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Em homenagem a Bianca Wachholz, amigos pedem por justiça e conscientização

Unidos pela dor e pela revolta, familiares, amigos e até mesmo quem não conhecia Bianca Mayara Wachholz foram até o coworking Fashion Lab, no bairro Itoupava Seca, prestar homenagens a designer e artista morta pelo ex-namorado com um tiro no rosto. Durante quase uma hora, na noite nublada desta sexta-feira, 27, em frente ao muro onde há uma enorme pintura de Frida Kahlo feita por Bianca, vozes embargadas pela emoção puderam ser ouvidas.

Bianca Bertoli

Enquanto flores eram deixadas sob a imagem da blumenauense e velas eram acendidas, amigos e desconhecidos falaram. A maioria usava uma blusa branca com uma estampa que imitava detalhes do rosto da artista: cílios bem marcados, boca pintada de vermelho e uma pinta um pouco acima do lábio. Maria Tereza Peters, que conhecia Bianca há mais de 15 anos, desabafou:

“Me arrisco a dizer que ela estava no auge da vida dela. Ela estava muito feliz. Meu coração está despedaçado, eu nem sei dizer o que estou sentindo. É uma mistura de raiva, de nojo, de ódio, de tristeza. A Bianca não vai ser esquecida, eu prometo”, disse, recebendo um abraço do pai da melhor amiga assassinada, Celso Wachholz.

Celso se recusa a dizer o nome do homem que matou a caçula, Éverton Balbinott de Souza, de 31 anos. Refere-se a ele apenas como “marginal”. Também não usa o verbo no passado ao falar da filha. Para ele, Bianca ainda vive. “Olha o que ela está fazendo, reunindo tanta gente dois dias depois de ser morta. A minha filha está viva”. A esposa dele e mãe de Bianca, que presenciou o feminicídio, não conseguia falar. Sônia Wachholz ouviu os consolos e depoimentos amparada a todo momento pelo filho mais velho, Marcos.

“Eu disse para minha filha que sempre que ela quisesse voltar para casa, não precisaria nem bater à porta. Que lá era o porto seguro dela. Mas eu falhei, ela morreu dentro do lugar onde era para estar mais protegida. Aquele marginal esperou eu ir viajar para entrar e fazer essa covardia. Ele desgraçou a vida da nossa família. Agora, além de tudo, terei que vender a casa que fiz com tanto amor, porque minha mulher não vai conseguir continuar morando lá”, contou o pai, que é projetista.

Pais e irmão de Bianca – Foto: Bianca Bertoli

Em meio aos relatos sobre o convívio com Bianca e às palavras de consolo, debateu-se sobre o machismo. Sobre a importância de educar meninos para que se tornem homens que saibam tratar mulheres com igualdade e respeito. Sobre incentivar meninas a não se calarem diante do menor sinal de violência.

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Após uma forte salva de palmas e abraços demorados, muitas foram embora agarradas à ideia de que é preciso fazer mais para evitar que histórias como a de Bianca se repitam. A médica Fernanda Vaz continuará com o projeto idealizado junto com a colega morta, o “Entre elas”, que se resume a encontros com mulheres para falar sobre violência e empoderamento.

“Que a gente consiga transformar essa tragédia em amor, em educação e em apoio. Bianca, presente”, gritaram em coro.