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Conheça cinco medidas tomadas para reduzir morte de bugios por eletrocussão em Blumenau

Principal iniciativa é a construção de seis pontes passa-fauna, realizadas pela Celesc em parceria com o Projeto Bugio

O registro de mortes de macacos bugio por eletrocussão motivou uma série de iniciativas para proteção da fauna blumenauense. Em reunião com o Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) no início de junho, a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) e a equipe do Projeto Bugio, de Indaial, comprometeram-se adotar medidas em conjunto para diminuir os casos de mortes de bugios por descargas elétricas na região de Blumenau.

Estima-se que 200 animais de diversas espécies morrem por ano em decorrência do contato com a rede pública de distribuição de energia elétrica na região. Os bugios, especificamente, utilizam os postes e a fiação para se movimentar nas áreas próximas às coberturas vegetais, o que também ocasiona constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica à população.

A atitude foi tomada após uma denúncia sobre a morte de macacos bugio eletrocutados em Blumenau ao Ministério Público ainda em 2011. A ação foi sendo desenvolvida com os anos, até que a Celesc optou por não assinar o proposto Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que previa os cuidados com a fauna, e agir de maneira voluntária.

Projeto Bugio, em Indaial, mantém ‘santuário’ de proteção à espécie | Foto: Alice Kienen/Arquivo O Município Blumenau

A Promotoria Regional do Meio Ambiente de Blumenau acompanhará as instalações, as atividades e os resultados das iniciativas, que poderão servir no futuro para a criação de um programa institucional na Celesc sobre o tema.

“Além de estarem ameaçados de extinção, os bugios são verdadeiros sentinelas da população por revelarem a presença do vírus da febre amarela numa área”, explica o Promotor Regional do Meio Ambiente de Blumenau, Leonardo Todeschini.

Segundo levantamento do MP-SC em conjunto com o projeto, em Blumenau houve 68 ocorrências de macacos eletrocutados. Destes, 29 (ou 42%) receberam atendimento veterinário, sendo 16 macacos adultos e 13 filhotes. Entre os atendidos, 22, ou 76%, morreram.

Conheça as cinco medidas que serão tomadas em parceria entre a Celesc e o Projeto Bugio:

1. Seis novas pontes passa-fauna

São chamadas de passa-fauna as pontes feitas de corda e madeira, que incentivam os macacos e outros animais a não utilizarem a rede elétrica para se pendurar. No total serão seis novas pontes, espalhadas pelas ruas Bernardo Scheidemantel (Testo Salto), Hermann Hering (Bom Retiro), 30 de Agosto (Salto do Norte) e Carlos Sidnei Reinert (Salto do Norte).

Quem pagará pelas pontes será a Celesc, enquanto que a implantação fica a cargo do Projeto Bugio, como explica a biomédica do projeto, Zelinda Maria Braga Hirano. “Cada ponte custará cerca de R$ 1 mil. A Celesc pagará por toda a estrutura científica e pelo pessoal”.

2. Armadilhas fotográficas

Embora tenha este nome, as armadilhas fotográficas não são nada prejudiciais aos macacos. O que elas fazem é, por meio de um sensor de movimento, registrar imagens da fauna que passa por perto. As câmeras serão instaladas próximas da rede elétrica para observar o comportamento dos bugios.

Segundo Zelinda, a iniciativa está atrelada com as pontes. “De nada adianta colocarmos as pontes se não pudermos descobrir se estão funcionando ou não”. No total serão três armadilhas. Elas ficarão em três pontes durante 15 dias, e depois mais 15 dias em outras três pontes, gerando imagens para análise.

3. Instalação de redes compactas

Um dos maiores trabalhos da Celesc será voltado para a instalação de redes aéreas compactas. Estas redes são mais sofisticadas e protegidas do que as convencionais, e portanto mais seguras, caso os animais sigam se pendurando na fiação dos postes. É um conjunto formado por cabo de aço e cabos cobertos ou protegidos, fixados em estruturas compostas por braços metálicos.

Em alguns pontos mais delicados, com maior incidência de passagem de fauna, a Celesc trocará as estruturas convencionais pela rede aérea multiplexada. Esse tipo de rede é ainda mais protegida, sendo de baixa tensão. Serão 1.152 metros de rede compacta e 824 metros de multiplexada.

4. Podas e cortes de árvores

Uma das medidas mais simples, e a primeira que já estão sendo implementada, é a poda e o corte de árvores. A vegetação removida é estratégica, pois é a mais próxima da rede elétrica, e estimula a passagem de animais pela fiação.

5. Deslocamento de poste

No projeto está previsto o deslocamento de um poste, na rua Reinhold Laffin, distrito de Vila Itoupava. A intenção é o afastamento de cabo que está próximo de árvores no local. Já na rua Everaldo Bauer será removido um estai, que é uma estrutura que sustenta um poste localizado em uma curva.