Casa de câmbio e pagamentos a DJs internacionais são alvos da Polícia Federal em SC

Operação Line Up tem mandados de busca e apreensão em Blumenau, Itajaí e Balneário Camboriú

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira uma operação chamada de Line Up, destinada a investigar uma corretora de câmbio, uma empresa de eventos e o pagamento a DJs internacionais. Segundo os investigadores, o alvo é a suposta prática de crimes financeiros e lavagem de dinheiro.

Estão sendo cumpridos, por 60 policiais federais, 14 mandados de busca e apreensão. A maioria entre Itajaí, Balneário Camboriú e Blumenau. Os locais das batidas policiais e os nomes dos envolvidos não foram divulgados pela PF.

Em Blumenau, a reportagem encontrou policiais federais na casa de câmbio Multimoney, que fica na rua Curt Hering, no Centro. Antes das 8h já havia seis agentes no interior da empresa. Eles permaneceram no local até 12h.

Também há mandados de busca sendo cumpridos em São Paulo, além de dois mandados de prisão expedidos pela 1ª Vara Federal de Florianópolis/SC.

Contraponto

Além da tentativa de contato com advogados que estavam na sede da Multimoney, a reportagem telefonou para a agência, mas a pessoa que atendeu informou que a empresa não se manifestaria sobre o assunto.

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A investigação

A investigação teve início em 2013, quando a Polícia Federal averiguava possível evasão de divisas que ocorreria através de pagamentos a DJs de renome internacional que vinham atuar em Santa Catarina, com contratos supostamente subfaturados.

O nome da operação é uma expressão em inglês que pode significar “quando alguém é colocado na fila” – da investigação, no caso. Também faz referência ao elenco de artistas que vão se apresentar num evento, especialmente shows musicais.

A partir daí, a polícia chegou a uma corretora de câmbio que fazia parte do mesmo grupo econômico de uma empresa de eventos. Segundo a Polícia Federal, foram encontrados indícios de gestão fraudulenta de instituição financeira nos seguintes atos:

1 – Receber e realizar depósitos em espécie vedados para operações de câmbio.
2 – Burlar os limites da posição cambial.
3 – Movimentar moeda estrangeira de forma paralela e, após apreensão de valores, maquiar as operações.
4 – Fracionar operações de câmbio para burlar os limites de valores a serem negociados.
5 – Registrar operações sem a documentação suporte, fraudando a fiscalização.
6 – Transferir moeda entre unidades sem identificar corretamente o destinatário.
7 – Atuar no mercado paralelo de câmbio, fraudando as autorizações impostas pelo Banco Central
8 – Deixar de analisar e/ou identificar os clientes para fraudar os controles de prevenção à lavagem de dinheiro
9 – Usar documentos ideologicamente falsos para recuperar valores apreendidos.

De acordo com a Polícia Federal, também foram feitas 155 operações de câmbio com uso dos nomes de 111 pessoas que já estavam mortas no momento do negócio, bem como pagamentos de terceiros no exterior que não eram os reais exportadores das mercadorias. Algumas contratações teriam sido feitas por empresas investigadas na Operação Lava Jato e ligadas a um doleiro condenado na operação.

As atividades foram identificadas e registradas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em sete relatórios. Eles apontariam um total de mais de R$ 2 bilhões em movimentações atípicas, segundo a Polícia Federal.

Por fim, os investigadores afirmam ter indícios de que representantes da corretora de câmbio tentaram obstruir as investigações mediante contato com um servidor público, a fim de serem instruídos sobre como reaver os valores apreendidos na investigação.

Para a Polícia Federal, são investigados crimes como gestão fraudulenta de instituição financeira (3 a 12 anos de reclusão), fraude contábil em instituição financeira (1 a 5 anos de reclusão), fraude cambial (1 a 4 anos, lavagem de dinheiro (3 a 10 anos), formação de organização criminosa (3 a 8 anos) e obstrução de investigação contra o crime organizado (3 a 8 anos).

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