X
X

Buscar

“A onda que varreu Santa Catarina e o Brasil é conservadora, e não renovadora”

Colunista comenta ascensão do PSL no primeiro turno e a disputa para o governo e a presidência

Virada à direita

Santa Catarina caminha para a direita. Por mais que esperássemos uma vitória de Bolsonaro em Santa Catarina, sem dúvida, a vitória do PSL em nosso estado não pode se resumir à vitória do presidenciável. Para o governo do estado, Comandante Moisés, que até então aparecia em quarto lugar nas pesquisas, ganhou força na onda Bolsonaro e está no segundo turno.

Deixou para trás Mauro Mariani (MDB) e Décio Lima (PT). Fato curioso na corrida para o governo do estado, Moisés (PSL) foi o candidato a governador mais votado em Blumenau, enterrando os ex-prefeitos candidatos a governador e vices.

A onda Bolsonaro também produziu estragos na corrida proporcional. Na Câmara Federal, o PSL fez três deputados, ficando atrás apenas do MDB, com quatro. Na Assembleia Legislativa, não elegeu somente o vereador blumenauense Ricardo Alba como o mais votado, com 62.762 votos, como elegeu mais quatro deputados estaduais. Da mesma forma, partidos tradicionais e ideologicamente postados do centro à esquerda, perderam representações.

O desempenho do partido do militar aposentado lembra a trajetória do PRN, partido de Fernando Collor de Melo. Um partido pequeno, sem identificação ideológica, organicidade interna, dependente de uma liderança carismática. Depois da queda de Collor, o PRN caminhou para a extinção.

O PSL, apesar de seu capitão dizer que não tem ideologia, apresenta-se como liberal na economia e conservador nos costumes. Uma verdadeira onda à direita. Sua votação mexeu com a votação de todos os candidatos. Bolsonaro conseguiu captar o sentimento de insatisfação do eleitor com a política e com a democracia representativa.

Sentimento que é crescente no país desde as manifestações de junho de 2013. Surfaram na onda. Uma onda que é conservadora, varreu o Brasil e Santa Catarina, e não renovadora. Prova disto, é que Esperidião Amim (PP), foi reconduzido ao Senado e vai cumprir seu nono mandato político.

Porém, no segundo turno, no Brasil e em Santa Catarina, Bolsonaro e sua turma terão que expor-se ao eleitorado, participar do debates e expor suas ideias para governar o Brasil e Santa Catarina. Com uma maior exposição, podem ficar claras as fragilidades e contradições de seu discursos, sobretudo quando questionam a democracia e expõem sua vocação autoritária e antidemocrática. Que venha o segundo turno.

Josué de Souza escreve sempre às terças-feiras