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Conheça Ewald Jan Scherner, sobrevivente da 2ª Guerra e migrante dos séculos XX-XXI

Capa: Ewald Jan Scherner na Suíça – 17 de junho de 2018.

Em 16 de maio de 2024 nos despedimos de uma pessoa que não passou desapercebida em Blumenau, na Alemanha, na Suíça, na Polônia e outros países da Europa. Deixou sua marca, como o fez em nossa trajetória profissional, pois foi nosso primeiro gerente, na cidade de Blumenau, à qual acabávamos de conhecer, como estagiária de eletrotécnica – em 1981.

Waltec S.A. Indústria e Comércio onde conhecemos Ewald Jan Scherner – Salto Weissbach, Blumenau/SC – Década de 1980.
Waltec S.A. Industria e Comércio onde conhecemos Ewald Jan Scherner – Salto Weissbach, Blumenau/SC – Década de 1980.

Ewald Jan Scherner – gerente no Setor de Projetos – Seproj – na Waltec S.A. Indústria e Comércio

Éramos estagiária de eletrotécnica no Setor de Projetos – SEPROJ e depois, atendendo ao nosso pedido – no setor de montagem de quadros, mesas e painéis elétricos, de força e comando elétricos, que também estava sob a sua gerência.

Conhecemos a Waltec S.A. Indústria e Comércio e o engenheiro Ewald Jan Scherner em uma das muitas viagens de estudos de que participamos como estudante, durante o curso técnico de Eletrotécnica da Escola Técnica Federal de Santa Catarina – ETFSC – Florianópolis, em 1981.

Sua história de vida foi peculiar, triste e cheia de desafios encarados, e alguns vencidos por sua determinação.

Sua vida

Scherner nasceu em 11 de agosto de 1942, na cidade de Baborów, terra ancestral de seu pai, localizada na atual Polônia, a 80 km do campo de concentração de Oświęcim (em alemão: Auschwitz).

Ewald Jan Scherner foi uma criança que sobreviveu a 2ª Guerra Mundial, para a qual perdeu seus pais, fato que o marcou profundamente. Scherner cresceu em um orfanato montado em um castelo, distante de sua cidade natal, e cresceu ali sem saber nada sobre sua família e suas origens.

A cidade onde nasceu, Baborów é um município a Sudoeste da Polônia, na Voivodia de Opole, no condado de Głubczyce e é a sede da comuna urbano-rural de Baborów. Antes da 2ª Guerra Mundial, fazia parte do território da Alemanha. Geograficamente, está situada no sopé dos Sudetos, no rio Psina. Sua população média atual é de 2.933 pessoas (em 2017).

Localização da cidade natal de Ewald Jan Scherner, na atual Polônia.

Jan Ewal Scherner, como muitos que fizeram parte da guerra, na Europa, involuntariamente, em um dado momento, quis compreender o que realmente acontecera com sua família.
Antes disso, viveu 13 anos no Orfanato do Schloss Falkenhof.
Ele e seu irmão, Siegfried Scherner, foram transferidos para um local de crianças. Mas o que aconteceu com seus pais? Descobriu depois de adulto, o que houve com eles. Os meninos Scherner não conheceram seus pais e cresceram como órfãos. Viveram por 13 anos no orfanato que funcionava em um castelo, conhecido Schloss Falkenhof, localizado em Nibelungenstraße 109, 64625 Bensheim, Alemanha, muito longe de sua cidade natal.

Schloss Falkenhof.

Infância – Schloss Falkenhof – 2 anos até 15 anos

Schloss Falkenhof.

O pequeno Ewald Jan Scherner sempre lamentou não ter conhecido sua mãe, desde seus dois anos, juntamente com seu irmão Siegfried Scherner, de três anos, viveu no orfanato, o Schloss Falkenhof.

Felizes são aqueles que ainda têm sua mãe ou que puderam conviver com ela em harmonia por muito tempo. Eu não conheci minha mãe e, portanto, nunca pude dizer a ela: “Mãe, eu te amo”. Cresci com meu irmão, que nasceu em 20 de janeiro de 1940 como órfãos, em um castelo. Esse foi meu lar por 13 anos. Ewald Jan Scherner

Schloss Falkenhof

Entre os anos de 1894/1898, Ferdinand v. Marx de Frankfurt am Main, adquiriu uma extensa área do Barão Ernst Sigismund Pergler von Perglas, que era dono da propriedade Falkenhof e que ainda possuía a mansão. Em 1901, Von Marx construiu no local uma villa semelhante a um castelo, ao qual deu o nome de Schloss Falkenhof.

Ele havia enriquecido muito com a construção de ferrovias e investimentos industriais. O Schloss foi construído pela empresa de Frankfurt, Philipp Holzmann, que também esteve nas obras da ferrovia de Bagdá.

A construção foi colocada na parte mais alta do terreno, à esquerda e à direita do ribeirão Lauter e da Nibelungenstrasse. Áreas de terra e vinhedos em outras partes do distrito de Bensheim, também faziam parte desta propriedade. A área total somava 20 hectares.

Von Marx viveu no castelo com sua esposa, filha do banqueiro de Frankfurt Hauck, até 1938 e foi, então, forçado a abandonar sua residência sob o regime nacional-socialista. O castelo e seus pertences foram para o “N.S.-Volkswohlfahrt”, segundo Ewald Scherner: Organização Nacional Socialista de Bem-Estar do Povo.

Inicialmente, o Schloss Falkenhof foi transformado em uma maternidade para a organização de ajuda de mães e filhos. No início da 2ª Guerra Mundial e Schönhof tornou-se a residência oficial do prefeito de Bensheim; e a fazenda Falkenhof, a parte do Lauter, foi vendida para Wolff-Geräte, em 1942.

Ewald Jan Scherner tinha dois anos de idade e seu irmão Siegfried, três anos e já eram considerados como órfãos. No local, Ewald Jan Scherner viveu 13 anos de sua vida ao lado de outros 12 órfãos, entre eles, seu irmão. Quando saiu do local, já era um jovenzinho de 15 para 16 anos de idade.

Arquitetura Schloss Falkenhof

Schloss Falkenhof.

O Schloss Falkenhof é a construção mais monumental e impressionante da Bergstrasse, no estilo historicizante inglês do final do século XIX. Construída, apresenta fachadas diferenciadas em todos os lados com numerosas empenas curvas, torres e torreões, águas-furtadas, alpendres e ampliações, varandas, janelas salientes e terraços.

A diversificada paisagem do telhado (cobertura de ardósia) é animada por inúmeras chaminés. Impressiona também a enorme subestrutura com balaustrada do edifício construído na encosta. Os tijolos foram utilizados como material de construção, mas foram revestidos em todos os lados com basalto verde de Vogelsberg. As peças arquitetônicas de destaque (esquadrias, varandas, topos de empena, portais) foram feitas em arenito amarelo.
No interior, o mobiliário fixo de alta qualidade do rés-do-chão ainda está totalmente preservado: o grande corredor com parquet, painéis de parede e teto, e no canto sudoeste a escada tripla de madeira com balaústres e anexos de leão. A antiga sala da biblioteca com abóbada de berço também é ricamente decorada com painéis, e o papel de parede de couro original também foi preservado. Os restantes quartos do rés-do-chão apresentam uma decoração classicista, com colunas ionizantes, espelhos de parede com medalhões emoldurados por festões, molduras multi-perfiladas nas paredes e no teto e painéis de parede em caixotões.

Schloss Falkenhof.

Ewald Jan Scherner descrevia o local, através de uma fotografia, onde mostra uma sala grande com uma porta de vidro que levava ao jardim de inverno. Também mostra outra fotografia, de 1949, onde há uma piscina construída pelos americanos. A escada e muitos outros painéis de madeira eram de carvalho. Havia uma lareira em todos os grandes salões. Os ambientes estavam conectados a um sistema de aquecimento central. Um deles, um pequeno quarto era o local para os doentes, o que seria um pequeno hospital. Scherner mostrou imagens do local e em uma destas imagens está com demais crianças em uma mesa.

Piscina, construída pelos americanos.

Escada de carvalho.

Ao fundo, da mesa, o pequeno Ewald Jan Scherner.

Atualmente o local do Schloss Falkenhof é utilizado pela Caritas como ambiente de reabilitação de dependentes químicos.

Scherner se formou engenheiro eletrônico, na Alemanha, sem informações sobre sua origem e a história de seus pais. Suas memórias se limitavam ao tempo vivido no orfanato do Schloss Falkenhof e de seu irmão Siegfried Scherner.

Depois de formado, viajou pelo mundo e em 1967 chegou pela primeira vez ao Brasil. Casou-se no ano seguinte, em 1968, Blumenau,  com Rita (Lindholm) Scherner (1934 – 1924), e mudaram-se para a Alemanha.

Nesta empresa alemã, trabalhou como engenheiro eletrônico, estava casado.
Casa dos Scherner, na Alemanha entre 1970 e 1974. Fotografia Ewald Jan Scherner.

Nessa casa, Ewald Jan e Rita moraram entre os anos de 1970 e dezembro 1974. Nesse tempo, Scherner fez uma pós-graduação em Mannheim – 4 semestres, período entre 1972 e 1974.

Stadtplatz de Mannheim, cidade onde fez a pós-graduação.
Estágio de eletrotécnica na Waltec SA, setor em que Ewald Jan Scherner era gerente – 1981.

Em 1975 foi contratado, na Alemanha, para atuar na Walter Schmidt, localizada no Alto da Rua XV de Novembro. Durante suas atividades profissionais, sofreu um acidente sério de trabalho, na cidade de Blumenau, no térreo de um edifício localizado na Alameda após uma inundação. Em função da umidade presa no ambiente fechado, quando Scherner apontou o dedo para algo, viabilizou uma descarga elétrica de média tensão, a partir de um equipamento em curto circuito. Sofreu queimaduras generalizadas, onde teve que fazer transplantes de pele. Quando o conhecemos, no início da década de 1980, ele atuava na fábrica do mesmo grupo que o contratou –  Waltec S.A. Indústria e Comércio – e ainda se submetia ao tratamento. Nesse tempo, ainda na década de 1980, já tendo voltado ao trabalho, começou a investigar sobre sua família e o lugar onde nascera. Foi no início dessa década, que o conhecemos, como gerente da citada empresa, onde iniciamos nosso estágio de eletrotécnica, em julho de 1981.

Como gerente sempre foi uma pessoa operante, metódica, muito séria, emotiva e detalhista. Ewald Jan Scherner aparentemente apresentava uma distância entre si e seus comandados, mas era somente uma reserva de proteção em torno de si.

Ouvia, considerava e era generoso com uma emoção extrema, embora contida.

Acompanhamento do estágio assinado por Ewald Jan Scherner.
Acompanhamento do estágio assinado por Ewald Jan Scherner.
Baborów, Polônia.

Nessa década de 1980, sentiu a necessidade e vontade de saber mais sobre sua família, que não conheceu, em função da 2ª Guerra Mundial. Após a queda do Muro de Berlin, em 9 de novembro de 1989, Ewald Jan buscou mais dados sobre os fatos ocorridos com sua família e na sua cidade natal. Em 1991, na companhia de sua esposa Rita e de seu irmão Siegfried, foi até a Polônia, onde visitaram Baborów.

Baborów, Polônia – cidade natal de Ewald Jan Scherner.

Eu nasci em Baborów, perdi meus pais para a guerra. Eu voltei para casa 4 vezes e adoraria viver lá. Mas como a Alta Silésia era alemã antes da guerra, não consigo autorização para o passaporte polonês. Meu primo mora em Raków. Quem pode me ajudar? Ewald Jan Scherner – 4 de março de 2023.

Certidão de Nascimento original de Ewald Jan Scherner. O nome de sua mãe era Franciszna.

Nesse momento Ewald Jan encontrou seu passado e sua história, residindo em Blumenau háuns 15 anos.

Igreja do Cemitério de Baborów. Fotografia de Ewald Jan Scherner em 18 de junho de 2018.

Eu fui a primeira vez para minha cidade natal na Polônia e achei lá parentes diretos. Eu fui mais três vezes para lá. Essa é a minha pátria, que eu perdi. Meu pai não concordou com o Hitler e não quis participar dessa guerra. Ele se escondeu mas foi achado por eles e foi preso. Em 1944 ele foi jogado do 3° andar de um prédio e morreu. Eu estava com 2 anos. A minha mãe pegou meu irmão e a mim e fugiu da nossa terra. Ewald Jan Scherner – 18 de junho de 2018.

Mapa feito por Scherner em 2018.
Campos de sua terra natal, na Polônia, registrado por ele em 2018.

Minha cidade natal é muito bonita. Ewald Jan Scherner – 2018.

Campos de sua terra natal, na Polônia, registrado por ele em 2018.
Traje típico da região de sua terra natal. Foto Scherner 2018.
Traje típico da região de sua terra natal. Foto Scherner 2018.

Na Polônia ele encontrou uma das irmãs de sua mãe Franciszna, que ainda residia na casa de seus pais, os avôs de Ewald Jan Scherner. A partir de sua tia, que não acreditava que o encontraria depois de mais de 50 anos de separação, soube muitas coisas sobre seus pais. Seu pai, que nasceu em 6 de março de 1909, em Baborów, foi morto pelo exército alemão em 24 de agosto de 1944, com a idade de 35 anos. Sua mãe Franciszna nasceu em 12 de maio de 1915 em Raków, Polônia. Ewald Jan ouviu sua tia contar que após a morte do pai e a invasão russa na Polônia, sua mãe fugiu com ele, que tinha 2 anos de idade, e seu irmão Siegfried, com três anos, para a Tchecoslováquia, de onde foi deportada. Então Franciszna fugiu com os filhos para a Áustria, para região de Salzburg. Scherner, a partir de sua pesquisa, descobriu que sua mãe também foi expulsa da Áustria, porém, ele não conseguiu descobrir para onde ela foi com seus filhos. Depois descobriu que ela fugira para o Oeste da Alemanha e morreu em 12 de junho de 1946 em decorrência de um estupro durante a fuga. Tinha 31 anos.

Soubemos que Scherner encontrou uma meia irmã, fruto dos maus-tratos a que sua mãe fora submetida durante a guerra, enquanto fugia. Ele visitou sua meia irmã e não se sentiu confortável, pois lembrava das dores de sua mãe.

Não consegui encontrar o local do túmulo. Eu tinha 3 anos, 10 meses e 1 dia de idade quando minha mãe morreu. Senti muita falta de minha mãe durante a minha vida. Ewald Jan Scherner – 7 de maio de 2023.

Este casal era conterrâneo seu e de seus pais. Sobreviveram à 2ª Guerra Mundial e conheceu os pais de Ewald Jan Scherner. Reencontros.

Em 1988, em Blumenau, uma decisão sua idealista o fez perder para sempre, o passaporte alemão. Resolveu concorrer a uma vaga para a Câmara de Vereadores de Blumenau, e para isso, abriu mão de sua cidadania alemã, e assumiu a nacionalidade brasileira, que não mais conseguiu reverter. Talvez isso explique sua tentativa, em 2023, em conseguir a cidadania dos pais, polonesa, mas também não teve êxito.

Ewald Jan Scherner concorreu a uma vaga à vereança de Blumenau pelo partido PFL, Nº 25648 e somou 64 votos nas urnas. Esse foi o preço de ter aberto mão de sua cidadania alemã, em detrimento de um ideário no qual acreditava.

Ewald Jan Scherner nunca deixou de visitar a Polônia e a Alemanha. Encontrou familiares por lá e mantinha laços estreitos com estes. No Brasil ele se casou com Rita (Lindholm) Scherner (1934 – 1924) em 1968 e o casal não teve filhos. Residiam na rua Pastor Oswald Hesse.

Sua residência, única, em Blumenau SC, Brasil.
Com o irmão Siegfried Scherner e o sobrinho, na Grécia. Siegfried e família viviam na Grécia. Em 19 de julho de 2018.
Alemanha, com sua prima, 16 de junho de 2018.
Com seu irmão Siegfried Scherner, a esposa Rita, sua prima, seu sobrinho e a esposa de seu irmão, sua cunhada. 3 de outubro de 2018. Alemanha.
Ewald Jan Scherner sempre foi amigo do Maestro Siggi Hipfl da Götz Buam. Visitavam-se mutuamente. Na última vez que visitou o famoso maestro, este já se encontrava enfermo, hóspede de uma Casa de Repouso. Fez o registro em 22 de março de 2017, em Bamberg. Foi o último encontro dos amigos.
Ulla e um de seus filhos em Waalwijk-Holanda. Ulla foi sua colega de orfanato – no Schloss Falkenhof. Moraram juntos por 10 anos, no orfanato.
Sua prima Cecylia, filha de sua tia Adelheid, irmã de sua mãe, com o marido. Polônia. 19 de junho de 2018.

Scherner se aposentou-se em julho de 2007, em Blumenau, mas continuou trabalhando no mesmo local, onde o conhecemos – a Waltec Eletroeletrônica. Isso aconteceu até o momento, que a empresa deixou de ser familiar, em 2008, e tornou-se uma multinacional e não demorou muito para se desligar definitivamente dessa história.

Nunca parou de prestar consultoria, na sua área, para empresas privadas e públicas. Sempre teve opiniões fortes e embasadas sobre a sociedade, suas práticas e sobre a política. Possuía uma personalidade forte, evidenciada durante suas manifestações de seu ideário e posicionamentos.

Seus últimos anos de vida, não foram menos dolorosos, que seus primeiros anos de vida. Em uma bateria de exames preventivos, foi orientado a fazer uma cirurgia “corretiva”. Isto há mais de 10 anos, na década de 2010. Scherner fez a cirurgia, que lhe trouxe consequências irreversíveis.

Durante o procedimento, houve uma lesão na região de sua mandíbula que afetou sua audição e o equilíbrio cognitivo. Foi para a Alemanha e foi constatado que ele foi submetido a uma intervenção desnecessária o que lhe trouxe problemas, dentro de um processo que não se poderia corrigir. Ficou surdo e aqui, tentou processar o profissional, o hospital e o plano de saúde. Sem êxito. Com isso, não podia falar ao telefone, pessoalmente, somente através de textos escritos, como também, não possuía mobilidade e independência, depois de tudo que fez e viabilizou na sua trajetória de vida.

Nas últimas semanas a minha situação piorou muito. Parei no Hospital por alguns dias.
Semana passada fui feita uma Tomografia Computadorizada da cabeça.
Fui encaminhado para um Neurologista no Hospital Universitário. A consulta será no dia 22 de abril.
No dia 28 de abril tenho uma consulta na Clínica Neurológica e Neurocirúrgica em Joinville. Nessa clínica têm 19 médicos, todos eles ligados à Neurologia.
Estou fazendo treino de equilíbrio multimodal e interdisciplinar. Os médicos da Escola Superior de Medicina em Hannover na Alemanha, onde eu fui examinado durante 3 semanas, recomendaram esse treino urgentemente.
Muita gente não está entendendo a situação. Aqui não se trata de uma doença, mas de sequelas da cirurgia mal-feita e por cima, irreversíveis.
Estou tentando conviver com isso, o que não é fácil. O pessoal olha para mim e não consegue enxergar qualquer problema. Aparentemente estou a pessoa mais saudável do planeta.
Com o treino de equilíbrio multimodal e interdisciplinar eu consigo controlar razoavelmente o meu cérebro em relação ao equilíbrio. Mas uma bengala é necessária, quando vou para a cidade á pé.
E. Jan Scherner – 18 de abril de 2014.

Não estou muito bem. Quase totalmente surdo, sem equilíbrio com quedas constantes. Como consequência ocorre rompimento dos tendões dos ombros. Cirurgias foram necessárias. Uma vez no ombro esquerdo e duas vezes no ombro direito. No dia 7 de março fui atropelado no estacionamento de Supermercado. É uma história longa. A minha situação piorou por causa disso. Na ambulância do SAMU que foi chamado, eu acordei e fui levado para o hospital. Ewald Jan Scherner – 31 de março de 2020

Scherner, como profissional da tecnologia e de pesquisa, estudava seu caso, perspicazmente.

Os médicos na Alemanha falaram que um RX ou uma Tomografia Computadorizada não mostram nada. Deve ser uma Ressonância Magnética de crânio. Na queda bati com a cabeça no piso do estacionamento, e como eu já tenho uma lesão cerebelar, e é paralisia neurológica do oitavo e quinto par crânio, surdez no ouvido direito e perda auditiva severa no ouvido esquerdo, no primeiro momento fiquei inconsciente. Quando a consciência retornou, não escutei mais nada, mesmo com aparelho auditivo. Me lembro que tinha muita gente ao meu redor. Eles tentaram me levantar o que não foi possível. Alguém chamou a ambulância do SAMU e eles me colocaram para dentro da ambulância. Como eu não conseguir entender nada, me comuniquei por escrito. O resto é o resto. Ewald Jan Scherner – 22 de março de 2020.

Ewald Jan Scherner faleceu em 16 de maio de 2024. Passou por sua vida com toda sua importância, disciplina, determinação e amizade sincera nutrida aos seus amigos próximos. Sua esposa Rita faleceu duas semanas antes, em 2 de maio de 2024.

Um imigrante dos séculos XX-XXI, de Blumenau. Também foi um pioneiro em várias frentes e, como um pioneiro do século XIX e início do século XX, não teve uma vida muito fácil.

Um Registro para a História.

 

Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twitter)

Referência

  • HESSEN. Kulturdenkermäler in Hessen. Bergstraße, Landkreis Bensheim, Nibelungenstraße 109 Schloss Falkenhof. Flur: 11 Flurstück: 108/6. Disponível em: https://denkxweb.denkmalpflege-hessen.de/28806/ . Acesso em 17 de maio de 2024 – 13h54.

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