Dono de construtora em Blumenau é condenado a quase 50 anos de prisão por 35 crimes de estelionato
Irmão e sogro também sofreram condenações
O empresário Silvio Sandri, acusado de cometer diversos golpes imobiliários em Blumenau, foi condenado pela Justiça a 48 anos de prisão em regime fechado, por 35 crimes de estelionato, seis crimes de estelionato de idosos e associação criminosa, totalizando 45 condenações. A decisão foi publicada na noite desta quarta-feira, 27. Sandri já está preso desde dezembro de 2019, após ter sido encontrado em São José, litoral catarinense, onde estava foragido.
Aliás, por ter fugido da polícia na época, a condenação assinada pelo Juiz Sandro Pierri destacou a importância dele permanecer preso, mesmo com a possibilidade de recorrer da pena.
“O réu permaneceu certo tempo com paradeiro desconhecido apos início das investigações e se manteve foragido até o dia 09/12/2019 (…) de modo que é necessária a manutenção de sua prisão para garantia da aplicação da lei penal, haja vista risco concreto de fuga”.
O processo que teve condenação é referente ao condomínio Reviera, que fica no bairro Badenfurt. No local, mais de 50 vítimas compraram cerca de 70 apartamentos, que nunca foram entregues. O processo iniciou no primeiro semestre de 2019.
O advogado de diversas vítimas, Herley Ricardo Rycerz Junior, tratou o resultado deste julgamento como satisfatório e destacou a agilidade que correu, levando em consideração a pandemia de coronavírus.
“Não comemoramos a sentença em si. Porque nosso objetivo não é vingança, mas sim, reaver o que é dos nossos clientes. Mas gostamos do resultado, pois são 35 crimes de estelionato, num processo que durou um pouco mais de um ano. E essa decisão com certeza ajuda no processo cível, que é onde estamos buscando os direitos das vítimas”, destacou Rycerz.
O advogado ainda lembrou que esse é apenas um dos condomínios em que Silvio vendeu apartamentos, mas não os entregou. Segundo ele, há pelo menos outros quatro empreendimentos que também tiveram os problemas e possuem processos correndo.
“Só o nosso escritório representa outras nove vítimas no Reviera, o que dá uma dimensão que apenas nesse empreendimento, pelo menos outra dúzia de estelionatos foram praticados”, concluiu Rycerz.
Irmão e sogro também foram condenados
Além de Silvio, o irmão dele, Alencar Guilherme Sandri foi condenado a quatro anos e quatro meses em regime aberto, por crime três crimes de estelionato e associação criminosa.
Já o sogro dele, Aristides Tavares, recebeu a pena de três anos e seis meses, também em regime aberto, por dois crimes de estelionato e associação criminosa. Em todos os casos cabe recurso.
Relembre o caso
O dono da construtora é acusado de aplicar diversos golpes em Blumenau. No primeiro inquérito encaminhado à justiça, referente a apenas ao condominio Reviera, estima-se que tenha faturado cerca de R$ 11 milhões. De acordo com o delegado Juraci Darolt, como existem investigações de golpes em outros cinco empreendimentos, os valores devem ser bem maiores.
Sandri é o responsável por três empreendimentos que não foram finalizados. As construções ficam nos bairros Badenfurt, Itoupava Norte e Água Verde. Outros dois prédios, nos bairros Velha e Escola Agrícola, sequer saíram do papel. Em um dos locais, o mesmo apartamento foi vendido para seis clientes.
Algumas vítimas chegaram a montar uma associação e contrataram um escritório de advogacia para tentar recuperar os valores. No prédio do Badenfurt foi colocada uma faixa para anunciar que a propriedade foi bloqueada por decisão judicial e que a construção contém imóveis que foram vendidos em duplicidade.
Ainda segundo a investigação, muitas pessoas investiram todas as economias que tinham na compra do imóvel. Um comerciante do bairro Itoupava Norte chegou a entregar R$ 500 mil para o construtor, na esperança de garantir a aposentadoria através de aluguéis.
“Ele ostentava que era o dono da construtora e oferecia os imóveis com preços imperdíveis. Alguns com 50% do valor abaixo do preço de mercado. Os compradores achavam que estavam fazendo um bom negócio”, salientou o advogado das vítimas, Herley Rycerz.