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Covid-19: Maioria das pesquisas do Sul que receberão verba federal são de Santa Catarina

Um dos 182 projetos desenvolvidos no estado é para criação de uma vacina

Cientistas de Santa Catarina atuam nesse momento em pelo menos 182 projetos de combate à Covid-19 e seus efeitos. São projetos de pesquisa e atividades de extensão, concentrados principalmente na área da saúde. Recentemente foram incluídos nesta lista outros seis novos estudos, aprovados em edital federal. Um deles é para desenvolvimento de uma vacina.

O edital, lançado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e pelo Ministério da Saúde, disponibilizou R$ 50 milhões para pesquisas sobre Covid-19 em todo país. A Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc) está apoiando a chamada e dará bolsas de pós-doutorado e mestrado para cada projeto selecionado de Santa Catarina.

A lista final de aprovados mostra a força da ciência catarinense no combate à pandemia. Dos 11 projetos que receberão recursos no Sul do Brasil, seis deles são do estado e envolvem instituições de ensino públicas e comunitárias.

O presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, destaca que os pesquisadores catarinenses mostraram nesse edital federal a relevância do estado e da ciência produzida aqui.

“A Fapesc sente-se privilegiada em poder também contribuir com esta busca de soluções a partir da chamada suplementar para bolsas. É preciso termos investimento público para que tenhamos uma pesquisa de ponta, estruturas científicas e pessoas qualificadas capazes de enfrentar os desafios impostos”, afirma.

Mauricio Vieira/Secom

Projetos aprovados no edital

Um dos estudos que tem gerado maior expectativa é o desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus. A equipe liderada pelo professor André Luiz Barbosa Báfica, do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), vai estudar se o uso da BCG com determinantes antigênicos de proteínas da SARS-Cov-2 pode garantir proteção contra a doença.

O também professor da UFSC Aderbal Silva Aguiar Júnior teve sua proposta de pesquisa aprovada no mesmo edital e vai coordenar um estudo sobre reabilitação respiratória para os pacientes de Covid-19.

Já a professora Alacoque Lorenzini Erdmann, do Departamento de Enfermagem da UFSC, lidera um estudo sobre a avaliação do cuidado de enfermagem dos pacientes infectados nos hospitais universitários brasileiros.

Ainda representando instituições de ensino públicas, o professor Samuel da Silva Feitosa, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), pretende estudar sobre a aprendizagem de máquinas para problemas relacionados à Covid-19. A pesquisa envolve ainda um time cientistas da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

Já o Sul de Santa Catarina conseguiu aprovar dois projetos em uma das universidades comunitárias da região. O professor Felipe Dal Pizzol, da Universidade do Extermo Sul Catarinense (Unesc), coordena a partir de agora um estudo para determinar fatores da mortalidade hospitalares e a carga da doença de Síndrome Respiratória Aguda Grave.

Ainda na Unesc, a professora Gislaine Zilli Reus investigará os marcadores inflamatórios e que causam danos neurais e as relações com transtornos neuropsiquiátricos em pacientes que tiveram Covid-19.

Cristiano Estrela/Secom

Reforço nas pesquisas com recursos catarinenses

A Fapesc lançou outros dois editais para pesquisa e inovação no combate à pandemia e seus efeitos. Na chamada destinada a instituições de ensino, foram selecionados cinco projetos dos quase 100 inscritos.

Entre as pesquisas que começam já neste mês está o uso da vacina da poliomielite na prevenção e na redução dos sintomas da Covid-19. Para isso, serão testados 300 profissionais de saúde da Grande Florianópolis. Os resultados preliminares serão divulgados nos próximos meses.

No mesmo edital também foram destinados recursos para desenvolvimento de teste rápido com maior segurança, ativação de um laboratório para análise de testes na Serra catarinense, desenvolvimento de um sistema de telemedicina com possibilidade de chamada de vídeo e mapeamento do genoma do vírus e da propagação da doença em Santa Catarina.

Outra chamada da Fapesc, destinada às empresas, também incentivou ações de inovação. Uma das propostas trata do desenvolvimento de tecido pulmonar em 3D in vitro. O epitélio, realizado em parceria entre uma startup catarinense e a Universidade de São Paulo (USP), servirá para pesquisas sobre o avanço da doença no pulmão e possíveis medicamentos para combater o vírus.

Foram aprovadas ainda propostas envolvendo monitoramento de doações para projetos sociais, desenvolvimento de sistema para desinfecção de ambientes usando luz ultravioleta, software para gerenciamento de informações sobre pacientes com Covid-19 e reforço na proteção dos EPIs para trabalhadores da saúde com filtros de nanoprata.

O diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapesc, Amauri Bogo, destaca o sucesso dos dois editais lançados pela fundação. “Nós tivemos uma demanda muito grande. Confirmamos que a Fapesc possui uma forte inserção dentro desse ecossistema. Não somente como era vista, como agência de fomento, mas como um elo das novas propostas e demandas que o estado precisa”, comenta.

O diretor reforça ainda o papel da Fapesc de conectar pessoas, pesquisadores e empresas com os recursos disponibilizados pelo Governo do Estado para ciência, tecnologia e inovação. Só para o combate ao novo coronavírus, os dois editais catarinenses destinaram R$ 1 milhão para pesquisa e desenvolvimento de produtos.


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