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Casal de adestradores de cães de Blumenau explica como funciona a prática

Eles trabalham há mais de 10 anos com adestramento de cães

Um casal de moradores de Blumenau dedica a vida para interpretar e preservar a identidade dos melhores amigos do ser humano, os cães. Os adestradores Mônica e Sérgio Oliveira, são proprietários da Escola Canina Certatitude, localizada na rua Aldo Mees, no bairro Vila Nova.

Caminhos se cruzaram

Sérgio é natural de Blumenau e Monica é de Santo André, em São Paulo. Ele sempre gostou de cachorros e, por hobby, trabalhava com a raça Pitbull em campeonatos. Em determinada fase da vida, estava decidido a tornar sua paixão um trabalho formal. Foi quando começou a atuar como auxiliar em uma clínica veterinária. Ali, descobriu que o adestramento seria a forma ideal de ele trabalhar por amor.

Quando Monica se mudou para a capital brasileira da cerveja, fez um curso de adestramento e passou a atuar com Sérgio. Desde 2012, eles trabalham juntos com o adestramento de cães. Com o passar do tempo, eles se apaixonaram, se tornaram um casal e oficializaram o matrimônio. 

Sérgio e Monica na Escola Canina Certatitude. Foto: Kamile Bernardes/O Município Blumenau

O poder do adestramento

De acordo com Sérgio e Monica, o adestramento é uma maneira de ter uma boa comunicação, conexão e um vínculo com o cão. Além disso, também é uma forma de conscientização, que ajuda a evitar situações de maus tratos e abandono. 

“Hoje em dia eu acho que as pessoas tentam fazer do cachorro um humano, daí a gente faz o nosso trabalho tentando mostrar pra elas que não é dessa forma. Pode ser tratado como um pet, um ‘pet baby’, um filhinho de quatro patas, mas não tão humanizado. Eu comecei a ver pessoas tendo problemas com isso e disse ‘não, eu acho que eu tenho que fazer alguma coisa para ajudar’, então foi onde a gente começou a trabalhar em cima do comportamento dos cães, para ajudar os clientes”, explica Sérgio.

Os adestradores destacam que o tutor dar carinho, ração e objetos caros para os cachorrinhos não basta para ter um vínculo profundo com o animal. É preciso criar uma rotina para o cão e se mostrar presente nela. 

Sérgio destaca que atitudes como colocar a ração na mão para o cachorro se alimentar podem ajudar. Isso se dá pois quando o tutor pega a ração e coloca o cão para comer em sua mão, o animal interpreta que ele saiu para caçar e conseguiu o alimento para ele. 

“Você tem que mostrar para ele que você é o líder dele, que você faz parte da matilha dele e que é uma família mesmo. Do mesmo jeito que a gente fala que eles são membros da nossa família, eles têm que sentir a mesma coisa”, aponta o adestrador. 

Foto: Kamile Bernardes/O Município Blumenau

Como funciona

Os profissionais explicam que trabalham o adestramento com base em regras, rotinas, limites e criação de vínculo.

“É como ensinar uma criança a engatinhar, a comer e a andar, né? E aí tem o passo de ir para a escola, que é onde a gente entra de fato. Na parte da obediência, de ensinar a passear na rua”, diz Sérgio.

Eles contam que conseguem adestrar de 10 a 20 cães ao mesmo tempo. Para realizar o trabalho, utilizam técnicas como aplicação de pontos fixos, uso de guia unificada, recompensas positivas para os cachorros e caixa de transporte.

“Se eu quero que o cachorro sente e fique naquele local, eu preciso mostrar que ele tem que ficar lá. Então, qual é a forma que eu marco isso? Eu marco com ração, com algo positivo pra ele (…) A gente bota o cão no ponto fixo para ele entender que ele só vai sair dali com um comportamento tranquilo, que ele não vai precisar entrar em excitação para sair daquele daquele local”, explica Sérgio. 

Sérgio também afirma que não é adequado atender aos pedidos dos cães quando estão nervosos ou ansiosos, pois acaba reforçando aquele comportamento.

“Esse cão é um exemplo, ele está ansioso porque ele quer sair dali. Se eu for ali agora e abrir o portão para ele sair, eu vou estar reforçando essa ansiedade dele. Então eu não posso, tenho que deixar ele se acalmar para poder sair naquele momento do comportamento tranquilo”, exemplifica Sérgio.

Confira o vídeo

Preconceitos

O casal comenta que enfrenta problemas com interpretações erradas do trabalho que realizam. Eles explicam que, quando falam em punição, muitas vezes os tutores entendem como maus-tratos ao animal. No entanto, Sérgio esclarece que há várias formas de punir o cachorro quando ele tem um mau comportamento sem precisar utilizar de violência.

“Quando a gente fala em caixa de transporte, guia unificada, ponto fixo e punição, as pessoas falam ‘nossa não, eu acho que não vai dar certo’. Elas acham que é maus tratos, mas não é. É que realmente as pessoas precisam conhecer mais, estudar mais”, complementa.

O ponto fixo nada mais é que quando o cachorro é orientado a permanecer num mesmo local. A guia unificada se parece com uma coleira, mas dá mais controle para quem está levando o cachorro. Já a caixa de transporte, para o animal, simboliza uma toca, um lugar seguro.

Quanto tempo leva?

Para definir o tempo de adestramento é preciso avaliar diversas características. Um dos principais critérios é verificar se o cão é reativo e, caso seja, descobrir o motivo pelo qual ele age daquela forma. 

Conforme os profissionais, é necessário fazer uma investigação, um estudo em cima disso, primeiramente com os tutores. Em casos de cachorros tranquilos, que só precisam ser disciplinados, o processo é mais rápido, levando cerca de 15 dias. 

Foto: Kamile Bernardes/O Município Blumenau

Adestramento de cães mais velhos

Um pensamento bem comum é que os cães precisam ser adestrados desde filhotes, senão não adianta mais tentar ensiná-los. No entanto, Sérgio e Monica afirmam que isso é um mito. Apesar de ser mais fácil quando filhote, pois o animal ainda não tem manias formadas, todo cão pode ser adestrado. 

“Um filhote é como se fosse uma página em branco, ele não tem ainda manias. Um cão idoso já tem. Então a gente precisa primeiro tirar as manias ruins, os maus comportamentos, e introduzir depois bons comportamentos, a obediência, disciplina, rotina. Mas dá sim, só leva mais tempo e tem que ser persistente”, esclarece Monica.

Foto: Kamile Bernardes/O Município Blumenau

Procura

Sérgio e Monica contam que a procura pelos serviços de adestramento é muito grande, em contrapartida, a aderência não é tão alta. Quando os adestradores explicam que não é só educar o cão, que o tutor também precisa estar presente no processo, impôr regras e dedicar tempo a isso, vem a desistência.

“Talvez em uma semana a gente deixe o cão moldado pra ele entender o que precisa ser feito, mas dali para frente quem continua os treinos e as rotinas são os tutores. (…) Tem bastante procura, mas quando a gente fala que tem que mudar a rotina, aí a pessoa fala ‘ah, mas eu não vou ter tempo’ e acaba não dando continuidade”, revela Monica.

Participação dos tutores

Os adestradores afirmam que a participação dos tutores no processo de adestramento é imprescindível. Sérgio explica que, caso eles não tomem a liderança da casa e se imponham perante o cão, o animal tentará fazer isso e passará a não obedecer às ordens dos humanos. Por isso, o adestrador explica a importância de mostrar para o cachorro quais são as funções dele. 

Monica costuma falar que prefere “adestrar o dono do que o cão”. Ela explica que com uma aula de 1h30, consegue passar toda a comunicação que o tutor precisa ter com o cachorro. Uma vez que isso é compreendido, o tutor não vai mais precisar dos serviços dos adestradores com frequência. Eles serão chamados apenas para solucionar questões específicas.

O espaço

Na Escola Canina Certatitude, além do adestramento, os profissionais oferecem hospedagem, banho e tosa serviços veterinários. Eles também fazem um serviço chamado de “Táxi Dog”, que funciona como um carro de emergência para quando o cachorro estiver com algum problema após o horário comercial. 

Na escola, o cão passa por momentos de obediência, socialização, hora de dormir, momento de brincar e fazer um faro recreativo.


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