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Conheça pessoas que ainda usam máscaras em Blumenau após oito meses sem obrigação

Médico infectologista critica flexibilização e considera exemplos as pessoas que ainda usam máscaras

O uso de máscaras deixou de ser obrigatório em Blumenau em março deste ano. Em unidades e estabelecimentos de saúde, que eram as últimas a ainda com a determinação, também já estão liberadas desde outubro. Mas, mesmo assim, ainda existem pessoas que permanecem utilizando a proteção nas ruas da cidade.

Apesar de raro, é possível vê-los, principalmente em ônibus, aplicativos de transporte e em ambientes fechados como supermercados e shoppings.

Um deles é Lucas Liesenberg, de 26 anos. Por possuir algumas comorbidades, ele continua usando as máscaras o tempo inteiro, diz que se sente mais seguro caso esteja as utilizando. O jovem tem obesidade, pré-diabetes e hipertensão.

“As comorbidades sempre vão ser o principal atenuador de qualquer doença, principalmente respiratória. Então uso sempre, desde para levar o lixo, até para trabalho externo. Eu trabalho em casa, mas como lido com clientes e fornecedores de obra, é bastante gente para ter contato, então continuo usando a PFF2”, conta o arquiteto.

Apesar de se sentir seguro – e ter motivo para isso, já que não pegou Covid-19 em todo esse período – ele relata que ainda fica receoso em algumas oportunidades, devido às outras pessoas. Segundo Lucas, muitos não respeitam as distâncias, principalmente quando estão tossindo ou espirrando.

“O ideal era não precisar usar, mas por enquanto não vejo um futuro onde eu vá sair tranquilamente para ir numa consulta médica, mercado e afins sem usar a máscara”, concluiu.

Além de Lucas, que se estiver na rua estará com máscara, existem aquelas pessoas que utilizam apenas nos lugares onde se sentem mais indefesas, como é o caso de Camila da Rosa Hostin, de 28 anos.

“Eu uso quando estou em Uber, hospital, farmácia, elevador, enfim ou quando tem muita gente ao redor. Tenho asma, então mesmo depois de tomar a terceira dose, ainda tenho receio de me contaminar e contaminar os meus pais. Meu pai pegou covid em novembro de 2020, antes da vacina, e ficou muito mal. Teve pneumonia e quase foi internado”, conta ela.

A desenvolvedora trabalha de forma híbrida, ou seja, às vezes em casa e às vezes em escritório. Desta forma, precisa usar a máscaras em diversas oportunidades. Assim como Lucas, ela também ainda não consegue se sentir segura sem a proteção.

“Espero um dia me sentir segura para isso [deixar de usar máscaras], mas não vejo isso acontecer num futuro muito próximo”.

O que afirma um infectologista

Para o médico infectologista Amaury Mielle, os dois deveriam ser considerados exemplos. Ele, que é crítico da flexibilização, afirma que as máscaras são o principal símbolo de resistência da pandemia e que não deveria ter sido deixada de lado.

“As pessoas já estavam aglomerando. Festas cheias, os ônibus abarrotados, estava tudo normalizado já, mas as máscaras ainda eram a única ferramenta de prevenção utilizada”, explica.

Por ser profissional de saúde e conviver diariamente com idosos, pessoas com doenças – sendo várias delas respiratórias – o médico também permanece usando. Ele relata que vê a atitude como algo mais coletivo do que individual.

“Acho que essas pessoas que continuam usando máscaras têm um espírito empático que deveria ser repetido pelos demais. Quando você está usando máscara, está usando para si e para o próximo. É uma preocupação com quem você se relaciona. Então admiro quem continua com esse senso de responsabilidade social”, afirmou.

Mielle condena principalmente a liberação nos ambientes de saúde. Ele destaca uma “falta de embasamento” nos decretos liberatórios, que segundo ele, ocorreu em todas as decisões durante a pandemia.

“Modéstia à parte, quem entende de Covid somos nós [infectologistas], mas não há nenhum atuando junto daqueles que decidem essas liberações. Nem em âmbito federal, estadual ou municipal”, opinou.

Ele ainda lembrou que os casos da doença ainda existem, mas estão sendo subnotificados. Ou seja, poucas pessoas estão fazendo exames e estão confundindo a Covid-19 com gripes ou quaisquer resfriados considerados comuns. Para ele, isso vem dando uma falsa sensação de que a pandemia acabou.

Por isso, Amaury Mielle afirma que concorda em partes com a frase de que é preciso conviver com a Covid-19, mas que isso não pode se confundir com o fingimento de que ela não existe.

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