Comportas antigas da Usina do Salto geram atrito entre Celesc e Samae
Manutenções na represa geram impacto ao fornecimento de água, e estatais não falam a mesma língua sobre o problema
Um dos quatro geradores da Usina do Salto precisou de manutenção por parte da Celesc na semana passada, em Blumenau. Para fazer os ajustes com segurança aos funcionários, a empresa precisou baixar o nível da água na represa do rio Itajaí-Açu. Isso porque as comportas da usina estão envelhecidas.
Porém, com menos água no reservatório, o Samae teve de reduzir a captação de água para tratamento na Estação de Tratamento de Água 2, que fica perto dali. Assim, uma manutenção preventiva, que passaria despercebida pela maioria da população, secou torneiras em vários bairros.
No caso específico desta manutenção, até que se finalizem os trabalhos (o que deve ocorrer nesta semana), os bairros Fortaleza Alta, Itoupava Central, Itoupavazinha, Salto do Norte, Badenfurt e Testo Salto podem registrar falta de água. Porém, Celesc e Samae não falam a mesma língua sobre a necessidade desse impacto.
Representantes da Celesc Geração estiveram em Blumenau na quinta-feira para explicar a situação. Eles afirmaram que essas manutenções acontecem constantemente, e que é necessário baixar o nível para garantir a segurança dos trabalhadores. As comportas da Usina do Salto não foram trocadas desde a década de 70 e estão em péssimas condições. Mas a Celesc garante que o Samae não ficou desassistido:
“Mesmo durante as nossas manutenções, em nenhum momento o Samae deixou de captar água”, justifica Flávio Spolaor, chefe do Departamento de Operações e Manutenções da Celesc Geração.
Por meio de assessoria de imprensa, o Samae disse que “com a diminuição do nível do canal, a captação fica reduzida e consequentemente reduz a capacidade de tratamento de água da ETA 2”. Também frisou que “o Samae tem atuado com equipes ampliadas, trabalhando sem intervalos desde segunda-feira, dia 5, para manter o sistema equilibrado, minimizando ao máximo problemas com falta de água”.
Celesc abriu licitação para trocar comportas
Se as comportas da Usina do Salto estivessem em boa situação, a Celesc não precisaria baixar tanto o nível da água para fazer as manutenções, e esse problema não aconteceria. Mas para trocar as comportas será necessário secar o canal por alguns dias. Ou seja, o Samae não conseguiria captar água durante esse período, o que afetaria diretamente grande parte da população.
“A Celesc não pode mais esperar”
“O Samae tem um projeto de uma nova captação, mas acontece que não saiu do projeto, e a comporta está velha. A Celesc não pode mais esperar”, diz Spolaor.
Ainda não há uma previsão, mas a obra deve ser feita ainda neste inverno. Segundo Spolaor, a abertura dos envelopes da licitação será feita ainda em março.
O Samae informou que a estrutura de captação da ETA 2 já está com R$ 10 milhões disponíveis, através de financiamento com a Caixa. O órgão está finalizando o projeto e no início do segundo semestre licitará a obra, que deve se estender por até dois anos. A captação será construída no terreno do Samae na rua Bahia, aos fundos da estação.