COP 30: quem é morador de Blumenau indígena LGBTQIAPN+ que será representante do povo Xokleng do Vale do Itajaí
Em 2023, Vitor foi um dos trinta indígenas aprovados no edital "Kuntari Katu: Líderes Indígenas na Política Global"
O morador de Blumenau e ativista Vitor Oliveira, de 20 anos, irá representar o Vale do Itajaí como o 1º representante indígena LGBTQIAPN+ do povo Xokleng na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30). É a sua primeira participação no evento, que acontecerá entre os dias 10 a 21 de novembro, em Belém, no Pará.
“Está sendo algo inexplicável e só de saber que estou carregando o legado dos meus ancestrais, isso me motiva a não desistir e jamais esquecer da minha raiz”, afirma.
Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30)
A COP 30 é um encontro global que acontece anualmente e reúne líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade para debater ações para combater as mudanças do clima. A conferência é um dos principais eventos do tema no mundo.
Em 2023, Vitor se inscreveu no edital “Kuntari Katu: Líderes Indígenas na Política Global”, do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), em parceria com o Governo Federal. Ele foi um dos trinta indígenas aprovados em um treinamento para atuar e participar da COP 30.
As principais expectativas do jovem ativista para a conferência são sobre a “questão da crise climática em relação aos nossos rios e às nossas árvores”. Como um exemplo dessa problemática, Vitor cita a Barragem Norte, de José Boiteux, que fica na terra indígena Xokleng.
“Acima dela, acontecem coisas como o envenenamento das águas, peixes morrendo, não tem saneamento básico para os povos indígenas e as comunidades locais que habitam lá”, elabora o ativista. “E na parte de baixo, que afeta o Vale do Itajaí até chegar no litoral, também enfrentamos coisas no contexto urbano. Podemos perceber na questão do aquecimento global e também a questão da água, que, em muitos lugares, falta água e até mesmo pelo motivo de estarem fazendo reaproveitamento.”
Vitor busca combater a crise climática ao oferecer para empresas produtos biodegradáveis, como lixeiras, talheres e outros materiais de uso diário. Para ele, uma das principais formas de cuidar do meio ambiente é evitar o consumo de plástico. O ativista conclui: “É algo que, se a gente combater quanto antes, podemos evitar futuramente uma catástrofe ambiental”.
“Somos as árvores plantadas por nossos ancestrais; não corte, plante mais futuro”, expressa Vitor.
Ativismo e mobilizações
Vitor Oliveira é ativista na causa indígena e LGBTQIAPN+, além de se considerar um protetor do meio ambiente. “Eu juntei as duas causas e montei uma mobilização só, que é onde faço parte desse movimento. E, para mim, o ativismo é algo que eu me inspiro em muitas pessoas, celebridades, amigos e colegas de estudo”, afirma.
Além da causa indígena e LGBTQIAPN+, ele busca apoiar e conversar com outras mobilizações e causas que também são importantes para ele, como o MST, a causa feminista e o movimento negro. “Foi através deles que eu tive essa oportunidade e conhecimento de estar interessado nessa área e estar desenvolvendo mais trabalhos através disso”, reitera.
Conheça a história do ativista
Vitor veio de uma família com sete irmãos da Aldeia do Coqueiro, no interior de Vitor Meireles, no Alto Vale do Itajaí. Ele trabalhou como costureiro por boa parte de sua vida e decidiu sair de sua cidade natal para estudar.
Sua história no ativismo começou quando ainda era criança. Vitor foi emancipado para seguir com a vida de ativista e viajar sozinho para as mobilizações que aconteciam em diversos estados. Ele atuou no Acampamento Terra Livre (ATL), a maior Assembleia dos Povos e Organizações Indígenas do país.
“Carrego comigo o legado do meu avô, Wei-Tchá Teie, guardião e protetor da causa indígena e minha maior inspiração”, ele afirma. “Meu avô foi uma grande referência no Vale do Itajaí, onde viveu sua infância na beira do rio Itajaí-Açu [em Blumenau].”
O jovem ativista relata que enfrentou obstáculos ao se assumir para os seus familiares. Por conta própria, saiu de casa para morar sozinho, estudar e trabalhar. Com o tempo, foi acolhido por sua comunidade novamente e incentivado a tomar posse do cargo de representante de seu povo.
“Me senti mais seguro em questão a isso e, hoje, temos uma relação saudável e posso carregar a bandeira dentro de meu território”, conta. Vitor Oliveira atualmente mora na aldeia urbana Jô Tô Coziklãg, em Blumenau.
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