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Conheça o projeto blumenauense underground que leva música eletrônica e experiências artísticas ao público

Além das edições em Blumenau, núcleo artístico já levou as festas para Florianópolis e Curitiba

Com o objetivo de levar a música eletrônica para diversos locais e proporcionar experiências únicas, surgiu o núcleo artístico independente Phobia Project. Criado em Blumenau e com todos os integrantes nascidos na cidade, o grupo já fez mais de dez festas em casas noturnas do município.

O Phobia existe com base nas culturas raver e clubber, caracterizadas pelos movimentos de contracultura, festas de música eletrônica de longa duração, performances de DJs e outros artistas, além da forte expressão através da moda e estética.

O grupo explica que o estilo pregado intensamente por toda essa cultura tem como prioridade a inclusão e a exteriorização sem qualquer medo de julgamentos externos.

Phobia Project/Divulgação

O que é o Phobia Project

Os três nomes por trás desse projeto, Jorge Domingos Júnior, Natasia Vieira e Natan Amboni de Souza, possuem em comum um grande apreço pelo Techno. O gênero musical é uma vertente da música eletrônica, reconhecido pelo uso criativo da tecnologia na produção, batidas bem marcadas, repetição e poucos elementos musicais.

Segmentado dentro de três vertentes do Techno: o Dark, Hard e Industrial, o projeto pretende levar sonoridades intensas. Porém, além disso, a proposta do Phobia é também abranger, através da arte, intervenções visuais, psicológicas, intuitivas e experimentais.

Os organizadores também são artistas e se apresentam em todas as edições das festas. Jorge e Natan compõem o duo de DJs TEGRON e Natasia possui o projeto de performance chamado MADDOX. Juntos, eles dividem as funções para que cada um tenha uma participação ativa no grupo e compõem a atmosfera do que é o Phobia.

“Nosso objetivo primordial é causar sensações físicas e psicológicas, sensações estas levadas por meio de sonoridades intensas e obscuras, intervenções visuais, intuitivas e experimentais impactantes. Todas estas formas de comunicação artística o conduz a uma reflexão de quem você realmente é, o que realmente lhe conduz e o faz deixar para trás todo e qualquer obstáculo que possa interferir nessa trajetória”, explicam os organizadores.

Como tudo começou

Desde muito jovens, os três integrantes já tinham contato com a música eletrônica. Porém, foi há cerca de oito anos que começaram a ter contato com o Techno. 

Eles contam que começaram a conhecer vertentes mais obscuras e massivas do gênero musical, geralmente em eventos underground – termo usado para se referir a uma cultura que foge dos padrões conhecidos pela sociedade e que geralmente não tem muito espaço na mídia.

Foto: Phobia Project/Divulgação

O Techno em Blumenau

Os fundadores decidiram criar o projeto em Blumenau por não identificarem movimentos voltados para essas vertentes na cidade. Eles compartilham que, por experiências próprias, sempre que queriam participar de eventos deste tipo, tinham que se deslocar para outros estados.

No entanto, apesar da intensa vontade de levar a arte para diversos espaços, o núcleo se depara com algumas dificuldades. Segundo eles, o preconceito relacionado a essa cultura, ainda é um obstáculo. Os artistas contam que a falta de conhecimento faz as pessoas se amedrontarem e demonizarem o trabalho deles. 

Eles também citam a falta de abertura que percebem para realizar edições em diferentes lugares, devido a preconceitos tanto com a estética, quanto com o som. Muitas vezes, eles lidam com definições como “inovador demais” ou “pesado demais”.

“Sentimos que às vezes a sociedade local subestima todo o poder artístico/cultural e social que uma cena dessa movimenta e desenvolve. É como se tivessem “medo” de receber algo diferente, simplesmente por ser novo e acontecer apenas, até então, em grandes centros nesse país”, desabafam.

Conforme os organizadores, tudo isso culmina com a falta de investimento por parte de casas noturnas em eventos deste gênero. O projeto ainda não possui poder aquisitivo para trazer grandes atrações, ou seja, a falta de esforços das casas é certamente um prejudicial para o grupo.

Foto: Phobia Project/Divulgação

Bombardeados por arte

Os organizadores ressaltam que as festas contam com investimento em uma forte ambientalização do local e seleção de artistas musicais e visuais, para que os frequentadores vivenciem uma imersão nessa cultura e sejam “bombardeados por arte”, como definem.

“Além de todo o investimento feito em ambientalização que efetuamos em todas as nossas edições, é muito importante frisar a quantidade de artistas extremamente envolvidos com a cena underground que se apresentam em todas elas. Por exemplo, em nossa última edição, se apresentaram em torno de sete DJs, seis performers e um live painting”, acrescentam.

Foto: Phobia Project/Divulgação

O evento também promete ser inclusivo e, para fomentar isso, fornecem listas de acesso grátis para pessoas transsexuais, drag queens, não binários e pessoas com deficiência. Além de uma lista de valor único, inferior ao primeiro lote, para pessoas pretas.

“Todo esse trabalho de inclusão, curadoria de artistas e investimento na estética do projeto, faz com que nossas edições possuam uma atmosfera extremamente intensa, marcante, às vezes até brutal. Fazendo com que todo integrante sinta-se totalmente livre e seguro, para ser e expor sua essência da forma como preferir”, afirmam.

Por onde passaram

O principal objetivo deles é difundir a arte que produzem para o maior número de pessoas possível e contribuir para a cena underground tanto de Blumenau, como de Santa Catarina e do Brasil. Um dos sonhos que possuem é a comercialização do selo Phobia Project para grandes eventos e festivais, para desenvolvimento de eventos em colaboração.

A maioria das edições até o momento foram realizadas em Blumenau. A primeira foi na casa noturna Don Pub. Em seguida, dez festas foram realizadas na Box Club. No entanto, como o intuito dos integrantes é que o projeto seja conhecido mundialmente, realizam parcerias com núcleos artísticos de outros locais.

“Trabalhamos forte toda a nossa relação com outros organizadores de selos pelo Brasil, e fora dele, com intuito de unirmos forças para o crescimento dessa cena. Com isso, desenvolvemos parcerias com vários núcleos, criando eventos em colaboração em ambos os locais”, explicam.

Até o momento, além de Blumenau, o projeto já assinou uma pista no Terraza Music Park, em Florianópolis, na edição Free Pussy Riot, e em Curitiba, onde desenvolveram um evento em colaboração com os núcleos Ciclo Coletivo e Castle Hard Party, chamado Tríade. A próxima edição do projeto também acontecerá em Curitiba, no dia 13 de Maio. Dessa vez, em parceria com o selo Coletivo 522.

Foto: Phobia Project/Divulgação

Aumento de público

Eles ainda ressaltam que nas últimas edições conseguiram desenvolver vans de várias outras cidades e estados, exclusivamente para os eventos do Phobia. Tanto para os que acontecem em Blumenau, quanto para os que se dão em outros municípios.

“A aceitação do público tem se tornado cada vez maior, tanto em Blumenau, como em outros estados. Sentimos nosso público aumentando gradativamente a cada edição, tanto em quantidade, como em adesão a todo esse lifestyle/estética”, afirmam.

Foto: Phobia Project/Divulgação

Conteúdos nas redes sociais

Além das festas, o Phobia Project também produz conteúdo para a Internet. Através de uma série de podcasts, que já está no episódio 136, eles apresentam, em aproximadamente 1 hora, DJs e produtores que mostram seus trabalhos e a bagagem musical que possuem.

Os episódios são disponibilizados no SoundCloud e no YouTube. O grupo também produz teasers dos eventos, aftermovies que mostram como foi, e transmissões ao vivo, além de cobertura fotográfica em todas as edições. 

“Enxergamos que toda essa presença online é algo fundamental, quando se quer educar determinado público sobre algo que ainda não lhes é de conhecimento, ou ainda não é comum em seu dia a dia, devido a isso, investimos de forma assídua em todas essas mídias, com objetivo de disseminar toda a nossa arte e torná-la presente na rotina das pessoas”, destacam.

Em Maio deste ano, o Phobia iniciará uma “free download series”, onde farão o lançamento de faixas produzidas por produtores musicais de todo o mundo com download gratuito habilitado.


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