Consumidoras lesadas por empresa de Blumenau são vítimas de golpistas
Saiba como funciona o golpe do Pix em dobro
Desde agosto do ano passado, a empresa blumenauense Legging Brasil coleciona reclamações na internet. As denúncias vão de produtos que nunca foram enviados até promessas de dinheiro de volta que nunca são cumpridas. Clientes relatam que não conseguem se quer entrar em contato.
Entretanto, em janeiro deste ano, o nome da empresa se envolveu em um novo escândalo. Perfis estão sendo criados no Instagram prometendo que o dinheiro será devolvido caso a pessoa realize uma nova transferência. O crime é conhecido como o golpe do Pix em dobro.
A denúncia foi feita pelo perfil @consumidorasbrasil, que se concentra em reunir clientes lesadas após a empresa começar a apagar comentários das clientes. A responsável, inclusive, já foi intimada por um advogado que afirmava representar a Legging Brasil para apagar o perfil.
Os primeiros relatos de estelionatários tentando aplicar o golpe vieram no início deste ano. O contato é feito através do Instagram, por perfis que se passam pela Legging Brasil. O primeiro perfil foi derrubado após denúncias. Entretanto, um novo foi criado e até já mudou o endereço e segue fazendo novas vítimas.
“As clientes estão há meses sem receber qualquer notícia da Legging Brasil. Eles realmente sumiram, não respondem, não dão qualquer satisfação. Foi um calote muito bem dado que as clientes não verão seu dinheiro de volta. Qualquer golpista que se passa pela empresa elas acabam acreditando, até porque a Legging Brasil fez a promessa que iria devolver”, opina.
No mesmo endereço da Legging Brasil funciona outra empresa blumenauense, a Sou Fit Store, que pertenceria aos mesmos donos. A marca recebe as mesmas reclamações, envolvendo produtos não enviados e falsas promessas de estorno.
Golpe do Pix em dobro
O golpe, que vem sendo aplicado há cerca de um ano, consiste em enganar a vítima, a levando a acreditar em um suposto bug na plataforma do Pix. Esta falha no sistema faria com que o dobro do valor transferido fosse estornado para a conta da vítima.
Ao enviar o valor para a suposta chave que teria o bug – no caso das consumidoras da Legging Brasil, o valor das compras – o dinheiro cai na conta dos golpistas. Uma das vítimas, inclusive, relatou que não tinha o montante na conta e foi orientada a realizar um empréstimo.
Contato era feito pelo Instagram
Após observarem que estavam sendo alvo de denúncias, os golpistas mudaram a forma como agiam. Ao invés de passar as instruções para a transferência pelo Instagram, onde a conversa ficaria registrada, passaram a pedir o WhatsApp das consumidoras para repassar o passo-a-passo por telefone. Com o contato mais pessoal, a coerção também se intensifica.
A carioca Grace Rial, 45, foi uma das que relatou a ação dos golpistas para a reportagem. Após comprar três calças legging por R$ 99 – promoção que teria levado muitos novos consumidores à loja – em agosto, ela ainda aguardava as peças quando foi surpreendida.
“O sistema de respostas automáticas do WhatsApp da Legging Brasil já tinha dito que por conta do tal incêndio viria entre novembro e dezembro, então fiquei tranquila. Nem tinha pressa. Mas em janeiro mandei nova mensagem e não tive mais nenhum retorno, nem telefonando”, conta.
Foi então que ela percebeu uma página seguindo ela no Instagram, se passando pela Legging Brasil. Ela enviou uma mensagem e rapidamente recebeu um pedido de desculpas e um atendimento ágil e detalhado, seguindo a mesma forma de tratamento da empresa. Até então, ela nem suspeitou da situação.
“Pediram meus dados para localizar o pedido e fiquei super feliz. Logo disseram que não tinham mais as peças que eu havia escolhido e que iriam me ressarcir. Foi então que me disseram que entrariam em contato pelo meu WhatsApp”, detalha.
“Não sei nem de quem reclamar primeiro”
Grace começou a estranhar a agilidade do atendimento e a disponibilidade da empresa. Quando a ligação caiu por falta de área, ela rapidamente recebeu mensagens no WhatsApp e no Instagram. Em seguida, o atendente telefonou novamente e tentava instruí-la a abrir o aplicativo do banco para “fazerem um trâmite juntos”.
“Ele insistia que o passo a passo só funcionaria com ele do outro lado da linha. Quando expliquei que não faria, ele começou a ficar agressivo. Disse que só poderia no dia seguinte e pesquisei na internet. Foi aí que descobri que era um golpe. Foi uma decepção dupla, porque achei que algum setor da Legging Brasil funcionava”, desabafa.
Grace já buscou a advogada para abrir um processo contra a Legging Brasil. A carioca não planejava processar a empresa, mas ao perceber o silêncio das páginas mesmo com os alertas das tentativas de golpe, achou melhor tomar a medida.
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