Uma eleição e doze candidaturas a prefeito
São os novos tempos, diriam alguns. E são mesmo. Foi-se o tempo em que dois lados disputavam eleições para prefeito numa espécie de Fla-Flu, direta-esquerda, patrão-empregado. O pluripartidarismo constitucionalmente garantido em 1988 floresceu e atualmente o país reúne nada mais nada menos do que 33 partidos registrados no TSE. O aporte de recursos públicos também […]
São os novos tempos, diriam alguns. E são mesmo. Foi-se o tempo em que dois lados disputavam eleições para prefeito numa espécie de Fla-Flu, direta-esquerda, patrão-empregado. O pluripartidarismo constitucionalmente garantido em 1988 floresceu e atualmente o país reúne nada mais nada menos do que 33 partidos registrados no TSE.
O aporte de recursos públicos também é causa importante de expansão do sistema político. Em dez anos, os recursos do fundo partidário saltaram de R$ 200 milhões (eleições de 2010) para R$ 959 milhões (eleições 2020). Ao que se deve somar o Fundo Eleitoral, criado em 2017, e que distribuirá nessas eleições mais R$ 2 bilhões às candidaturas por todo o país.
A própria impossibilidade de coligação nas eleições proporcionais, para às Câmaras Municipais, pode também ter contribuído. Isto porque as candidaturas a prefeito e vice tendem a garantir visibilidade aos partidos e, assim, maior quantidade de votos aos seus candidatos ao cargo de vereador.
Com tantos candidatos, tantas propostas e tantos partidos a comunicação passa a ser o grande desafio. Para ganhar votos é preciso convencer. E para convencer é preciso se apresentar.
Também por isso o tempo de rádio e TV, o chamado direito de antena, sempre foi tido como fator eleitoral decisivo. Aos que conseguissem reunir ampla coligação de partidos, capaz de conferir bom tempo de propaganda eleitoral gratuita, teriam suas chances de vitória eleitoral aumentadas.
Ainda é em parte assim. Mas é inegável que as candidaturas capazes de explorar de forma inovadora as mídias sociais passaram a se tornar também viáveis. A razão disso é que além de a legislação em 2015 ter reduzido o tempo total da propaganda eleitoral gratuita pela metade, de 20 para 10 minutos, e em 40% as inserções, as pessoas passaram a dedicar boa parte do seu tempo à internet.
Logo, se o eleitor está com suas atenções voltadas aos smartphones, é possível que as lives, via Instagram e Facebook, e os vídeos e mensagens, via WhatsApp, tenham maior poder de impacto eleitoral do que o velho formato dos programas gravados de rádio e tv. Até porque cabe ao candidato ir ao encontro do eleitor, e não o contrário. E não podemos esquecer que as mídias sociais estão na palma da mão, 24 horas por dia e sete dias por semana.
Mantida essa tendência, e nada aponta em sentido contrário, deveremos ter, doravante, eleições municipais cada vez mais disputadas. Isto é, com maior número de candidaturas a prefeito, vice, e também vereadores. Todas viabilizáveis pelo mundo digital das redes sociais.