Tecnologia relativamente nova na região, a cirurgia robótica costuma levantar dúvidas entre os pacientes. Mas se engana quem imagina um robô tomando conta da mesa de operação. A plataforma robótica permite apenas que o cirurgião tenha mais precisão e controle, garantindo recuperação mais rápida e tranquila.
Referência em cirurgia robótica no Sul do Brasil, o Hospital Santa Isabel já realizou mais de 525 cirurgias com a assistência da plataforma. A instituição também é um polo de formação para profissionais de toda a região. Atualmente, 37 médicos cirurgiões de todo o Vale do Itajaí se beneficiam da tecnologia de ponta oferecida pelo hospital.
Presente no HSI desde junho de 2019, a cirurgia robótica é indicada para operações como endometriose, câncer de próstata, hérnias, complicações no trato digestivo e pulmões. Sempre garantindo incisões menores e menor tempo de internação.
“Se uma cirurgia padrão depende de três dias de internação, uma com o robô pode precisar de apenas um. Isso inclusive reduz o risco de o paciente contrair uma infecção. Além de que a recuperação é mais rápida, menos dolorosa e com menos risco de sangramento”, explica Clovis Darolt, enfermeiro coordenador do Programa de Cirurgia Robótica do HSI.
O robô opera?
Apesar do nome “cirurgia robótica”, a máquina não tem qualquer autonomia. Ela apenas auxilia o cirurgião a ter mais precisão nos movimentos e previne erros humanos. Além disso, traz mais conforto ao médico, reduzindo problemas de mobilidade por esforço repetitivo, possibilitando-o de atuar na profissão por mais tempo.
“Abrimos pequenos orifícios no paciente para introduzir as pinças que estão conectadas aos braços robóticos. O cirurgião fica ao lado do paciente controlando tudo. Uma câmera 3D permite aumentar a imagem 40 vezes. Já o movimento é refinado até 10 vezes. Conseguimos trabalhar com visão melhor e com movimentos mais delicados”, detalha o cirurgião robótico Pedro Trauckzynski, chefe do serviço de cirurgia robótica do Hospital Santa Isabel.
Além disso, a máquina conta com um filtro de tremor, que impede falhas humanas. Movimentos inesperados também são detectados pela plataforma, que impede acidentes. Com mais de 15 milhões de cirurgias realizadas no mundo, não há registros de complicações. Por conta das cicatrizes menores, também há menos chance de hérnia.
Apesar de ainda apresentar um valor mais elevado e não estar coberta pelo SUS, a previsão dos especialistas é que em breve a cirurgia robótica se torne mais acessível. Isso porque a possibilidade de realizar mais operações em menos tempo e ocupar menos leitos compensa o uso da plataforma.
Como será no futuro?
A cada segundo, uma cirurgia robótica é iniciada em algum lugar no mundo. Em países desenvolvidos, é comum que cada sala de cirurgia conte com uma plataforma robótica. Além de trazer mais precisão para o cirurgião, o robô também avalia os dados e reduz riscos.
“Uma sala de cirurgia convencional é como um avião sem caixa preta. Caso haja algum acidente, é mais difícil identificar o que deu errado. Com o robô, a cirurgia é gravada o tempo todo. Com o levantamento desses dados, no futuro a inteligência artificial poderá orientar o especialista para melhores soluções. Mas sempre com um cirurgião no controle, nunca atuando sozinho”, ressalta Trauckzynski.
A democratização de tecnologias como a conexão 5G também permitirão que o delay diminua e os especialistas possam auxiliar em cirurgias de outros países. Até mesmo atuando em cenários de guerra, onde a assistência rápida será necessária.
“Também poderemos alimentar o robô com exames de imagem, como ressonâncias e tomografias, para que ele navegue com a imagem 3D e nos mostre em mais detalhes as estruturas anatômicas do paciente. Isso reduzirá ainda mais os riscos”, prevê o especialista.
Polo de treinamento
Pioneiro no procedimento em Santa Catarina, o Hospital Santa Isabel se tornou referência na cirurgia robótica por ser o hospital com mais experiência no estado. A instituição também conta com especialistas de cirurgias de alta complexidade e foi a que mais capacitou cirurgiões no Sul do Brasil. No estado, a tecnologia também pode ser encontrada em Balneário Camboriú e Florianópolis.
“Além da formação de médicos, toda nossa equipe de apoio passa por treinamentos periódicos para atuar na sala. Desde os enfermeiros até os engenheiros que auxiliam com o maquinário. Além de nossos médicos treinarem especialistas de fora”, ressalta Darolt.