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Covid-19: confira dicas para ajudar no retorno do olfato e paladar

Perda destes sentidos é uma das sequelas mais comuns dos pacientes do coronavírus

A perda do olfato e do paladar é uma das sequelas mais comuns dos pacientes da Covid-19. De acordo com o médico otorrinolaringologista Guilherme da Cunha Galvani, é alto o número de pacientes que procuram ajuda médica após perceberem algum destes problemas.

“O olfato e o paladar estão intimamente ligados. A gente sé sente o gosto das coisas pois sentimos os cheiros das coisas”, explica.

Segundo Galvani, o problema acontece pois o vírus causa um processo inflamatório gigantesco dentro da mucosa do nariz. Então, é causado um edema, que é um inchaço dessa mucosa.

“Eu perco um pouco da estrutura das células dentro dessa mucosa e passo a não sentir o cheiro”, explica.

Galvani conta que a única forma de prevenir essas sequelas é não ser infectado pela Covid-19. Portanto, não há prevenção precoce, como o uso de medicamentos ou tratamentos.

Olfato e outros sintomas

Além da perda do olfato, ele conta que existem outros sintomas que começaram a aparecer depois da doença. Sendo um deles a cacosmia, que a pessoa acaba sentindo cheiros desagradáveis de odores que são agradáveis.

“Eu sinto o cheiro de um churrasco e acabo sentindo um cheiro de podre. Ou um paciente compra um carro zero, novo, entra dentro do carro e não consegue utilizá-lo, pois o cheiro para ele é como se tivesse ido em uma lixeira”, exemplifica.

Outro sintoma é a fantosmia, que é sensação de odores que não existem. Por exemplo, o pessoa está em um local sem odor, mas sente um cheiro ruim. Estes odores geralmente são descritos como pútridos, como de ovos podres ou fezes.

Tratamento

Galvani conta que outras doenças podem causar a perda o olfato, como gripes, resfriados ou sinusite. Então, é necessário uma avaliação médica antes de prescrever algum tratamento.

Contudo, ele conta que um tratamento comum, após o inchaço da mucosa do nariz, ou seja, nos primeiros dias da perda do olfato, é o uso de um medicamento, como o corticoide nasal. Outro tratamento indicado é a lavagem nasal, para evitar secreção. Além de outros medicamentos, dependendo da situação do paciente.

O médico ressalta que o tratamento para recuperar o olfato e o paladar é individual. É preciso analisar se o problema tem algum fator associado, como ter uma sinusite pós-covid. “Que talvez eu vou ter que entrar com antibióticos, com uma lavagens nasais ampliadas. Tudo depende da avaliação”, diz.

Galvani aponta que tem casos de pacientes que perderam o olfato e, com o tratamento, tiveram a fantosmia. O que não é ruim, pois indica que o olfato está voltando. “É muito pior ficar sem sentir o cheiro”, completa,

Tempo de retorno

Segundo Galvani, entre os otorrinos é percebida uma boa taxa de melhora. “A maioria retorna a ter o olfato em certo tempo rápido, em até três meses. Mas tenho pacientes que não melhoraram ainda”, diz.

Ele conta que alguns estudos mostram que o retorno do olfato pode acontecer em até seis meses após a perda. Entretanto, ele têm pacientes que estão demorando mais tempo.

O médico usa de exemplo uma das pacientes, que foi infectada pela Covid-19 em março de 2020, início da pandemia. Um ano depois, ela ainda não recuperou o olfato.

“Demorou para procurar ajudar. Uma coisa importante: se você tiver sintomas, não fique esperando a coisa melhorar. O quanto antes você procurar ajuda melhor. Temos alguns medicamentos que se usado logo na fase inicial, a gente consegue diminuir bastante o processo inflamatório”, conta.

Hoje, o médico trata três pacientes que ainda não tiveram o retorno do olfato e paladar, sendo um deles em processo de melhora. “A gente tem esperança de que vai voltar sim, mas como é uma doença muito nova não temos uma ideia do tempo que isso possa levar”, completa.

Treinamento olfativo

Uma forma de lidar com esta sequela da Covid-19 é fazer o treinamento olfativo, que pode ser feito por todos, independente de avaliação médica.

“Ele se dá através de algumas substâncias que você pega em casa e você vai cheirar ela. Ou seja, treinar o seu nariz para sentir o cheiro novamente”, explica Galvani.

Ele conta que o treinamento pode ser feito com essência de baunilha, pó de café, pasta de dente de menta, vinagre de vinho tinto, mel, cravo e suco de tangerina (o médico indica o suco Maguary como exemplo).

Portanto, são sete odores que precisam ser cheirados por 20 segundos cada. É preciso dar dez segundos entre um produto e outro.

“O estudo inicial saiu com quatro tipos de essência, mas elas não são muito fáceis de encontrar e às vezes não são tão baratas. A gente acabou popularizando uma maneira mais caseira do treinamento e que tem tido resultado”, conta.

Segundo o médico, é notável uma melhora dos sintomas de muitos pacientes que fizeram o treinamento olfativo. Inclusive, sem usar medicamentosos. “É um primeiro passo para uma melhora mais rápida”, ressalta.

Veja também: Médico de Blumenau fala sobre perda de olfato e paladar pós Covid-19.


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