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Em Blumenau, escritor fala sobre importância de revisitarmos história do país

Conhecido pela série "A história não contada", Paulo Rezzutti gravou vídeos da cidade

No fim do mês passado, o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti esteve em Blumenau para uma sessão de autógrafos do último lançamento da série “A história não contada”. Independência: a construção do Brasil (1500-1825) fala sobre como jovens e intelectuais contribuíram na independência do país e como o Grito do Ipiranga foi além do que é visto em sala de aula.

Em entrevista ao jornal O Município Blumenau, o autor de best-sellers sobre “a história não contada” de D. Pedro I e de dona Leopoldina fala sobre como surgiu seu interesse sobre a história da monarquia e por que se preocupa em dar destaque às mulheres da época.

Historiador por acaso

Arquiteto de formação, a paixão pela história era antiga. Entretanto, preso no pensamento de “não quero virar professor”, nem cogitou cursar a faculdade. Durante a graduação, porém, acabou se aprofundando na história urbana da cidade de São Paulo, onde nasceu.

Sua primeira biografia foi da marquesa de Santos, Domitila de Castro, que ficou popularmente conhecida como amante de D. Pedro I. Ao começar a entender o impacto dela na história da independência, Rezzutti decidiu se aprofundar no período do Primeiro Reinado. Especialmente nas mulheres, tão apagadas da história.

“Esse período foi apagado pela República como uma forma de construir essa ideia de que sempre tivemos um espírito republicano. Usaram inclusive escândalos do Dom Pedro com a marquesa de Santos para passar essa ideia de superioridade moral. Sempre que temos uma mudança de poder, você vê o novo falando mal da parte que perdeu”, argumenta.

Alice Kienen/O Município Blumenau

Importância de revisitar história

Para Rezzutti, observar o papel do povo durante o processo de independência ajuda os leitores a perceber a importância da participação popular. “O sangue derramado em batalhas, principalmente no Norte e Nordeste, impacta na forma como esse povo foi criado. Isso mostra que o povo tem poder de luta pelo seu futuro”, ressalta.

Em seu canal do YouTube, o escritor comenta semanalmente sobre temas históricos para seus quase 280 mil inscritos. Durante a visita a Blumenau, ele também produziu documentários sobre a cidade. Ele visitou museus da cidade para falar sobre a história blumenauense.

Historiador e youtuber em uma época cercada de fake news, ele afirma que focar nos fatos sem colocar um lado como bom e outro como mau o ajuda a ficar no caminho do equilíbrio. Ainda assim, ele assume que não consegue fugir de todas polêmicas, especialmente quando percebe acontecimentos históricos sendo deturpados.

“Muitas vezes vemos as pessoas afirmando inverdades para caçar likes. Internet é terra de ninguém. Muitos acham que sou monarquista apenas porque falo do Primeiro Reinado. As pessoas custam a entender que não defendo esquerda nem direita. Hoje tento ao máximo ignorar”, explica.

Sinopse do novo livro

O livro nos leva, inicialmente, para 1943, quando diversas peças de ouro prestes a serem derretidas são identificadas como a coroa de d. Pedro I. Em seguida, o autor nos leva para 1798, testemunhando o nascimento do futuro primeiro governante do Brasil – herdeiro de uma das mais poderosas dinastias portuguesas, cuja origem remonta à união da filha de um santo com o filho ilegítimo de um rei. E volta ainda mais alguns séculos, ao ano de 1500, para mostrar Pedro Álvares Cabral cruzando o Atlântico até uma terra que, embora fosse um novo mundo para os europeus, já era lar de mais de 2 milhões de pessoas – até então independentes.

A partir daí, entre a “descoberta” e a opressão, começam a pairar no ar as primeiras ideias de liberdade. No fim do século XVIII, jovens e intelectuais tramam a independência na malograda Inconfidência Mineira, porém, quem diria, é a transferência da corte portuguesa para o Brasil que acaba por culminar, ainda que por estradas tortuosas, no famoso Grito do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822.

Paulo Rezzutti durante sessão de autógrafos em Blumenau. | Foto: Prefeitura de Blumenau/Divulgação

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