Com pandemia, comércio espera igualar faturamento do Natal de 2019

Ano foi ruim, mas os últimos meses de 2020 apontam para uma recuperação

O Natal costuma ser o período de maior movimentação para o comércio em geral. Em 2020, a pandemia deve impactar diretamente o comportamento do consumidor e o faturamento das empresas e do comércio.

Fatores como o receio de se expor em locais públicos, o aumento das vendas pela internet e até mesmo a falta do 13º salário, pago adiantadamente a aposentados e pensionistas do INSS, além dos servidores públicos, devem interferir no comportamento dos consumidores neste ano.

Por esse motivo, a reportagem do portal O Município Blumenau ouviu alguns comerciantes sobre o que esperam das vendas neste natal.

Expectativas dos comerciantes

Com horário ampliado para atender a população neste mês de dezembro, o comércio mostra-se cauteloso com relação ao faturamento. Uma pesquisa feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio SC) mostra que os consumidores catarinenses pretendem gastar o menor valor com presentes desde 2017. Neste ano, o gasto médio por pessoa deve ser de R$ 451, contra R$ 493 de 2019, R$ 486 de 2018 e R$ 456 em 2017.

Os dados apontam para uma queda de 8,5% na intenção de gastos do consumidor. Mesmo assim, os lojistas blumenauenses mostram algum otimismo com o período. Marcos Moura, gerente da Lojas Marli, do bairro Água Verde, afirma que espera repetir o desempenho de 2019.

“Expectativa é que a gente consiga ter a mesma venda que no ano passado. A gente sente que o cliente está com medo”, relata.

O impacto negativo do período de quase um mês de fechamento entre março e abril ainda é sentido pelos comerciantes. Os meses seguintes tiveram recuperação gradual, à medida em que a economia se reaquecia com a volta dos consumidores às compras. Sérgio Meghelli, gerente da Blulivro, na Rua XV de Novembro, prega otimismo em relação aos meses anteriores.

“As pesquisas que a gente viu é que tem a redução de quase metade de vendas em relação ao ano passado. Mas a gente sempre quer acreditar que seja melhor que o ano anterior”, pondera.

Enquanto parte do comércio espera repetir as vendas do ano passado, há quem esteja tendo desempenho melhor que em 2019. É o caso da loja de móveis Benoit, gerenciada por Éder Manchini Rodrigues. Segundo ele, o faturamento da loja deve aumentar 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Entretanto, o setor enfrenta outro problema por conta da pandemia: a falta de matéria-prima. Isso, segundo Manchini, pode afetar a reposição de produtos para o natal.

“Expectativa – para dezembro de 2020 – está sendo superada. Em relação ao ano passado, estou tendo crescimento nas vendas. Entretanto, o problema do mercado moveleiro é a falta de matéria prima. Há registro de falta de insumos, o que significa que podem faltar produtos a partir da segunda quinzena desse mês, especialmente linha branca”, prevê.

Entidades do comércio pregam cautela com o Natal

Mesmo entre as entidades que organizam o comércio em Blumenau, que sempre projetam crescimentos nas vendas do natal, o clima é de precaução. Uma pesquisa da Câmara Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que o natal devem movimentar R$ 38 bilhões no comércio, uma queda significativa (37%) se comparada aos R$ 60 bilhões do ano passado.

O dado preocupa a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Blumenau. O presidente da entidade, Helio Roncaglio, aponta uma projeção de aumento no faturamento entre 3% e 4%. Entretanto, esse aumento se dá por conta da própria variação no preço dos produtos, motivada pela inflação. Na prática, se a expectativa se confirmar, as vendas devem apenas repetir os resultados do ano passado.

“Tá tendo uma retomada, mas recuperar, ninguém mais vai recuperar. É um ano em que existem dificuldades para todos. Aquela venda que a gente perdeu, não vamos recuperar. O que precisa é crescer. O que nos preocupa é a pandemia, são as restrições. A ideia é aumentar o horário – de atendimento do comércio – para evitar aglomerações. Vamos atender todos. Não vamos perder vendas”, analisa.

Roncaglio enxerga na ampliação do horário do comércio uma importante medida para trazer o consumidor às compras sem promover aglomerações. A medida, segundo ele, beneficia especialmente o comércio dos bairros.

“A gente enxerga que conforme a pandemia vai acontecendo, para os lojistas de bairro, é mais vantajoso que se atenda com horário diferenciado. Nessas lojas não tem aglomeração”, explica.

O novo decreto do governo do Estado permite que o horário do comércio seja mais ampliado ainda. Segundo o Sindilojas, os horários estendidos devem ir até 21h no comércio – na semana que antecede o natal – e 22h30 nos shoppings. O decreto estadual permite que as lojas abram até às 23h. Para o presidente do Sindilojas, Emílio Schramm, a tendência é que o acordo coletivo firmado entre sindicatos patronais e de trabalhadores para o horário de fim de ano seja mantido.

“Além desse horário – do que foi definido pelo acordo coletivo – não tem cliente para atender. Não tem procura. Se alguém quiser [ampliar o horário com base no decreto], o sindicato está disposto a intermediar, mas pela minha experiência, não vai ter procura”, defende.

Ainda segundo a pesquisa nacional da CNDL, 54% dos consumidores devem presentear alguém no Natal. O número representa uma queda de 22 pontos percentuais em relação ao último ano, em que a intenção de compra era de 77%.


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