Como invenção de empresa de Blumenau está revolucionando educação no Brasil e se tornou referência nacional
Com cerca de 700 jogos e atividades lúdicas, a PlayTable é utilizada por aproximadamente um milhão de crianças
A PlayMove é uma empresa blumenauense de tecnologia educacional que busca unir a educação com diversão. A partir da PlayTable, produto inovador que consiste em uma mesa interativa recheada de jogos e aplicativos pedagógicos, a marca se tornou referência nacional neste mercado.
Atualmente há cerca de nove mil equipamentos PlayTable instalados. A ferramenta está presente em mais de duas mil escolas, sendo utilizada por aproximadamente um milhão de alunos.
Sobre a PlayTable
Contendo mais de 700 atividades alinhadas com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a plataforma é empregada como apoio pedagógico para crianças desde a educação infantil até o terceiro ano do ensino fundamental.
Os jogos são desenvolvidos por especialistas, são multidisciplinares e possuem o selo de Classificação Indicativa Livre, do Ministério da Justiça. As atividades buscam desenvolver tanto o conhecimento pelas disciplinas regulares, quanto habilidades cognitivas, motoras e sociais das crianças.
Além dos jogos, o conteúdo a ser trabalhado é disposto na PlayTable a partir de livros e clipes musicais, todos tendo o lúdico como base e foco principal, com o intuito de estimular o ensino.
Ludopedagogia
A ludopedagogia é um segmento da pedagogia que estuda o impacto da implementação de elementos lúdicos, como jogos e brincadeiras, na educação de bebês e crianças. Empregar atividades divertidas e de cunho pedagógico é importante, uma vez que podem acelerar muitos pontos do desenvolvimento infantil.
De acordo com a BNCC, “a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar o seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-lo em seu cotidiano.” (BRASIL, 2017, p. 41)
Educação inclusiva
A PlayTable também desempenha um papel importante para a aprendizagem de crianças com deficiência, afinal, conta com jogos alinhados à fonoaudiologia e metodologias específicas para crianças com autismo e síndrome de down.
De acordo com a psicóloga Simone Padilha Voigt, autista e atuante na área de terapia cognitiva comportamental, os jogos interativos podem contribuir muito na aprendizagem dessas crianças.
“Os jogos educativos podem ser inclusivos para o ensino porque crianças com deficiências têm caminhos de aprendizagem diferentes. A importância dos elementos lúdicos se correlaciona a questões como estímulo da organização perpetual, memória operacional, atenções concentrada, dividida e alternada, e memória curta e longa”, explica.
Controle de emoções
Simone também destaca a importância de utilizar o lúdico para estimular na criança o controle de questões como hiperatividade e ansiedade. Tendo isso em vista, alguns hospitais e clínicas de vacinação buscam instalar a PlayTable, para promover um ambiente mais acolhedor.
“Algumas crianças têm hiperatividade e jogos com tempo auxiliam a aprender a regular a atenção e memória, outras têm ansiedade e o lúdico contribui para diminuir, a partir de jogos que envolvem desafios e manejo de tempo e lógica”.
No entanto, a psicóloga alerta para o equilíbrio que é preciso ter quando se trata do uso da tecnologia em casa. “Nas escolas a interatividade com a tecnologia de acessibilidade estimula a aprendizagem. Porém, em casa e sem supervisão, o excesso de jogos e desenhos pode causar problemas”.
Sobre a empresa
O produto chamado PlayTable foi concebido em 2012, porém, a empresa nasceu efetivamente em 2014, a partir da iniciativa de dois sócios blumenauenses. Um deles é o diretor, Jean Carlos Gonçalves, que explica o anseio da marca em solucionar a falta de recursos tecnológicos adequados no ambiente escolar.
O empresário afirma que as médias do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), são baixas em todas as regiões do Brasil. Ele defende que aplicar a tecnologia com elementos lúdicos é uma ótima maneira de melhorar essa questão. No último IDEB, realizado em 2019, Blumenau registrou uma média de 6,2.
“A proposta era abrir uma empresa para resolver uma dor do mercado, as escolas precisam de ferramentas tecnológicas adequadas para trabalhar. Nosso objetivo é ajudar a colocar a BNCC em prática no sistema de educação, para se atingir as metas do IDEB”.
Ecossistema PlayMove
Para a criação da PlayTable, a empresa teve que desenvolver um hardware próprio para o ambiente escolar, com resistência, habilidade de comportar um grupo de alunos trabalhando simultaneamente, tela sensível ao toque, capaz de reconhecer qualquer objeto e sem cabeamentos.
O objeto também conta com um sistema operacional voltado para a segurança, para que o aluno não saia das atividades, ou seja, não permite acesso a sites e nem a instalação de outros aplicativos.
A PlayMove também conta com um grupo de atividades e jogos exclusivos, que podem ser acessados apenas através da PlayTable, além de um sistema de controle próprio para que os educadores tenham acesso ao desempenho dos alunos.
“Temos jogos personalizáveis também, o educador pode inserir o conteúdo dele. No caso de criança autista, com dificuldade para criar cognição ativa com imagens padrão, o educador pode optar por inserir no jogo, por exemplo, em um quebra-cabeça, foto do alimento favorito da criança, ou dos familiares, para gerar um estímulo”, explica Jean.
Propósito na educação
Jean ressalta que conseguir motivar as crianças a aprenderem é um desafio, mas que pode ser melhorado a partir da aplicação de uma mudança no sistema de ensino.
“A educação ainda segue o mesmo modelo anos atrás, os alunos sentados em uma sala de aula com o professor passando o conteúdo no quadro. A brincadeira como ferramenta para auxiliar no ensino sempre foi afastada das escolas, mas sem a ludopedagogia temos um retardo na educação”.
O empresário complementa sobre as vantagens do lúdico na educação: “Brincar é fundamental para a criança e não é preciso ensiná-la a fazer isso, é um processo natural. Quando se insere as brincadeiras na educação, a aprendizagem será mais paliativa, porque o cérebro não irá criar uma rejeição por aquele conteúdo”.
Jean salienta a maior finalidade da PlayMove: “Para nós é uma questão de propósito, acima do interesse econômico, queremos transformar a educação brasileira, acelerar e potencializar o processo de ensino. Observar o nosso produto ser desejado pelos profissionais da educação é uma motivação para continuar criando maneiras de auxiliar o sistema educacional”.
Conquistas
Em 2017, representantes da PlayMove foram para a Alemanha representar o Brasil na maior feira de brinquedos do mundo. No mesmo ano, a empresa foi selecionada pela Global EdTech Startups Awards (GESAwards) como uma das startups de maior desenvolvimento na América latina, e participaram de uma semifinal no México.
Ainda em 2017, a PlayMove conquistou o selo ISO 9000, que consiste em uma certificação da capacidade da empresa de fornecer produtos e serviços qualificados, e também entrou para o guia do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), como uma das tecnologias aprovadas e ferramenta especializada para se trabalhar no âmbito educacional.
Em 2018 a empresa recebeu investimento do fundo Ctiatec 3, que possibilitou um salto no mercado. Em 2019 laçaram uma nova versão do produto, a PlayTable S2, e em 2020 foi emitido a carta patente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), comprovando que o produto possui sistema inovador e exclusivo. No ano de 2021, receberam o prêmio de inovação catarinense pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC).
Objetivos
Quando se trata de objetivos futuros, a empresa pretende expandir as instalações da PlayTable em todas as regiões do Brasil e também no exterior. Segundo Jean, já há negociações com empreendedores da Europa, África e também dos Estados Unidos.
O diretor explica que o intuito é levar a plataforma para esses lugares, para adequar o conteúdo pedagógico para a realidade de cada local e assim, levar melhoras para a educação das crianças de diversos cantos do mundo.
“Pensamos não só em levar a ferramenta para países de grande representatividade, como os Estados Unidos, Alemanha e Canadá, mas também para os países que mais precisam. Queremos levar a PlayTable para países da África que também falam português, como Moçambique, Angola, Cabo Verde, por exemplo. Desejamos levar a solução para esses países irmãos.”
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