Coletivo Consciência SC envia carta a autoridades defendendo isolamento social

Entidades que compõem coletivo incluem a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) e Central Única dos Trabalhadores (CUT)

Em carta aberta endereçada ao governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), aos seus secretários estaduais, aos prefeitos do estado e à população catarinense, coletivo de entidades Consciência SC, formado por 125 movimentos e sindicatos pede “que cada setor trabalhe, mas trabalhe primeiro estrategicamente, virtualmente, em planejamento” neste período de isolamento social por causa do coronavírus.

A carta ressalta o potencial industrial do estado e sugere que todos os segmentos adaptem-se rapidamente para produzir suprimentos de combate à pandemia da Covid-19.

“Entendemos e apoiamos a capacidade e as potencialidades da indústria catarinense. Ela tem força para agir contra o novo vírus. Sendo assim, há muito a ser produzido”. E segue citando uma série de itens que poderiam ser desenvolvidos no próprio território catarinense para uso no enfrentamento ao novo coronavírus.

Em portaria publicada no Diário Oficial do Estado, na quarta-feira, 1º, o governador permitiu a retomada das atividades no comércio, serviços e obras ligados à construção civil. A portaria menciona que “trabalhadores que estiverem com febre ou sintomas respiratórios (tosse, coriza, falta de ar) devem ser afastados das atividades e orientados a procurar a unidade de saúde”. Na segunda-feira, 30, bancos, lotéricas e cooperativas de crédito já tinham ganhado permissão para serem reabertos.

O texto da carta defende o distanciamento social como uma das principais medidas contra a propagação do novo coronavírus e propõe que os trabalhadores possam ficar em casa até que protocolos de atuação estejam melhor definidos e que o governo possa garantir renda aos afetados, “que nesses poucos dias que temos para planejar, que o povo possa ficar em casa. O Estado precisa garantir o provento, agora, neste momento, temporariamente”.

Citando números de mortos em países europeus e o colapso funerário que estaria acontecendo no Equador, o documento ainda pede pela preservação da vida, e alerta para a situação no país.

“A pesquisa do Imperial College, de Londres, prevê mais de 1 milhão de pessoas mortas no Brasil, caso medidas de contenção não sejam tomadas. Com as medidas mais radicais e precoces, o número de brasileiros mortos pode ser de 44 mil. Quantas dessas mortes será da colaboração de Santa Catarina?”.

O documento foi enviado aos líderes estaduais um dia após Moisés anunciar em sua conta no Twitter que mais setores poderiam ter suas atividades liberadas já no início da próxima semana.

“No fim de semana estaremos estudando regras para que trabalhadores autônomos, profissionais liberais, consultórios de saúde e clínicas – importante grupo da atividade econômica – possam retomar atividades na segunda-feira”, diz a mensagem.

A carta termina pedindo por “novos planejamentos para a atuação dos setores paralisados”. E reforça que o pedido do coletivo é “pelo bem comum. Pela saúde pública, contra a pandemia”. O coletivo já havia enviado outra carta ao governador no último sábado, 28, em que alertava para a situação de colapso e pânico no território catarinense sem a adoção de medidas rígidas de isolamento social no enfrentamento ao Covid-19.

Confira a carta completa e a lista de entidades que compõem o coletivo.

No último boletim do governo do estado, Santa Catarina tinha 334 casos confirmados e cinco mortes por coronavírus. Poucos minutos depois, Itajaí confirmou a primeira vítima fatal por Covid-19 no município.

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