Construção de Havan no antigo terreno do BEC é aprovada pelo Iphan; saiba o que falta para iniciar obra
Empresa aguarda posicionamento do Conselho Municipal do Patrimônio Edificado (Cope)
Por Cristóvão Vieira- 24/05/2021
- 16:31
Em busca da instalação da sua quinta loja em Blumenau, a Havan almeja construir no Centro Histórico da cidade. Embora o processo não seja tão simples – com a necessidade de tramitação e aprovação em conselhos municipais – um dos principais passos já foi conquistado: a aprovação no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
No dia 22 de abril, o Iphan deu o parecer técnico aprovando o projeto da nova loja que deve ficar no terreno do antigo estádio do Blumenau Esporte Clube (BEC). Este parecer favorável ocorreu mais de um ano depois dos primeiros trâmites desta solicitação no Iphan, que datam de 22 de janeiro de 2020.
Iphan recusou estátua
Primeiramente, o Iphan avaliou o impacto visual e ambiental da construção, fazendo solicitações de manutenção da vegetação e, inclusive, negando a presença no local da popular réplica da Estátua da Liberdade, que conta com 50 metros de altura.
“A proposta de construção de um monumento com 50 metros de altura, por sua vez, é inapropriada para o local (a altura equivale a um prédio de 17 andares, muito mais alta do que qualquer construção do entorno). Neste sentido, a altura da estátua pretendida não deverá exceder 15 metros, que é a altura média do prédio já existente nas proximidades”, informa o parecer. Diante deste posicionamento, a Havan abriu mão de ter uma estátua no local.
Outra situação que o Iphan solicitou para a Havan foi que a Igreja Luterana tivesse a vista preservada, ou seja, que a edificação não removesse a visualização da igreja por quem acessa as ruas Pastor Osvaldo Hesse e o início da Oscar Jenichen. Esse ponto também precisou ser reavaliado pelos responsáveis pelo projeto, obtendo a aprovação em sequência.
Próximo passo
Agora, o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural Edificado (Cope) terá de se reunir para dar um posicionamento sobre a construção. É o último aval necessário que a Havan precisa para iniciar a edificação.
De acordo com o presidente do conselho, Eder Boron, a reunião do Cope que decidirá sobre esta edificação será nesta quarta-feira, 26, às 14h.
“Esse processo precisa ser aprovado pelo COPE, por se tratar de implantação de edifício comercial, em área de interesse cultural. Não apenas por estar inserida no centro histórico da cidade, mas também no entorno de edificações de relevância histórica-arquitetônica, como a Igreja Luterana, que é tombada pelo Iphan”, explica.
Baron explica que o Cope é composto por representantes da sociedade civil e da administração pública, que tem a legitimidade para decidir se a edificação possui condições de ser implantada, conforme o projeto apresentado, no local de interesse cultural. Sem a aprovação do conselho, a obra não recebe alvará.
A reunião pode já definir a aprovação ou não do projeto. Contudo, pode ser que os conselheiros posterguem a análise para uma reunião posterior, ou até mesmo solicitem ajustes.
Conselho Cultural é contra
O Conselho Municipal de Política Cultural de Blumenau se posicionou contrário à construção da Havan no Centro Histórico. O grupo chegou a encaminhar para a Iphan um apelo para que não fosse concedida a autorização. No entanto, o conselho perdeu o prazo.
Embora não faça parte do processo de autorização das edificações, o conselho fez uma moção, chamada de “moção em defesa do Centro Histórico”, no qual pontuou motivos para que a Havan não seja construída no local.
“Entendemos que o projeto da nova Loja Havan não valoriza as particularidades de onde pretende se inserir. Os elementos presentes na fachada do empreendimento não possuem relação com a arquitetura blumenauense, aliás, como é de conhecimento, todas as lojas já construídas em outros locais possuem o mesmo tratamento de fachada, se tratando de um modo de construir que não leva em conta a cultura local, levando regiões a processos de globalização e perda de suas referências”, diz trecho da moção, que pode ser lida na íntegra na rede social do conselho.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Havan não respondeu até a publicação desta matéria.
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