Como funcionava o golpe da mão fantasma que fez vítimas no Vale do Itajaí
Polícia Civil realiza operação nesta quarta-feira em sete estados brasileiros
Denúncias de golpes no Vale do Itajaí resultaram na implantação da operação para investigar o golpe da mão fantasma, que cumpriu mandados de prisão, busca e apreensão, expedidos pelas Varas Regionais de Garantias de Rio do Sul e de Blumenau, na manhã desta quarta-feira, 10. Até 9h40 desta quarta-feira, 22 pessoas já haviam sido presas. As investigações indicam que os criminosos teriam movimentado cerca de R$ 90 milhões nos últimos 10 anos.
O nome da Operação Mão Fantasma faz referência a uma das formas de atuação dos criminosos que, após receberem ligações das vítimas na falsas centrais de atendimento, realizavam transferências de valores a partir dos próprios aparelhos das vítimas, sem que elas tivessem conhecimento ou expressassem consentimento em relação ao acesso indevido e criminoso aos seus dispositivos eletrónicos.
Como funcionava o golpe da mão fantasma
Acesso à lista de correntistas
Criminosos obtêm acesso a uma lista de correntistas de uma instituição financeira específica. Esta é a primeira etapa para o início do golpe.
Disparo de SMS
Os criminosos enviam mensagens SMS para os correntistas, indicando uma compra fictícia e fornecendo um número de telefone 0800 para contato.
Simulação de central de atendimento
Quando os correntistas ligam para o número 0800, os criminosos simulam estar em uma central de atendimento da instituição financeira. Eles induzem os correntistas a realizar transferências ilícitas ou a instalar softwares de controle remoto em seus dispositivos.
Controle remoto dos dispositivos
Com acesso remoto aos dispositivos das vítimas, os criminosos inventam histórias sobre a necessidade de um escaneamento e solicitam que as vítimas virem a tela do smartphone para baixo. Enquanto isso, eles realizam transferências das contas das vítimas.
Detalhes da Operação Mão Fantasma
A operação Mão Fantasma é deflagrada em conjunto pelo o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), por meio do Grupo de Investigação de Crimes Cibernéticos (CyberGaeco), e a Polícia Civil de Santa Catarina (PC-SC), pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC) e Delegacias de Polícia Civil de Ascurra e Turvo.
O objetivo da operação é desarticular três organizações criminosas de âmbito nacional especializadas em fraudes bancárias, especialmente na prática dos golpes conhecidos como “mão fantasma/acesso remoto” e “falsa central de atendimento”.
De acordo com a Polícia Civil, serão cumpridos 32 mandados de prisão preventiva e 55 mandados de busca e apreensão, expedidos pelas Varas Regionais de Garantias de Rio do Sul e de Blumenau, oriundos da comarca de Ascurra, e dois mandados de prisão preventiva e 18 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Vara Unica da Comarca de Turvo, nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba e Ceará.
Investigações do golpe da mão fantasma
A primeira investigação, conduzida pela Delegacia de Polícia de Ascurra e que conta com o apoio técnico do CyberGaeco, teve início no final de 2022, após o registro de diversos boletins de ocorrência que relataram a subtração de valores de contas bancárias por meio da instalação de aplicativos de gerenciamento remoto, o que permitia aos criminosos controlar os celulares das vítimas e realizar a transferência ilícita de valores.
O trabalho investigativo começou com a identificação dos principais números de telefone 0800 utilizados pelos grupos criminosos, que simulavam falsas centrais de atendimento de instituições financeiras.
Na sequência, foram identificados os suspeitos de operar essas falsas centrais e os demais integrantes dos grupos criminosos responsáveis por obter bases de dados de possíveis vítimas, disparar SMS falsos e criar contas correntes em nome de “laranjas” para recepcionar os valores ilegalmente obtidos. Estima-se que os investigados subtraíram, no período investigado, mais de R$ 5 milhões de vítimas residentes em Santa Catarina.
Já a investigação conduzida pela Delegacia de Polícia de Turvo, com apoio da DEIC, foi instaurada a partir de ocorrência registrada por uma idosa de 70 anos que, acreditando estar em contato com funcionários de uma instituição financeira, acabou sendo enganada, tendo realizado diversas transferências para os golpistas que lhe resultaram um prejuízo total de R$ 86.550,00.
As três organizações criminosas são possivelmente responsáveis por pelo menos 255 furtos e estelionatos, mediante fraude cibernética, apenas no estado de Santa Catarina – mas as investigações apontam que há possíveis vítimas em todo o país. Ainda de acordo com as investigações, os grupos criminosos teriam possivelmente movimentado, nos últimos 10 anos, cerca de R$ 90 milhões em transações suspeitas.
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