Depoimento de mãe de Bianca Wachholz leva público às lágrimas

Sonia falou sobre relação de carinho com Everton Balbinott e decepção com o réu

Após o relato da primeira testemunha, outras quatro pessoas foram ouvidas. Duas delas apenas como informantes. Uma delas foi a mãe de Bianca Wachholz, dona Sônia. O relato da senhora enlutada levou o público que foi ao Fórum acompanhar o julgamento às lágrimas.

Acompanhe linha do tempo ao vivo com o andamento do júri popular.

Vestida de preto e ainda muito abalada após ter passado quatro dias sem dormir e ter sido internada na terça-feira, Sonia desabafou sobre a decepção quanto à Everton Balbinott. Durante o depoimento dela, que não foi considerada testemunha por ser muito próxima da vítima, o réu não ousou olhar para a ex-sogra e chorou com a cabeça entre as pernas.

“A raiva que eu tenho é que ele me enganou esse tempo todo. O que me dói foi a decepção. Eu não sabia que tinha um bandido dentro de casa. […] Ela só vivia estudando. Depois deixou tudo pra trás por uma pessoa que não merecia”, disse a mãe, que afirmou que a relação com ele era maravilhosa.

Ela relatou que a família chegou a comprar um carro para ele trabalhar como motorista de aplicativo, mas ele “só queria saber de celular”. Bianca dizia para a mãe que uma hora iria cansar, e Sonia apenas dizia que a casa dela estaria esperando.

“Ele ligou pra mim e disse ‘sogra, ela quer terminar comigo’. E eu falei pra ele arranjar outra coisa para se ocupar e largar este ciúme doentio”, disse em meio às lágrimas.

No dia em que Bianca foi morta com um tiro em frente à mãe, Everton já havia ameaçado matar Sonia e a cachorrinha dela. A mãe sugeriu que a filha abrisse um boletim de ocorrência, mas não houve tempo suficiente para impedir o crime.

“Ela falou ‘mãe alguém pulou o muro’. Eu abri a porta da cozinha. Fiz a besteira de abrir a porta da cozinha. A porta estava chaveada. Ele ficou se limpando na varanda, se sujou porque subiu na árvore pra pular o muro. Eu abri a porta para esse desgraçado. Ela perguntou ‘você tá armado’? Ele puxou a arma das costas. Ela saiu correndo, ele me empurrou e eu caí. Quando cheguei no banheiro ele botou a arma no rosto dela e atirou. […] Todos os dias da minha vida eu lembro do sangue escorrendo no banheiro. Ele não me matou, mas é como se tivesse me matado. Ele não sabe o que ele fez comigo. Está aí, preso, mas está vivo”, contou emocionada.

Após ser questionada pelo promotor sobre como estava a vida dela, Sonia afirmou: “Quem for mãe aqui dentro não pode ter noção do que é perder uma filha. Agradeço a Deus todos os dias pelos dois filhos que tenho. Eu não imaginava que poderia existir gente assim. Eu não tenho mais confiança nas pessoas”.

Dona Sonia carregou consigo a aliança que Bianca usava para simbolizar o relacionamento com Everton. “Estou aqui com a aliança para te entregar. No dia anterior da morte dela, ela me entregou e disse para entregar a ele porque eles achavam que seria para sempre”.

Do lado de fora, público se manifesta contra Balbinott. Foto: O Município Blumenau

Testemunha desqualificada

A segunda testemunha a ser chamada, Fernanda, foi desqualificada por estar vestindo uma camiseta com estampa de Bianca Wachholz. A ex-colega de Bianca foi ouvida apenas como informante.

Fernanda não pode testemunhar por estar vestindo uma camisa com a estampa de Bianca. Foto: O Município Blumenau

As duas frequentavam um curso de pintura juntas e Fernanda relata que incentivou a amiga a viver da arte dela. Entretanto, ela nunca conheceu Everton.

“Ela falou que tinha medo. Disse que não queria o Everton na festa de encerramento do curso que a gente participava. Ela sempre foi mais tímida. Não falava sobre a vida pessoal”, contou.

“Limpei o sangue da minha amiga”

Após um recesso de cinco minutos, Naschara Nogueira Filiponi foi chamada para testemunhar sobre a relação de Bianca e Everton. Ela descreveu o réu como controlador e ciumento.

“Desde o início ele já pegou celular dela. Olhava conversas dos grupos de WhatsApp. Era controle, queria saber o que ela falava, se ela era fiel a ele. Piorou com o tempo. Ele instalou um aplicativo que rastreava as mensagens dela. Às vezes ele chegava a fingir que era ela em algumas mensagens”, disse.

A amiga contou sobre um episódio em que, ao voltarem de um food truck, Bianca foi humilhada e agredida pelo então namorado. Ao pedir para ser deixada na casa da mãe, ela teve o celular quebrado e a ameaça de ter a casa incendiada.

“Ele tentou estrangular ela. Ela disse pra mim que sentiu a pressão do estrangulamento. Depois cortou a mão dela com uma faca. Ela só contou isso meses depois. O Everton falou pra gente na época que ela se cortou sozinha porque era desastrada”, relatou.

Naschara foi considerada a segunda testemunha. Foto: O Município Blumenau

Naschara foi mais uma pessoa próxima de Bianca que comentou o desejo da amiga de registrar um boletim de ocorrência. Além disso, ela também ouviu falar sobre a arma que Everton mantinha em casa e que já havia mostrado para Bianca.

“Ela disse que não queria mais ficar com ele. Ela foi pra casa da mãe dela. Ela disse pra mim que ia fingir que voltaria pra ele, mas pra ir tentando separar aos poucos porque ele estava muito violento”, contou.

Por volta das 14h do dia do crime, Naschara contou ter recebido uma ligação de Julia, amiga de Bianca que foi a primeira a testemunhar e recebeu uma ligação de Everton afirmando ter matado a namorada.

“Eu fui pra lá já desesperada. Quando cheguei, a dona Sônia me recebeu já toda ensanguentada. Limpei o sangue da minha amiga do chão da casa deles”.

Vizinho ouviu o tiro

Dirceu Carlos, vizinho de dona Sonia, relata que ouviu o estouro do tiro que matou Bianca. Segundo ele, a vizinha chamou por socorro enquanto ele cuidava da horta. Ao perceber que algo estava errado, Dirceu pediu para o filho chamar a polícia e os bombeiros.

“Fui lá dentro com ela e estava a Bianca, acredito que morta, dentro de um banheiro. Perguntei se era assalto, a Sônia falou que não, foi o ex-marido”, relatou.

O Município Blumenau
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