X
X

Buscar

“Dia do Trabalho em meio à pandemia”

Confira a opinião do colunista neste Dia do Trabalhador, 1º de maio

Impossível não relacionar a celebração internacional por conquistas dos trabalhadores com as perspectivas advindas da Covid-19. Com todas as pessoas com quem se fala, a angústia gerada pela incerteza do futuro é uma constante. Falta-nos previsibilidade, o que gera insegurança.

Também parece estar se formando um consenso de que nada será como dantes. Mas de certa forma estamos sempre evoluindo. O que nos assusta é o tamanho da inovação, a velocidade de sua implantação e o que está porvir.

As pessoas reagirão de forma assimétrica. Conheço profissionais que são viciados em inovação, enquanto outros são mais resistentes. Não se tratar de qualificar um ou outro como melhor ou pior. É da personalidade de cada um. Às vezes um profissional muito afeto às mudanças revela pouco foco e produtividade, assim como aqueles mais conservadores conseguem desenvolver trabalhos mais elaborados. Essa diversidade é fundamental porque um complementa o outro.

Por isso, nesse momento de travessia entre o velho e o novo, precisamos voltar nossas atenções a todos os ensaios, nas perspectivas de todos os trabalhadores. Não há observador privilegiado, mas apenas diversos.

Para ficar no exemplo dos profissionais da educação, que de repente se sujeitaram à imediata conversão para o mundo “on-line”, é certo que terão muitas contribuições a fazer. Falo por experiência própria. Algumas práticas virtuais terão que ser revistas, mas outras implementadas definitivamente.

Reflexões essas por que deverão passar muitas profissões, até como decorrência da aplicação do conhecido método da tentativa e erro. Sim, porque esses dias de isolamento e distanciamento sociais se transformaram, invariavelmente, num grande laboratório de experiências sobre o futuro, em todas as áreas das relações humanas.

O que espero para esse Dia Internacional do Trabalho em meio a pandemia gerada pela Covid-19 é que esse debate não se feche no corporativismo e na luta de classes. Isso sim seria um grande retrocesso, pois invocaríamos valores, discursos, práticas e pretensões de pelo menos dois séculos passados, da época da Revolução Industrial.

Temos conhecimento, sabedoria e oportunidade para empreendermos uma nova revolução, de bases tecnológicas e também político-social, fundada na luta das ideias, dos argumentos e na busca do bem comum. É sempre bom lembrar que a primavera árabe e as jornadas de junho de 2013, estas aqui em terras brasileiras, em grade parte foram viabilizadas pela tecnologia. Quem sabe haveremos de experimentar um novo sobressalto no mundo do trabalho.