Conheça quatro casais que oficializaram a união no 7º Casamento Coletivo de Blumenau

Mais de 200 famílias foram até o Parque Vila Germânica neste sábado para dizer "sim"

Duzentos e dezesseis casais se reuniram no Parque Vila Germânica neste sábado, 31, para dizer “sim”. A 7ª edição do Casamento Coletivo estava marcada para começar no Parque Ramiro Ruediger, mas a entrada precisou ser cancelada por conta do céu nublado que ameaçava chuva a qualquer momento.

Entretanto, o tempo ruim não desanimou as centenas de famílias que foram ao local celebrar o amor e união dos entes queridos. A expectativa da Prefeitura de Blumenau é de que havia cerca de três mil pessoas no local, entre testemunhas e convidados.

Alice Kienen

O casamento civil aconteceu no Ginásio Galegão, enquanto a celebração religiosa foi no setor 3 da Vila Germânica. O espaço também abrigou uma confraternização com as famílias dos noivos, com presentes de empresas blumenaueneses e a madrinha dos noivos, a apresentadora Chris Flores.

A celebração é promovida pela Pró-Família a cada dois anos. Desde 2007, 2.328 casais já participaram. O Município Blumenau esteve no Parque Vila Germânica e conversou com quatro casais que aproveitaram a oportunidade para oficializar a relação.

Um romance que atravessa regiões

Luciene Bezerra de Souza nasceu na Bahia, no Nordeste brasileiro. Edeval Alves de Almeida veio de Minas Gerais, no Sudeste. O estado onde eles se encontraram foi o Pará, no Norte do país. E foi aqui no Sul, em Blumenau, que o casal oficializou a união.

Edeval era capataz de uma fazenda paraense quando um dos amigos, que comprava gado dele, resolveu apresentá-lo à filha da dona de um restaurante que ambos frequentavam. Foi lá que ele conheceu Luciene.

O casal (à direita) trouxe a irmã de Luciene para ser testemunha da união. Foto: Alice Kienen

Esta data, 5 de agosto, recém completou 30 anos. E eles resolveram celebrar com o casamento. Uma das quatro netas do casal foi a daminha da união. Eles já têm três filhas, que acompanharam este amor.

“Queria conhecer ela bem de perto antes de casar, pra depois nenhum dos dois poder reclamar”, brinca Edeval. E Luciene concorda: “Agora tenho certeza de que é amor verdadeiro mesmo”.

Um reecontro de almas

Na contramão da maioria dos casais no Casamento Coletivo, Felipe Rodrigues Severino e Lucian Rodrigues Corrêa Chaves estão juntos há menos de um ano. Entretanto, já faz três anos que eles se conheceram na internet.

Eles se reencontraram e planejavam casar no final do ano, mas a mãe de Lucian deu a ideia de eles aproveitarem a oportunidade de mostrar para as pessoas a união dos dois.

“A gente sabe que hoje infelizmente a gente precisa de uma jurisprudência que garanta esse direito e a gente quer que outras pessoas possam usufruir dele. Para nós, casar na cerimônia coletiva é também esse movimento de inspirar outros casais homoafetivos, pois não se tem muita visibilidade disso”, explica Felipe.

Felipe e Lucian entraram de mãos dadas no Ginásio do Galegão. Foto: Alice Kienen

De início, existia um receio sobre a recepção que eles teriam, mas Felipe e Lucian não apenas não foram os únicos, mas também foram muito bem recebidos. Eles fazem questão de enfatizar que o carinho da Pró-Família os surpreendeu.

“A Rosete [Rosa, gerente de eventos] sempre nos recebeu com um largo sorriso e tirou todas as dúvidas que tivemos”, conta Felipe. E Lucian completa: “Desde a primeira vez que fomos lá ela foi super atenciosa e disse que é super importante pra gente ter uma segurança e oficializar nosso relacionamento”.

O casal já mora junto e se considera uma família com três pequenos – os cães deles. Mas Felipe conta que eles têm planos de adotar uma criança em breve.

“A experiência foi maravilhosa! O frio na barriga, os preparativos, toda a emoção que envolve o casamento… Nossos pais e irmãos estavam presentes e nos apoiam e amam incondicionalmente. A celebração do amor e de um compromisso que precisamos firmar pro resto da vida”, comemora.

Inspiração para as filhas

Nilva Rodrigues e Valdir Boaventura estão juntos há 33 anos. Se conheceram em um baile de Blumenau e não esperaram muito para se juntarem. De acordo com ela, cerca de três meses depois deste primeiro encontro eles já moravam juntos.

A família cresceu nestas três décadas e hoje Nilva e Valdir têm quatro filhos, “dois meninos e duas meninas”, afirma Nilva, que ainda vê eles como crianças. Entretanto, a daminha da união foi a neta do casal, Iasmin.

A pequena é filha de Indianara, filha deles, que foi a testemunha da união ao lado do companheiro, Daniel. A família estava muito animada em oficialização o relacionamento de Nilva e Valdir. “É uma vida toda juntos”, comenta a noiva.

Indianara, filha de Nilva e Valdir, foi a testemunha da união ao lado do companheiro, Daniel. A filha do casal, Iasmin, foi a daminha dos avós. Foto: Alice Kienen

“A gente já tinha parentes que tinham casado pelo casamento coletivo, mas nunca achei que fossemos casar um dia. De repente deu a loucura nele e resolveu me pedir em casamento. Eu topei para dar exemplo para os filhos, né? Aí quando ele escutou na rádio que ia ter o casamento ele me pediu para marcar”, conta Nilva com toda naturalidade.

Segundo ela, foi depois do pedido do pais que as duas filhas resolveram casar também, e já estão com a festa marcada.

Uma história de cinema

Odair Soares e Alexandra Ribeiro se conheceram no cinema. Mas não se trata de um primeiro encontro às cegas. Na verdade, os dois eram funcionários do GNC Cinemas e acabaram se encontrando no Shopping Neumarkt.

Nove anos e três filhos depois, Odair resolveu servir de modelo para as crianças. Alexandra chegou a acreditar que se tratava de uma brincadeira, pois depois de quase uma década o pedido chegou.

“Tem que dar exemplo pras crianças, porque um dia vou querer exigir deles também. Já enrolei tempo demais”, brinca Odair.

Alexandra e Odair quiseram dar exemplo para os filhos, de 10, 3 e 6 anos. Foto: Alice Kienen

A vontade surgiu depois que ele ouviu na rádio a notícia de que haveria mais um casamento coletivo em Blumenau, e eles aproveitaram a oportunidade. Apesar de ter sido surpreendida com o pedido, Alexandra está tranquila com o futuro.

“Depois de nove anos eu não esperava mesmo, mas não estou muito ansiosa. A gente já sabe como vai ser”, conta.

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