César Wolff

César Wolff é advogado e professor da Furb. Foi presidente da subseção Blumenau da Ordem dos Advogados do Brasil entre 2010 e 2015.

“Temas fundamentais para o desenvolvimento de Blumenau não são discutidos de forma aberta”

Colunista questiona a afirmação de que o blumenauense transforma tudo em polêmica

Debater e se posicionar é preciso

É comum ouvirmos nas mídias sociais, e até na imprensa, que nós blumenauenses teríamos o costume de transformar tudo em polêmica. Pois eu acredito que seja exatamente o contrário.

Há temas fundamentais para o desenvolvimento de nossa cidade que praticamente não se discute. Pelo menos não se faz de forma aberta, transparente e com a participação de todos os interessados.

Em Blumenau não se discute o nível de endividamento no município. Não se perquire acerca do equilíbrio atuarial do instituto de previdência dos servidores públicos. Não se questiona o porquê da poluição severa do rio Itajaí-Açu.

Por aqui também não se comenta sobre os mandos e desmandos do governo federal na obra de ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto de Navegantes que, tudo indica, ao arrepio do projeto original de sua concessão, inibirá a construção do novo terminal e da nova pista de pousos e decolagens. Temas que, todos eles, inibem nosso crescimento e desenvolvimento.

Tentar aprofundar um debate sério, como a falta de razoabilidade dos investimentos previstos para a nova ponte do Centro, dita ponte Norte-Sul, como pretende o laborioso arquiteto e urbanista Alfredo Lindner Jr., parece ser uma “luta inglória”.

Nos acostumamos à crítica pela crítica, especialmente em face das autoridades constituídas, e nos limitamos a isso. De outra parte, temos refugado o convite à análise e ao conhecimento dos fatos, ao aprofundamento nas causas complexas e ao engajamento nas causas difíceis.

Esse convite ao bom debate e à reflexão dos desafios do município seria missão própria de nossas lideranças políticas. E o papel de forjá-las, em regra, foi atribuído aos partidos políticos. O problema é que o sistema político como um todo, e aí incluídos os partidos, entrou em profundo descrédito e colapso.

Por isso, hoje, mais do que nunca, pensar e debater os próximos 50 anos de Blumenau é dever de todos nós. Como já percebemos, será em vão depositar as esperanças numa propalada “nova política”. Resta-nos uma nova postura.

Ter a consciência de que a cidade pertence aos munícipes, e que seu futuro só depende de nós, será nosso primeiro grande passo nesses novos tempos.

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