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“Instituições e corporações burocráticas do Brasil relutam em aceitar o poder do voto”

Colunista afirma que é necessário que instituições respeitem o poder do voto

O Poder Democrático e as Instituições

Nosso país, e também alguns vizinhos, tiveram semanas bastante agitadas. Para ficar apenas nos fatos do cotidiano brasileiro, tivemos o vídeo do leão e das hienas divulgado em rede social do presidente da República, a live em que Bolsonaro reage fortemente à reportagem do Jornal Nacional e as declarações de seu filho Eduardo, com referências ao AI-5. Não é pouca coisa, convenhamos. E não é nada tradicional.

Tradicional mesmo foram as reações. Ao vídeo, o ministro decano do Supremo Tribunal Federa fezl publicação de uma nota oficial. A Rede Globo, também ao seu estilo bem tradicional, investiu boa parte do seu telejornalismo numa espécie de auto-direito de resposta. Já quanto à investida do filho do presidente, aí todos ficaram horrorizados, a começar pelo indignadíssimo presidente da Câmara dos Deputados.

Como pode numa única semana um presidente da República provocar tanta indignação? Está certo isso? Seria difícil arranjar autoridade para desautorizar um cidadão que recebeu 57 milhões de votos populares diretos. Quem não se lembra da invocação da legitimidade de 35 milhões de votos por Fernando Collor, ex-presidente da República, em seus momentos mais difíceis e derradeiros no poder?

É preciso reconhecer que o voto, especialmente o direto e nas eleições ditas majoritárias, tem um grande poder de legitimação dos governantes. Legitimidade essa que as instituições e corporações burocráticas do Brasil relutam em aceitar.

O Brasil precisa organizar o seu sistema político-partidário, depurá-lo e elevá-lo. Disso não se controverte. É inimaginável vivenciar 52 semanas por ano como essa que está por se encerrar.

A pacificação, no entanto, só virá quando conseguirmos desmascarar o poder corporativo, entranhado em instituições arcaicas, todas conhecidas e que sob o mantra da busca do interesse público a bem da verdade perseguem, unicamente, a concentração de renda e a defesa de interesses comezinhos dos seus; vale dizer, de alguns poucos e não da maioria.

E nessa batalha, sem qualquer escrúpulo, atacam quem quer que os combata, inclusive presidentes da República eleitos democraticamente.