Comunidade cria “Cãodomínio” para abrigar cães abandonados
Moradores de loteamento e protetora de animais se uniram para cuidar dos cachorros
Em uma região da Itoupava Central, os cachorros abandonados já não precisam mais se preocupar com a próxima refeição. Moradores de um loteamento do bairro desenvolveram o Cãodomínio. Esta iniciativa começou há pouco mais de dois anos com a intenção de melhorar a qualidade de vida de animais que circulam pela área.
Sirlene de Araújo foi uma das primeiras pessoas a perceber o problema e resolveu tomar uma atitude. Moradora de uma rua próxima ao loteamento, ela costuma levar suas sete cadelas até o local para que elas possam brincar em segurança.
Foi em um destes passeios que ela percebeu que muitos cães eram abandonados no loteamento em construção. Eles resolviam ficar por lá, se alojando nas casas que estavam em obras. Sirlene começou a trazer água e ração para os animais que encontrava na rua, que logo foram nomeados Gordo e Sorriso.
Sorriso chegou a ser adotada, porém sempre fugia para retornar ao lotamento. Com o tempo, as obras foram finalizadas e Sirlene percebeu que os cachorros precisavam de um novo lar. Foi então que trouxe duas casinhas para a rua e as colocou a disposição dos animais.
Hoje, o Cãodomínio funciona com a colaboração dos moradores da rua. Todas as manhãs, os cães recebem água fresca e ração, trazida por Sirlene. Para manter o controle, eles criaram um grupo no WhatsApp onde avisam assim que avistam um novo cachorro na rua, para confirmar se ele foi abandonado.
Caso se confirme que se trata de um animal sem dono, Sirlene vai até o local e o leva para o veterinário, onde ele vai receber os cuidados que precisa e ser castrado. Depois, ele volta para o loteamento, onde pode ficar em segurança aguardando por uma adoção.
“Às vezes conseguimos parceria com a ApraBlu, porém muitas vezes eu pago pela castração. Muitas pessoas também ajudam, como amigas próximas ou pessoas que veem minhas postagens no Facebook”, explica a protetora de animais.
Sirlene resgata animais de rua há mais de 25 anos e já chegou a ter 16 cachorros em casa no passado.
“Na época não existia Facebook ou até mesmo Orkut para divulgar os animais e conseguir um adotante, então eu mesma cuidava”, conta.
Hoje, ela resgata os animais que encontra nas ruas de Blumenau, faz a castração e procura alguém para adotá-los nas redes sociais.
“Há três semanas um cão cego foi abandonado no loteamento. Agora ele está comigo, mas já consegui uma adotante que já tem outro cachorro deficiente visual. Antes de ir para os cuidados dela, ele vai ser castrado e ter dois dentes removidos”, exemplifica Sirlene.
De acordo com os responsáveis pelo Cãodomínio, mesmo quem não contribui com o cuidado dos animais respeita o local. Em uma das casinhas, um cartaz pede: “Por favor me ajude com água e comida. Se não puder me ajudar, tudo bem, mas por favor não me faça nenhum mal, eu não faço mal a ninguém”.
Sirlene torce para que a iniciativa que ajuda os animais desse loteamento possa inspirar as pessoas e se espalhar pela cidade.
“Se cada um fizesse sua parte, teríamos menos cachorros passando fome. Eu não tenho muito dinheiro, mas faço o que posso para ajudar os animais que encontro”, incentiva.
O nome da rua não será divulgado para não incentivar mais pessoas a abandonarem animais no local.