10 sinais de que você corre perigo em seu relacionamento

Profissionais enumeram comportamentos que podem culminar em agressões e até morte, como no caso de Bianca Wachholz

“A violência contra a mulher nunca começa no momento da agressão física”, afirma a psicóloga Sheila Fagundes Isleb, do Centro Municipal de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). A frase é curta e objetiva, mas nem sempre fácil de ser assimilada pela mulher que sofre.

Comportamentos inadequados e agressivos passam por normais, toleráveis, e mulheres postergam denúncias ou o rompimento. Esse tempo entre os primeiros sinais e uma possível agressão pode ser determinante para que uma vida seja salva.

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Foi o caso da designer blumenauense Bianca Wachholz, 29 anos, morta pelo ex-namorado com um tiro no rosto nesta quarta-feira, 25. Ela vinha sofrendo agressões em silêncio e só conseguiu romper o relacionamento depois de se abrir com algumas amigas. Éverton Balbinott de Souza, 31 anos, teria confessado o crime ao próprio pai.

“Eles são homens comuns. Se você olhar, não existe um perfil agressor, existe um machismo exacerbado com sentimento de posse. Esse é um olhar que ainda se sustenta na maioria dos homens”, descreve o professor do curso de Serviço Social da Furb e pesquisador do tema, Ricardo Bortoli.

Por vezes, as próprias mulheres confundem atitudes obsessivas dos companheiros com excesso de atenção e cuidado.

“Ao mesmo tempo que ela sabe que algo não está legal, é impossível romper. Sempre há aquele jogo que vai até certo limite, aí volta para a lua de mel até chegar à violência”, explica a psicóloga Sheila.

A ginecologista Fernanda Vaz era amiga de Bianca Wachholz. Nesta sexta-feira, ambas participariam de um evento sobre o assunto, em Blumenau. Para Fernanda, as mulheres precisam estar atentas a detalhes do relacionamento, principalmente aqueles que envolvem a sexualidade.

“Muitas e muitas mulheres têm relações sexuais sem vontade por medo da reação do parceiro. Quando ela diz ‘não’ surgem as chantagens do tipo: ‘pensei que você me amava'”, exemplifica.

Dez sinais de um relacionamento abusivo

1 – Autoestima rebaixada: você não se sente mais pertencente aos lugares que frequenta, não tem mais vontade ser vaidosa. Isso acontece porque o companheiro rebaixa a mulher, aponta defeitos.

2 –  Seu namorado é possessivo: ele quer controlar o seu celular, quer saber quem são os seus amigos, ler suas mensagens. Nestes casos, as mulheres, por vezes, se sentem coagidas a ter que informar seus horários e a se preocupar com isso, e vão se anulando.

3 – Os amigos já te alertaram: em alguns casos, as mulheres veem atitudes possessivas do companheiro como excesso de amor e atenção. “Ah, mas ele me ama tanto, me protege tanto”. E essa relação vai se tornando difícil de romper.

4 – Nenhuma amizade sua é legal: ele não quer que você vá à casa de parentes, de amigos. Faz com que você se afaste dos colegas e familiares e fala mal deles. Você se vê vivendo para o relacionamento.

5 – O “MAS”: os elogios dele vêm acompanhados da palavra “mas”, seguida de comentários que te depreciam.

6 – Você começa a justificar atitudes inadequadas dele: “Ele segurou meu braço e disse que não sairia comigo vestida assim. Acho que poderia ter usado uma saia mais comprida”.

7 – Ele controla o seu dinheiro: seu companheiro fica constantemente perguntando sobre tudo o que você faz, inclusive como gasta seu dinheiro. É uma forma de exercer poder e tolher sua liberdade.

8 – Não te bate, mas chuta cadeiras, soca a parede: depois disso ele pede desculpas e fala que não se repetirá. Inclusive, por vezes, ele coloca a culpa em você por ficar alterado. Justifica que é por amor.

9 – Você tem medo de dizer “Não”: as atitudes agressivas te assustam, e, por isso, acaba fazendo coisas sem vontade por medo da reação. Sexo, por exemplo.

10 – Ele diminui as suas conquistas: sempre apresenta obstáculos para os seus êxitos profissionais e pessoais. Não te traz confiança, não ajuda a ter força e determinação. Você se sente mais fraca do que ele.

*Caso a mulher sofra ameaça de morte, a instrução é que saia de casa e procure um local desconhecido pelo agressor. Bianca estava na casa de sua mãe quando foi assassinada.

Como denunciar violência contra a mulher

A qualquer sofrimento por violência ou ameaça, mesmo que seja sutil, primeiro busque uma pessoa de sua confiança (familiar, amigo) para poder se abrir.

Depois disso, peça ajuda ao município nos Centro de Referência de Assistência Social (Cras) espalhados pela cidade. Dependendo do caso, a família ou vítima é encaminhada ao Creas, para um atendimento mais especializado

Denúncias podem ser feitas gratuitamente pela Central de Atendimento à Mulher no 180. Caso haja agressão, a instrução é acionar imediatamente a Polícia Militar, pelo 190.

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