Conheça Douglas Grubel, o blumenauense que atravessou a América Latina de bicicleta

Aventura por 17 países durou três anos e cinco meses e se tornou livro

Douglas Grubel tem 30 anos, é blumenauense e morou a vida inteira no bairro Testo Salto. Formado em História na Universidade Regional de Blumenau (Furb), ele escreveu um livro de conto fictício – contendo pitadas de autobiografia – quando ainda estava na faculdade, em 2012. Além disso, atuou como professor em escolas de Blumenau.

Apesar de já ter “história” para contar, é outro feito que fez Douglas motivo de uma reportagem. Ele percorreu de bicicleta 17 países da América Latina em três anos e cinco meses, entre 2016 e 2019. Mesmo com a grandiosidade da façanha, a viagem não foi verdadeiramente planejada, mas uma espécie de vários acasos.

Todo o trajeto feito por Douglas durante as viagens. Arte: Douglas Grubel

Primeiro porque pedalar nunca foi hobby ou esporte para o blumenauense. Ele utilizava a bicicleta como meio de transporte: ir trabalhar, ir à farmácia, mercado, padaria. Mas pouco antes de se aventurar pela América Latina ele fez uma primeira viagem, de 10 dias até o Paraná, apenas pedalando.

“Ali eu percebi que não era tão difícil. Que eu conseguiria percorrer distâncias maiores, fazer viagens mesmo”, conta Douglas.

Por isso em 2015 ele decidiu que no ano seguinte iria para Minas Gerais de bicicleta. Não aceitou mais aulas para 2016, guardou uma pequena reserva em dinheiro e partiu para conhecer o estado com muitas cidades e lugares históricos – motivo pelo interesse do até então professor.

Porém, ao chegar, Douglas não conseguiu apenas dar a volta e retornar para casa. Ele decidiu mudar o objetivo da viagem e conhecer mais o Brasil. O blumenauense continuou subindo, chegou ao Centro, ao Nordeste e ao Norte do país.

Douglas conheceu o Amazonas, no Norte do Brasil. Foto: Douglas Grubel/Arquivo pessoal

Em todos esses lugares ele se relacionou com muitas pessoas. Aliás, fazia uma espécie de entrevista com algumas delas, perguntando “qual é a sua dor?”. Em meio a esse tanto de gente, em Belém, no Pará, ele conheceu uma holandesa.

“Ela também era cicloviajante e me contou que já havia morado no México. Falou muito de lá. Fiquei tão interessado que fiz meu passaporte, que eu não tinha, e decidi continuar a viagem”.

Ou seja, o que começou em uma viagem até Minas Gerais e já havia se transformado em Brasil, agora englobava outro país. E ele seguiu, foi até a Colombia, pegou um Veleiro, passou por Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, Belize e enfim México.

“Imagina, eu que estudei muito sobre a história do Império Asteca, dos Incas, sendo que tudo que vi era em livros. Mas de repente estava lá, de bicicleta. Conheci aquelas pirâmides, Macho Pichu, foi uma satisfação muito grande”, relata Douglas.

Douglas durante visita a Teotihuacan, no México. Foto: Douglas Grubel/Arquivo pessoal

Estando no México, o blumenauense percebeu que a viagem não poderia acabar daquela maneira, estando tão próximo a outros lugares que ele ainda queria conhecer. Por isso, dali partiu para Cuba – Aliás, Cuba foi o único local das viagens que Douglas usou avião, tanto para chegar, quanto para retornar à Colômbia.

Da Colômbia voltou a utilizar a bicicleta para percorrer pelos países da América do Sul – Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai – antes de voltar ao Brasil.

Mantimentos

Percorrer por 17 países durante três anos e cinco meses traz a curiosidade para detalhes importantes: como conseguir dinheiro? Como comer? Onde ficar? 

Douglas conta que, como a viagem inicialmente planejada tinha como foco apenas Minas Gerais, ele levou uma reserva pequena de dinheiro que havia feito. Naqueles primeiros momentos, ficava em pousadas e hospedagens, gastando esses recursos. A comida ele mesmo fazia, com equipamentos que possuía acoplado a bicicleta.

Um dos primeiros trajetos de Douglas, pela Bahia, ainda no Brasil. Foto: Douglas Grubel/Arquivo pessoal

Mas o tempo passou, os percursos foram aumentando e o dinheiro acabando. O blumenauense mudou a estratégia, começou a dormir em barracas, casa de pessoas que davam abrigo, Corpo de Bombeiros e até em acampamentos mais selvagens, como praias e natureza.

Em determinados momentos e lugares ele precisou trabalhar. E Douglas, que até então era um professor, aprendeu a ser servente de pedreiro, garçom, vendedor de brigadeiros, vendedor de artesanatos e outras diversas funções.

“Eu trabalhava quando precisava de dinheiro e ficava nos lugares o tempo que precisasse. Tanto por necessidade financeira ou pelos lugares que queria conhecer e passar. Então dependia muito, às vezes eram dias, às vezes semanas. Mas não ficava muito tempo parado, até para não perder o físico”.

Experiência e livro

Após sair do país por cima – Norte – e retornar por baixo – Sul – Douglas juntou as mais de centenas entrevistas, as experiências que teve em cada um dos lugares que visitou e as fotos que guarda de lembrança em um só lugar: um livro.

Livro foi lançado em junho deste ano. Foto: Douglas Grubel/Arquivo pessoal

Ele retornou a Blumenau e ao bairro Testo Salto em 2019, um pouco mais de um ano antes do início da pandemia. Desde então começou a escrever e em junho de 2021 lançou seu segundo livro, agora sem ficção.

Denominado “Sensível, mas não fraco. Forte, mas não rude”, o livro teve 300 cópias impressas, que estão disponíveis na Editora Rocinante e Amazon pela internet, Blulivros e Livraria Catarinense em Blumenau e também diretamente com Douglas.

“Com o livro eu penso que encerrei esse ciclo, da América Latina. Mas após matar a saudade da família e amigos, já estou planejando, ainda sem saber para onde, voltar a viajar no ano que vem, é algo que quero fazer”, concluiu o agora cicloviajante e escritor blumenauense.


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