“As circunstâncias do acidente na BR-470 causam verdadeiro trauma na sociedade”
Colunista critica desprezo de agentes do estado para com o cidadão
Um grave acidente e várias constatações
O acidente de trânsito que vitimou várias jovens e levou duas a óbito na cidade de Gaspar poderia ser apenas mais um de tantos outros colecionados pela BR-470.
Já seria trágico, especialmente por interromper precocemente a trajetória, o futuro e os sonhos de quem inocentemente estava no caminho do ocaso.
Infelizmente, foi além disso. As circunstâncias dos acontecimentos, reveladas paulatinamente, têm causado verdadeiro trauma na sociedade. Aos poucos vai se compreendendo o nível de desorganização, insegurança e completo desprezo do Estado para com o cidadão.
Nem mesmo quando um anjo da guarda revolve intervir em benefício de inocentes é possível reverter esse estado de indiferença a que estamos sujeitos.
Sim, precisamos reconhecer que chegamos ao fundo do poço. A banalização dos valores, do respeito ao próximo, e de si próprio, chegou aos limites do insuportável.
Com muito esforço, conquistamos um Estado de Direito. Com desleixo abominável nos desgarramos completamente dos deveres. E tudo isso se torna exponencial quando tratamos dos serviços públicos.
A luta exagerada por infindáveis privilégios corporativos parece ter feito esquecer a uma parcela significativa de agentes estatais que a remuneração é uma retribuição por serviços – efetivamente – prestados.
A sociedade está farta da ineficiência do Estado, cujos serviços são pagos a peso de ouro. A carga tributária, de tão elevada, não encontra precedentes na história do Brasil.
Paradoxalmente, quanto mais se paga de imposto, quanto mais se paga pelos serviços públicos e quanto melhor se remunera os agentes estatais, menos qualidade se entrega.
O período pós-Constituição de 1988 tem sido generoso com os servidores públicos, mas cruel com os usuários. Não por acaso governos liberais têm recebido especial atenção dos eleitores. Isto porque se a vida em sociedade não deixa de ser uma contingência, a dependência do Estado é apenas uma opção.
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