma pescadora.

“Pescar é o que mais gosto de fazer depois de pintar” – disse-nos em um momento, em um dos muitos encontros que tivemos na década de 2010.

Em seu atelier – 2011, Badenfurt, Blumenau.

Longe do assédio de propostas e conceitos contemporâneos, criou uma linguagem própria, a partir do uso de diversas técnicas e materiais, dentro da linguagem contemporânea, segundo os críticos. Nós, pessoalmente, somos da opinião de que Beatriz cria técnica própria quando burila com as diversas cores e materiais.

As cores são feitas com base na tinta acrílica. Sua obra ainda será objeto de análise dentro de um recorte de tempo histórico, e importantes conclusões serão extraídas desta análise. Para isto, é preciso que o futuro se torne presente.

Cores vibrantes que conversam com intimidades, mesmo em nuances complementares. Há traços de Picasso e Di Cavalcanti – apresentados em outra dimensão.

Há obras suas em galerias de São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e também nos Estados Unidos da América e na Argentina.

Possui obras e coleções particulares também em países da Europa e da Ásia, tais como Alemanha, Espanha, Portugal, Inglaterra e China. Em toda a sua carreira, fez e participou de mais de 70 coletivas e 30 mostras.

Entre estas coletivas e mostras, Beatriz Bona lembrou da inauguração da Galeria de Arte do Canvas – Hilton Hotel, com uma mostra sua.

Galeria de Arte do Canvas – Morumbi – São Paulo.
Beatriz Bona no lançamento do livro “A Ferrovia no Vale do Itajaí – Estrada de Ferro Santa Catarina”, em 30 de abril de 2010, em Blumenau.

A artista plástica esteve presente no lançamento do livro “A Ferrovia no Vale do Itajaí – Estrada de Ferro Santa Catarina”, de nossa autoria, no Teatro Carlos Gomes, Blumenau, em 2010. Fez um quadro com o motivo ferroviário para esse dia. Reproduziu a estação de sua infância – em painel – Estação de Indaial.

Foi durante a noite de lançamento que contou sobre sua primeira obra de arte nas paredes da antiga estação.

Obra de Beatriz Bona para o evento – inspirada em sua primeira obra, nas paredes da estação ferroviária de Indaial. Ano de 2010.

Em 2011 – no seu atelier.

Beatriz Bona está passando por um momento que requer muito equilíbrio e resignação. Perde, sistematicamente, duas de suas essenciais “ferramentas” importantes para o seu prazer de fazer sua arte.

Suas mãos estão perdendo a flexibilidade e movimentos, e a visão de seus olhos está diminuindo gradativamente, mas de maneira célere.

“Não vou mais pintar”! Jamais deixaria de pintar. Mas aceita o momento. Sua obra é muito grande e seu atelier um pequena santuário de parte desta. Sua companhia. Suas mãos estão perdendo a flexibilidade e movimentos e seus olhos estão diminuindo a visão gradativamente de maneira célere. Suas obras – figurativas- reproduzem cenários pictóricos intimistas e paisagísticos, modulando perfis de mulheres, flores e objetos. São obras com características femininas, fortes, com o uso ousado das cores bem delineadas e, quase sempre a partir de texturas feitas com espátulas e acrílico. Alguns, ao observarem os quadros de Bona, afirmam que a artista mantém sua iluminação, redesenhando com autenticidade seus poemas visuais.

Em nossa opinião, preferencialmente, elas são bem colocadas em ambientes centrais de uma residência, átrio, salão, pois marcam e dão vida. Também ficam bem no Hall de entrada, quer seja de uma residência ou, em qualquer outro tipo de edificação, pois suas cores quentes e vibrantes, irradiam calor e acolhimento, bem como uma boa vibração, “convidando” a pessoa que chega a adentrar.

Imagens fotografadas parte externa do seu atelier – melhor lugar para observar sua combinação de cores em forma de arte.

Na varanda de seu ateliê, melhor lugar para observar a efusão de cores, em forma variadas.
Na varanda de seu ateliê, melhor lugar para observar a efusão de cores, em forma variadas.
Lindolf Bell.

O amigo…

Falar de Beatriz Bona é falar de uma viagem.
De penumbra para uma iluminação artística assumida.
Da aparência para uma identidade inevitável.
Da desconfiança maniqueísta, para uma decisiva visão plural da vida, dos acontecimentos, da arte como expressão e inquietação.
Lindolf Bell
Jornal de Santa Catarina, 1998.

Beatriz Bona é mãe de um dos músicos do Vlad V.

“Estribada sobre a experiência das feiras provincianas e urbanas, e trinta anos de busca criativa, procura-se em suas obras uma geometrização da figura humana.
Esta geometria que sustenta a natureza (Cizanni) faz parte de visão da arte moderna e pós-moderna, com uma paleta própria, onde as cores não eliminam a figura, mas a sustentam plasticamente, sem cair no fotográfico nem no óbvio.”

Lindolf Bell – poeta e crítico de arte

“Longe do assédio avassalador de propostas e conceitos contemporâneos, a artista blumenauense Beatriz Bona conserva desafiadoramente seus pincéis e espátulas. Criando cenários pictóricos intimistas e paisagísticos, modulando personalíssimas mulheres, flores e objetos, a artista, despojadamente, mantém sua feérica iluminação, redesenhando com autenticidade seus poemas visuais. Poucos artistas atingem técnica e estética tão notáveis.”

Vilson do Nascimento – escritor, crítico de arte

Registros do atelier – 11 de julho de 2015

No dia 11 de julho de 2015 visitamos a artista Beatriz Bona em seu atelier. Alma nobre e sensível, convive com a perda gradativa dos movimentos das mãos e da visão. Segundo Bona, não enxerga mais com um olho e o processo é continuo e gradativo. Convive com a realidade de estar perdendo as duas “ferramentas” – mãos e visão -indispensáveis para criar a partir das cores que, em outros tempos, tomavam seus dias e noites. Tem ocupado seu tempo diversificando suas atividades artísticas com a criação de artesanatos com materiais alternativos, nos quais usa mais o tato. Embora já com as mãos doloridas devido ao avançar da doença – artrose -, persiste e se realiza criando, de acordo com suas palavras. Vive os momentos dos dias no meio de suas inúmeras obras e artesanato, feitos a partir de sua sensibilidade e criatividade.

Lindo e colorido atelier de Beatriz Bona.

Uma de suas obras que aprecia – Gosta de pescar em alto mar – Pescadores.

Por quê?

Imagens feitas no dia 26 de Novembro de 2015

Exposição – MAB – Blumenau em 7 de julho de 2022.

Beatriz Bona Senhora do próprio voo

“Entre folhagens e catieias de cores amarelo-alaranjadas, árvores frondosas desenham as laterais e o centro do gramado. Trepadeiras em formas orgânicas trançam e se enroscam num gesto amoroso se abrindo para a luz que invade a bucólica paisagem do jardim.
O ateliê se harmoniza em meio as muitas surpresas naturais diluindo as fronteiras internas e o seu exterior, compondo na palheta de cores complementares e análogas a alma da artista, onde sentimentos são expressos de forma coordenada e coerente com o que a ladeava
Em sua memória passada a criança encantada dá lugar à jovem que evolui nos caminhos entre Indaial e Blumenau. Amadurece na distante Curitiba e estabelece o domínio do desenho e da pintura, sem deixar de experimentar a força que brota da terra na forma de magníficas cerâmicas.
Sua esperança menina de ser artista se destaca pela individualidade e pessoalidade de seu processo artístico, cuja pessoalidade não era tão somente a sua maneira de se expressar, mas também, uma forma de enxergar o mundo.
Incansável e criativa se aventura na artesanais e renasce grande na pintura com explosões de cores e formas, texturas e justaposições do imaginário vivido, sobreposto na alma dos pescadores em cenários litorâneos em meio a redes, sóis e luares. Jovens senhoras se juntam no oficio da pesca ou se perdem no cenário doméstico enaltecido em composições de flores e frutos, nas elaboradas naturezas mortas.
Momentos de ternura entre figuras que trazem a grandeza da alma da artista que não tem medo de alçar voo, como já dizia o poeta Lindolf Bell, sendo senhora absoluta de suas ações. No voo do pássaro, na brisa dos finais de tarde, nas cenas quentes de verão, ou nos repousos frescos dos azuis que imitam os céus de brigadeiro, encontramos a calma e o conforto para fruir com prazer. Beatriz sabe por experienciação pessoal de artista que o mundo vivido é o mundo que somos.
A Arte é levada à condição do olhar generoso que redistribui as emoções tão próprias da artista. O encantamento surge da construção emaranhada das formas e texturas que se harmonizam e reafirmam o talento e a eficácia de sua produção. Pura poesia em forma de cor, de luz e por que não dizer de amor?
Beatriz é um nome que na leitura do seu significado afirma ser “aquela que traz felicidade”.
E é o que encontramos prazerosamente espalhado em seu atelier, seu jardim, seu olhar e sorriso. Somos todos cúmplices da sua felicidade refletida pelas suas pinturas.”

Arian Grasmück e Rozenei Cabral – Curadores

Família.

Indaial – 4 de agosto de 2017

Família.

Um registro para a História.

Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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