Blumenau 174 anos: um pouco da história e o desfile de aniversário de 2024
Capa: Gravura do Stadtplatz Blumenau, da segunda metade do século XIX, composta pela imagem da igreja feita em agosto de 2024, do local em que está o ponto focal do desenho sobre um mapa desenhado a mão por Heinrich Krohberger (abaixo), em 1907. Stadtplatz de Blumenau: aos fundos, o Barracão dos Imigrantes. Desenho original de Joseph Brüggemann, de 1868 – Vista a partir do morro da Igreja Luterana Espírito Santo, do Centro. Acervo: Biblioteca Nacional Digital do Brasil.
Sempre que se aproxima setembro, período das flores, principalmente “olho-de-boneca”, relembramos a história de inúmeras famílias que optaram em deixar sua casa e, muitas vezes, suas famílias na Alemanha, para participar da construção de inúmeras cidades no Vale do Itajaí.
Estas cidades deveriam estar representadas no desfile do aniversário de Blumenau, pois nas primeiras décadas de história da Colônia Blumenau participaram da história comum. Também, além de construir inúmeras cidades, buscaram construir uma vida nas cidades que edificaram.
Desde 2005, nos festejos de 2 de setembro vamos até a rua XV de Novembro prestar nossa homenagem a Blumenau, cuja história inicial aconteceu no território do Médio e Alto Vale do Itajaí com limites longínquos, como, por exemplo, Palhoça e Lages.
Um pouco da História de Blumenau – 174 Anos
Blumenau – sua fundação aconteceu no dia 2 de setembro de 1850, marco da chegada dos 17 imigrantes na foz do Ribeirão da Velha.
História pretérita à chegada dos pioneiros…
A História de Blumenau teve início na Alemanha, oriunda das decisões e ambições de um jovem, que após contato com naturalistas e principalmente com a família Müller começou a observar mais as questões e elementos naturais. Isto lhe despertou a curiosidade em conhecer as terras na América. Nesse tempo – primeira metade do século XIX, muitos alemães migravam para a América do Norte e, em menor quantidade, para o Brasil. Este jovem era Hermann Bruno Otto Blumenau.
Hermann Blumenau, como o chamaremos daqui em diante, nasceu em Hasselfelde – Ducado de Brunswick, no dia 26 de dezembro de 1819.
Nessa época – início do século XIX, boa parte do território, em que hoje está localizada a Alemanha, pertencia aos franceses – conquistado pelo exército de Napoleão Bonaparte. Nesse período, o Sacro Império Germânico havia sido abolido. Em seu lugar foi criada a Confederação do Reno, que logo após foi dissolvida pelo Congresso de Viena e constituída em novas bases com o novo nome – Confederação Germânica – em 1815.
Na Prússia – os Junkers (nobres) eram contrários a essa tentativa de unificação da Alemanha com base na Confederação – formada por 39 estados soberanos, sem força política e de inspiração austríaca. Este país, cujo povo enviou muitos imigrantes para havitar o Vale do Itajaí (pautada nas lei de Quasnay), assumia princípios absolutistas, com uma visão liberal baseada no desenvolvimento econômico acentuado.
Entretanto, o sul do território da atual Alemanha adotava em suas constituições o ideário conservador francês – resquícios do exército vencedor no território em questão
Nesse cenário socioeconômico e político no território em que se situa a atual Alemanha, na primeira metade do Século XIX, nasceu o fundador da colônia agrícola Blumenau – Hermann Blumenau – filho de Karl Friedrich Blumenau (Chefe dos Guardas Florestais e Minas do Ducado) e de Cristiane Sofie Kegel.
Hermann Blumenau ingressou na escola de Hasselfelde com a idade de 6 anos, e lá permaneceu até a idade de 10 anos – completados em 1829, quando ingressou em um Pensionato de Shoppeenstadt, na cidade de Grosswinnisgstadt. O diretor do pensionato era o Pastor Götting.
Aos 12 anos de idade, Hermann Blumenau adoeceu e por conta disso, ficou com a audição comprometida e com sequelas para sempre – tinha dificuldade de audição. Em abril de 1832, ainda no Pensionato de Shoppenstadt, fez a Confirmação na Igreja Luterana. Algumas semanas depois, mudou-se para a capital do ducado para estudar na Escola Cathatinenseum.
Em janeiro do ano seguinte – em 1842, Hermann Blumenau, com 23 anos, foi convidado para trabalhar em Erfurt, na fábrica de produtos químicos da família Tromsdorff, por Christian Wilhelm Hermann Tromsdorff, filho de Johann Bartholomaeus Trommsdorff e de Martha Elisabetha Johanna Hover – avós maternos do naturalista Fritz Müller, que nessa época estudava em Berlim.
Em 1842, na cidade natal de Fritz Müller, Hermann Blumenau conheceu Alexander Von Humbolt, e também, o naturalista. Tinham em comum, o gosto pela profissão e tornaram-se amigos, além do fato de que Blumenau trabalhava na empresa da família da mãe de Fritz Müller. Isso não foi muito divulgado pela história formal da cidade de Blumenau.
Nesse tempo, Hermann Blumenau começou a observar as questões naturais, o que lhe despertou a curiosidade de conhecer a América, influenciado pelas novas amizades, em Erfurt – Humboldt e Fritz Müller. Foi um período que muitos alemães emigravam para a América do Norte e, em menor quantidade, para o Brasil.
No final do ano de 1843, Hermann Blumenau viajou para a capital da Inglaterra, à trabalho. Em Londres, conheceu o Cônsul Geral do Brasil na Prússia – Johann Jacob Sturz.
A conversa foi longa com o diplomata brasileiro na Prússia.
Neste encontro, Hermann Blumenau ouviu atentamente, muitas histórias sobre o Brasil, desde narrativas sobre a natureza, bem como muito da propaganda de que o governo brasileiro vinha fazendo na Europa, para atrair imigrantes para desenvolver e povoar, o quanto antes, o inabitado Sul do Brasil – há muito tempo, região cobiçada pela Espanha. Temia que esta região fosse tomada à força pelos vizinhos de língua espanhola, considerando que já haviam ocorrido inúmeras tentativas.
Era sabido que o governo brasileiro não podia pedir auxílio a Portugal, país do qual acabara de se libertar, em 1822. Necessitava fortalecer os limites do Sul e povoá-lo.
Enquanto isto, na Europa aconteciam algumas transformações sociais, econômicas e políticas.
Fritz Müller comentou seu plano para Hermann Blumenau – que pretendia formar-se médico e exercer a profissão em um navio – juntando o útil ao agradável – por meio de seu trabalho a bordo e conhecer outros países, principalmente o Brasil – oportunidade de pesquisas inéditas.
Após conversar com o diplomata brasileiro em Londres – Hermann Blumenau demitiu-se da fábrica de produtos químicos do tio de Fritz Müller e fez sua matrícula, na Universidade de Erlangen, na cidade de Nüremberg. Lembrava-se – Lembrando da ideia de Müller – de que após formado, poderia trabalhar em um navio.
Blumenau pesquisou muito sobre a imigração e a colonização no Brasil. Procurou conversar com brasileiros, pesquisou a história do Brasil e a movimentação migratória que aconteceu de suja região (Alemanha ainda não existia como país) para o Brasil.
Em 1846, formou-se químico, mesmo não tendo terminado o antigo ginásio. Químico não é um profissional que deva se intitular de “Doutor”, embora haja políticos na atualidade que se apropriam do título erroneamente. Doutor é um título conquistado mediante a conclusão e aprovação de um curso de Doutorado. Desta forma, não é correto e de direito o título que muitos atribuem ao fundador de Blumenau.
Na década de 40 do século XIX, chegavam notícias do Brasil, à Alemanha. Continham propaganda e promessas do Estado brasileiro, na Europa aliciando pessoas para que se mudassem para o Brasil, a fim de trabalhar e povoar o Sul do país. entretanto, as notícias que lá chegaram do Brasil afirmavam que parte das promessas não era cumprida e muitos ficavam em situações difíceis, após a grande viagem.
Também havia ecos na região da atual Alemanha sobre os maus tratos sofridos pelos imigrantes alemães sofriam nas fazendas de café, localizadas no Sudeste brasileiro. Contratos não eram respeitados e as notícias eram “maquiadas” por “intermediários”, antes de chegar aos familiares, mas, alguma coisa acabava chegando.
Atento aos “ecos” que chegavam do Brasil, relacionados à situação dos alemães emigrados, o governo alemão criou a “Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães” – Colonisation Vereins Hamburg – 1845/1846 – com sede em Hamburgo.
Na Europa chegavam notícias não muito positivas sobre o estado em que estes imigrantes eram tratados. Parte das promessas de propagandas não era cumprida e, muitos ficavam em situações muito difíceis após a grande viagem.
Hermann Bruno Otto Blumenau era um dos representantes da “Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães” com sede em Hamburg e foi enviado para o Brasil para averiguar a situação dos imigrantes alemães.
Em maio de 1846, Blumenau viajou para o Brasil com a viagem custeada por essa sociedade. O contato pode ter ocorrido por meio de Johann Eduard Wappäus. Hermann Blumenau foi o autor da publicação intitulada “Emigração e Colonização Alemã”, que Johann Eduard Wappäus anotou e publicou em 1846 como professor de geografia sem citar o nome do verdadeiro autor. Blumenau usou relatórios e avaliações de Johann Jakob Sturz (1800-1877), que havia feito campanha pela abolição da escravidão sob sua própria perspectiva. A partir de 1843, Sturz tornou-se cônsul do Brasil na Prússia.
Hermann Blumenau estava há pouco tempo a serviço da sociedade. Em 1848 ele retornou à Alemanha para recrutar imigrantes. Em 1850, fundou sua própria colônia – a Colônia Blumenau, uma empresa privada com a característica de uma colônia agrícola.
Nós observamos que, oportunisticamente, com intenções de conhecer o Brasil pessoalmente e sem gasto, Hermann Blumenau candidatou-se a uma vaga de Agente Fiscal da “Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães”. Como representante oficial e munido de cartas de apresentação, visitou colônias de imigração alemã nas Províncias do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande, além da capital do Brasil – Rio de Janeiro.
Em abril de 1846 – com 27 anos, embarca a trabalho para o Brasil, como representante do governo alemão para o Brasil. Despediu-se de seus pais e embarcou no veleiro Johannes, no porto de Hamburg.
“Entre 1846 e 1850, Hermann Blumenau permaneceu no Brasil, onde buscou estabelecer relações com autoridades brasileiras que o ajudassem a realizar seus planos, mantendo-se em contato com políticos e empresários na Europa. Seu interesse maior era se envolver com um empreendimento de imigração e colonização alemã no país. Neste capítulo tratarei dos planos e estratégias de Hermann Blumenau em relação à imigração e à colonização, retomando sua atuação tanto nos negócios do transporte de imigrantes quanto no projeto para criar um núcleo colonial no sul do Império brasileiro.” Dissertação de Mestrado de Vanessa Nococeli
Ao contrário de verificar a situação de seus compatriotas no Brasil, e emitir um relatórios apresentando dados ao governo prussiano, Hermann Blumenau fez contatos e pesquisas, visando montar o seu negócio de terras no Brasil.
Nesta mesma época – a família de imigrantes alemães Wagner – pioneiros da colônia de São Pedro de Alcântara – decidiu mudar-se para o Vale do Itajaí. Na ocasião, solicitou ao governo da Província de Santa Catarina, a “companhia de pedestres”, uma espécie de “segurança oficial” contra ameaça dos nativos – índios que viviam na região.
Quando chegaram à região do Vale do Itajaí tomaram cuidado para oficializar a posse de terras a partir da concessão oficial. Em São Pedro de Alcântara, muitos ficaram desamparados, mediante o surgimento do verdadeiro proprietário, após terem assumido instalações e feito plantações em propriedades destinadas ao imigrante. As terras não era devolutas. Os Wagners tomavam cuidados e queriam segurança, quanto à nova propriedade.
No período em que Hermann Blumenau escolhia o lugar para negociar terras e a famílias Wagner e outras famílias de imigrantes de São Pedro de Alcântara chegavam à região, a política de posse de terras no Brasil estava mudando (1850).
Após a independência do Brasil de Portugal, em 1822 – a Lei de Terras (n°601 de 18 de setembro de 1850, foi a primeira lei a especificar o direito do proprietário – até então regido pela Lei de Sesmarias, que apresentava algumas irregularidades fundiárias formais e inexistia a prática de “compra e venda” de terras. A lei foi implantada coincidentemente no mesmo período da chegada dos primeiros imigrantes da Colônia Blumenau chegaram em Nossa Senhora do Desterro. A Lei de Terras estabelecia a compra como a única forma de acesso à terra e abolia, em definitivo, o regime de sesmarias. Foi regulamentada no dia 30 de janeiro de 1854, pelo Decreto Imperial nº 1318.
A partir de 1850, portanto, só poderia haver ocupação de terras por meio de compra e venda ou de autorização da coroa. Todos os que já estavam na terra, receberam o título de proprietários, porém, tinham que residir e produzir na terra. Muitos que ainda reivindicavam o título recorreram a órgãos públicos, como igrejas.
Nesse tempo, igualmente, a Igreja Católica desempenhava o papel de Estado nas localidades e isto explica, por exemplo, a fundação da cidade da Itajaí. O imigrante português Agostinho Alves Ramos mudou-se para a foz do grande rio Itajaí e requereu ao Bispo do Rio de Janeiro a permissão para a fundação de um Curato que aconteceu no dia 31 de março de 1824. Curato é um termo religioso, derivado de cura, ou padre, que era usado para designar aldeias e povoados com as condições necessárias para se tornar uma paróquia. Esta controlava a distribuição de terra àqueles que chegaram ao local antes de Hermann Blumenau – como por exemplo a família Wagner – que já residia no território da futura Colônia Blumenau.
As terras dos Wagners pertenciam à jurisdição do administrador – estavam ligadas ao recém-criado núcleo de Belchior, cuja fundação fazia parte do projeto do governo provincial que visava distribuir terras na região aos novos imigrantes. Distribuir e não vender, como aconteceu na Colônia Blumenau, fundada após esta data. A demarcação das propriedades cobria toda a área da foz do rio Itajaí-Mirim até o Ribeirão Conceição (Vila de Gaspar), começando no Estaleiro das Naus, passando por Pocinho, Volta de Gaspar, Pedra de Amolar, Volta de Belchior, Arraial do Belchior, até Fortaleza.
Lembramos também, que moravam nas matas desta região, algumas tribos de povos nativos, que foram desconsiderados dentro da nova posse de terras vigente.
Os Wagners receberam instruções esclarecendo que, ao subirem o rio Itajaí-Açu para encontrar suas terras, quando ultrapassem a casa do último morador teriam chegado às suas próprias terras. Nesse tempo, não imaginavam que, imediatamente acima de suas terras, seria fundada a Colônia Blumenau em 1850, onde estaria localizado o Stadtplatz, ou a centralidade desta.
As novas colônias não possuíam diretores, e sua administração estava alocada ao Juizado de Direito, localizado no Santíssimo Sacramento de Itajaí. Como residentes destas colônias eram aceitos todos os moradores locais e os estrangeiros, sem impedimentos. Os chegantes recebiam terras de 350 a 730 metros de frente por 915 metros de profundidade. Nos primeiros tempos, a terra era cedida gratuitamente, isenta de impostos por 10 anos. Era proibido aos estrangeiros possuírem escravos, pois o imperador brasileiro pretendia fazer a experiência agrícola com propriedades pequenas, passíveis de ser trabalhadas pela mão de obra da própria família. Mas não foi bem assim. Talvez daí tenha surgido a lenda do “embranquecimento” – absurdo diante da própria libertação dos escravos promovida pela Princesa Isabel. Com o passar do tempo, e como uma das principais consequências de seu ato, ela perdeu a coroa.
Quando Johann Peter Wagner / Pedro Wagner e demais imigrantes, entre estes seus familiares, desembarcaram às margens do rio Itajaí-Açu, encontraram brasileiros que já residiam no local há mais tempo e produziam açúcar. Eram eles, integrantes das famílias Furtado e Mafra. Limparam o chão e prepararam ripas de palmito para a construção do primeiro rancho.
Na década de 1840, o representante da “Sociedade para a Proteção dos Imigrantes Alemães” – Hermann Blumenau, na companhia do balseiro – Ângelo Dias, de outro balseiro e de seu Sócio Ferdinand Ernst Friedrich Hackradt visitaram a família Wagner.
Como isto aconteceu?
Com isto, os planos mudaram e Hermann Blumenau oportunamente fez sociedade com o comerciante de Nossa Senhora do Desterro, imigrante alemão, Ferdinand Ernst Friedrich Hackradt. Precisava de alguém no local que defendesse seus interesses, quando estivesse na Alemanha, concluindo as providencias necessárias para retornar com os primeiros imigrantes para sua colônia e de maneira definitiva. A empresa foi chamada de Blumenau & Hackradt – sociedade particular de agricultura e indústria – na forma de uma colônia agrícola.
O Marechal Antero, em um primeiro momento, concedeu terras nas imediações do Ribeirão Garcia – cerca de uma gleba de terra, aumentada no decorrer do tempo, atingindo a área de 150000 jeiras ou 378.000.000m2.
Ficou acertado entre os sócios que, enquanto Blumenau estivesse na Europa para buscar os imigrantes, Hackradt permaneceria nas terras escolhidas, preparando o local, construindo ranchos, efetuando plantações e preparando o local para as primeiras acomodações dos colonos.
Os sócios visitaram os Wagners. Durante a visita – os anfitriões responderam a muitas perguntas, como por exemplo:
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As terras são propícias ao plantio? -
Os alemães se adaptam bem?
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Há contato com o restante do mundo?
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As crianças se desenvolvem?
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Como se mora?
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Como se vive?
“Sabe-se, pelas cartas do Dr. Blumenau que, ao chegarem, ele e Ângelo Dias, à confluência do Rio Benedito (Indaial), o último negou-se a continuar a viagem, rio acima, por ter-se esgotado a provisão de cachaça, “combustível” sem o qual o “motor” de Ângelo Dias não funcionava. Não se sabe como foi que Dr. Blumenau conseguiu resolver o impasse; se pela persuasão, ou por ter conseguido arranjar a “água que passarinho não bebe”. Isso não seria impossível, dado que, ao que tudo indica, já naquela época, as proximidades da embocadura do Rio Benedito, contavam com alguns habitantes caboclos que, mais provavelmente, possuíam engenho de açúcar e alambique. O fato é que os exploradores chegaram até Subida, onde o rio, pelas suas muitas corredeira, e saltos não mais oferece possibilidade de navegação.”
E assim prosseguiu, após a exploração do local, retornaram, ou Hackradt retornou, acompanhado de 5 escravos, adquiridos junto ao administrador de Itajaí (contrariando a lei vigente de que imigrantes não poderiam possuir escravos). Iniciaram a construção de ranchos, roças e engenhos no local onde atualmente está a foz do ribeirão da Velha, próximo à atual Prefeitura Municipal de Blumenau atual.
Hermann Blumenau retornou à Alemanha, e lá, ao contrário de narrar as questões não muito satisfatórias envolvendo seu conterrâneos – nas fazendas de café, onde os imigrantes ocuparam o lugar dos escravos nas senzalas (link no final desta postagem), propaga as “vantagens” de vir para o Brasil.
Na foz do Ribeirão Garcia e na região em que residia a família Wagner e outras famílias, estes se encontravam entusiasmados, diante da perspectiva da fundação de uma colônia alemã, a infraestrutura e o desenvolvimento que esta poderia significar para todos. Enviaram, também, homens de Belchior para contribuir com os trabalhos no local, pois tinham interesse no êxito do projeto, assunto constante em toda a região.
Não durou muito tempo, o auxilio e as trocas entre o sócio de Blumenau e os residentes da região. Houve diferenças e incompatibilidade com o método adotado pelo sócio de Hermann Blumenau. Com o passar do tempo a empreitada quase foi abandonada. Do projeto original restaram apenas um rancho e um engenho de serra semiacabado, nada em plantações e a sociedade desfeita.
Por que isso?
Hermann Blumenau levou 2 anos para retornar à região, da Alemanha.
Hackradt retornou para seus outros negócios em Nossa Senhora do Desterro. Comunicou ao sócio, por carta, que estavam saindo da sociedade. Nesta correspondência disse que o engenho construído na foz do Ribeirão da Velha estava ameaçado de ser carregado pela enchente e as tábuas serradas alcançavam preço muito baixo. Esta questão atestava que já existia um pequeno comércio na região, antes da chegada dos pioneiros que fundaram a Colônia Blumenau.
Após um trabalho intenso de propaganda na Alemanha, Hermann Blumenau conseguiu reunir um pequeno grupo de pessoas para imigrar para o Vale do Itajaí. O embarque do grupo aconteceu em junho de 1850. Depois de 84 dias de viagem, chegaram ao Rio de Janeiro. Para registro – Mais tarde, o sobrinho de Hackradt – Carl Franz Albert Hoepcke, que tinha vindo com uma leva de imigrantes para a Colônia Blumenau foi aconselhado pelo tio a não permanecer na colônia e este foi trabalhar com ele, em Nossa Senhora do Desterro.
O grupo viajou da Alemanha para o Brasil com o veleiro Christian Mathias Schröder. No Brasil, Hermann Blumenau veio na frente do grupo e encontrou o local da foz do ribeirão da Velha abandonado. Neste, estavam velhas cabanas com um velho escravo paralítico e uma escrava, sua companheira. Também, havia um engenho de serra que não funcionava – e que foi adquirido posteriormente pelo Pastor Stutzer – fato importante na narrativa desta postagem.
Não havia plantações, somente um pasto com algumas vacas.
A família Wagner e demais vizinhos acompanharam a chegada ao local dos 17 imigrantes alemães de um montante de 250 que viriam para iniciar a colônia de Hermann Blumenau.
Em um primeiro momento, a família Wagner negociou com o Gärtner, sobrinho de Blumenau, o qual abriu um pequeno negócio no Stadtplatz da colônia que surgia. Cedeu-lhe 11 sacos de farinha, 3 barris de melado. Mantiveram relações estreitas e trocavam visitas de maneira constante, para trocas de experiências e também troca de mudas e sementes. A história formal não destaca muito estas relações.
Com a fundação da nova colônia alemã, vieram novos profissionais e os Wagners e vizinhos passaram a ter mais suporte. O agrimensor Julio Richter, por exemplo, mediu as terras de Johann Peter Wagner / Pedro Wagner e as legalizou junto à Colônia Blumenau.
Este era o quadro existente, quando chegaram à foz do Ribeirão da Velha: o sobrinho de Hermann Blumenau – Reinhold Gärtner e os primeiros 16 moradores da Colônia Blumenau, que simbólica e embrionariamente surgia neste momento, em setembro de 1850.
Nos primeiros tempos, a data de fundação de Blumenau era comemorada em 28 de agosto de 1852, sendo que seu 25° aniversário foi comemorado no dia 28 de agosto de 1877.
Os primeiros 17 imigrantes fundadores da colônia agrícola Blumenau
- Reinhold Gaertner – 26 anos de idade, solteiro, natural de Brunsvique, sobrinho de Hermann Blumenau;
- Franz Sallenthien – 24 anos, solteiro, lavrador, também natural de Brunsvique;
- Paul Kellner – 23 anos, solteiro, lavrador, igualmente de Brunsvique;
- Julius Ritscher – 22 anos, solteiro, agrimensor, natural de Hannover.
- Wilhelm Friedenreich – com 27 anos de idade, alveitar, natural da Prússia, casado com …
- Minna Friedenreich – 24 anos de idade, possuindo o casal os seguintes filhos;
- Clara Friedenreich – com 2 anos de idade;
- Alma Friedenreich – com 9 meses.
- Daniel Pfaffendorf – 26 anos de idade, solteiro, carpinteiro, natural da Saxônia;
- Friedrich Geier – 27 anos de idade, solteiro, marceneiro, natural de Holstein;
- Friedrich Riemer – 46 anos de idade, solteiro, charuteiro, natural da Prússia.
- Erich Hoffmann – 22 anos de idade, ferreiro, funileiro, também da Prússia;
- Andreas Kuhlmann – 52 anos de idade, ferreiro, igualmente da Prússia, acompanhado da esposa;
- Johanna Kuhlmann – 44 anos de idade, e das filhas;
- Maria Kuhlmann – 20 anos de idade;
- Christine Kuhlmann – 17 anos.
- Andreas Boettcher – 22 anos de idade, solteiro, ferreiro, natural da Prússia.
Os primeiros imigrantes eram da religião protestante luterana. Logo que aportaram, iniciaram a construção de novos ranchos, fizeram derrubadas, limpezas de terrenos e plantações. Desde que chegaram, contaram com o apoio de famílias residentes na região.
Estas – também eram 17 as famílias de imigrantes alemães – viviam nas localidades de Pocinho e Belchior, distante de somente 4 quilômetros, rio Itajaí-Açu abaixo, da sede da nova colônia – Stadtplatz.
Os antigos moradores da região que já residiam no local, como os Wagners, que acompanharam a chegada dos 17 imigrantes alemães, conforme comentado, auxiliaram os chegantes com dicas e adaptações locais, por já estarem há mais tempo na região – pelo menos há 4 anos. Estes já possuíam propriedades próprias com hortas, pomares, roças, vacas, porcos e galinhas.
Alguns dos nomes de famílias oriundas da Colônia São Pedro de Alcântara, que se encontravam residindo na região do Vale do Itajaí, e que foram de grande de auxílio e apoio aos 17 primeiros pioneiros da Colônia Blumenau:
Alguns dos nomes de famílias, oriundos da Colônia São Pedro de Alcântara, que se encontravam residindo na região do Vale do Itajaí, e que foram de grande auxílio e apoio aos 17 primeiros pioneiros da Colônia Blumenau:
- Georg Schmidt;
- Ludwig Werner (roceiros);
- Johann Händschen;
- belga Jacob Villain (Ferreiros);
- Georg (Pai de Peter Wagner) Wagner;
- Ludwig Wagner;
- Antonio Händschen;
- Josef Sesterheinn;
- Peter Lukas;
- Nikolau Deschamps;
- Joaquim Antônio Amorim;
- Jacinto Miranda;
- Marcelino Dias;
- Valentim Theiss, entre outros.
Todos auxiliaram em tudo, um pouco.
Hermann Blumenau, além de juntar sua voz às propagandas do governo brasileiro no território da atual Alemanha, vendia os lotes coloniais às famílias que chegavam. Fez surgir pela primeira vez na província o negócio fundiário.
Hermann Blumenau foi proprietário da Colônia Blumenau por 10 anos. Vendeu-a ao Império Brasileiro, em 1860. Assinou o termo de cessão da Colônia Blumenau ao Governo Imperial do Brasil, e entregou as terras que possuía no Vale do Itajaí – aproximadamente 20 léguas quadradas, avaliadas em 120 contos de réis. Desse total, o Império retirou 85 contos de dívidas e pagou 30 contos, considerando que Hermann Blumenau recebeu 5 contos adiantados. Hermann Blumenau continuou como diretor da colônia, como funcionário público e recebia um bom salário, diante da realidade local da época: 4 contos de réis por ano (mais de 40 mil reais ao mês, no valor atual). Isso até Blumenau tornar-se município, em 1880.
Blumenau completou 174 anos em 2 de setembro de 2024
Tradicional desfile acontece para comemorar este aniversário. Fazemos um registro para a História. Vídeo dos melhores momentos e fotografias.
O desfile iniciou-se às 9h30, na 15 de Novembro, com a participação dos blumenauenses nas ruas, e também de escolas municipais, bandas e fanfarras, organizações da sociedade civil, secretarias municipais e o 23º Batalhão de Infantaria.
Alguns registros fotográficos para a história.
Um registro para a História.
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Referências
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- 170° Aniversário de Blumenau – 2 de Setembro de 2020 – Com Lockdown e Presentes em forma de imagens
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