Coplan realiza reunião para analisar construção de prédios ao lado do Parque São Francisco em Blumenau

Encontro acontece a partir das 14h desta quarta-feira

O Conselho de Planejamento Urbano de Blumenau (Coplan) irá realizar uma reunião a partir das 14h desta quarta-feira, 1º, sobre a construção de prédios ao lado do Parque Natural Municipal São Francisco de Assis, aos fundos do Shopping Neumarkt, no Centro de Blumenau.

Na reunião, o Coplan analisará o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) criado pela Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. O encontro acontece no salão nobre da Prefeitura de Blumenau.

O projeto

O projeto, criado após requerimento da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, prevê a construção de três prédios – sendo dois residenciais com 20 andares e 66 metros de altura cada e um comercial com oito pavimentos e 25 metros de altura. Ao todo, o empreendimento prevê área construída com mais de 32 mil m2.

Foto: Guter Engenharia de Solo – EIV Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

A pauta é antiga e vai e volta desde os anos 90. Um condomínio já foi cogitado para a mesma região, mas acabou não indo para frente após licenças.

O projeto atual também não é novo, já que é discutido desde 2019. O plano atual é prolongar a rua Ingo Hering para abrigar a construção. A área pertence à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, que doou o parque após solicitação da prefeitura para construir o parque.

Audiência pública

No dia 16 de janeiro, uma audiência pública foi realizada para debater a construção. De acordo com a empresa responsável, a Guter Engenharia de Solo, em todos os anos realizando EIVs, eles nunca haviam recebido tantas inscrições.

O fato de deve à movimentação do Grupo de Voluntários do Vale do Itajaí da Greenpeace, que iniciou uma campanha para fiscalizar o empreendimento. Segundo eles, os impactos das obras previstas não foram bem detalhados nos estudos publicados e apresentados até o momento.

Questões levantadas

Boa parte dos questionamentos dos presentes eram referentes ao impacto ambiental causado pela construção. Entretanto, uma nova audiência será realizada para apresentar o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).

Ainda assim, o público argumentou que, por se tratar de uma área vizinha ao parque, a preocupação era pertinente no Estudo de Impacto de Vizinhança. Lauro Bacca, ambientalista que participou ativamente da construção do Parque, mencionou sugestões que já havia repassado à Secretaria do Meio Ambiente em agosto do ano passado.

Entre elas, uma fachada verde para reduzir o impacto visual, a preocupação com o reflexo do sol da fachada de vidro no parque e uma Passa Fauna, que permitira que os animais se deslocassem pela região.

“A prefeitura cuida muito mal do nosso Parque. Depois do deslizamento de 2008, levou cinco anos pra reabrirem. E só por pressão da Acaprena. Temos potencial para 300 visitantes por dia, mas dá 200 mil ao ano. Sendo que é a área de Mata Atlântica mais bem estudada de Santa Catarina”, comentou.

Ambientalista Lauro Bacca. | Foto: Alice Kienen/O Município Blumenau

Leocarlos Sieves, conselheiro da Acaprena, também sugeriu a implantação de vidraça “bird friendly”, para evitar a morte de pássaros que pudessem bater no vidro. Em contrapartida, elogiou a compensação feita pela empresa de melhorar as calçadas da rua Ingo Hering.

Críticas à construção

Outra crítica dos grupos foi o comentário da Guter de que a fauna do Parque São Francisco não saía do local. Muitos que moram na região argumentaram que animais silvestres frequentemente são vistos nas redondezas. Eles, portanto, poderiam ser afetados pela construção.

Uma das voluntárias do Greenpeace, a advogada Vanessa Ramos, mencionou um laudo do Ministério Público que sugeria a doação do local para o Parque e a construção do empreendimento em outro endereço. A empresa responsável afirmou que o documento foi levado em consideração e que a obra ainda vai passar por outras autorizações.

A discussão, que ficou acalorada em alguns momentos, durou cerca de uma hora. Em seguida, a empresa partiu para os questionamentos trazidos pelos participantes on-online.

Impactos na região

Dentre os impactos analisados pela empresa, o principal é o aumento do trânsito em uma das ruas mais movimentadas da cidade. De acordo com a Guter, “na proporção, não é nada perto do que é o shopping e as demais imediações atuais”.

Para reduzir este impacto, a empresa precisa se comprometer com medidas mitigatórias compensatórias. Entre elas, estão a calçada no lado esquerdo da rua Ingo Hering e a realocação do ponto de ônibus da rua 7 de Setembro – que não foi detalhada.

Previsão de como condomínio ocuparia região. | Foto: Alice Kienen/O Município Blumenau

Outros impactos citados são na ventilação, sombreamento e impacto visual da região. O evento também contou com presença de representantes da Província Franciscana e Arlindo Ludwig, gerente do condomínio comercial do Shopping Neumarkt.

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