Empresa catarinense é investigada por desviar R$ 2,5 milhões na compra de remédio para criança com câncer
Fantástico revelou denúncia neste domingo
A empresa de Joinville Blowout Distribuidora, Importação e Exportação Eireli é investigada por desviar R$ 2,5 milhões, destinados à compra de um medicamento para o tratamento de uma criança com câncer.
A revelação foi feita neste domingo, 16, no programa Fantástico, da rede Globo. Conforme a delegada da Polícia Civil do Paraná, Thais Regina Zanatta, a Blowout e o dono, Polion Gomes Reinaux Gomes, estão sendo investigados por estelionato, possível adulteração de medicamento, organização criminosa e lavagem de capitais.
As penas somadas podem chegar a 40 anos de prisão. Segundo a reportagem, Polion já havia sido preso em 2015, em um caso de roubo de equipamentos de hospitais do Rio de Janeiro. O processo foi arquivado em 2021 após um acordo.
O tratamento
Yasmim, de 11 anos, é uma criança paranaense que enfrenta o câncer desde os 5 anos. Ela passou por cirurgias, sessões de quimioterapia e até transplante de medula óssea. Porém, o neuroblastoma voltou, ainda mais agressivo.
Segundo a mãe de Yasmim, os médicos informaram à família que, desta vez, não haveria nada a ser feito, já que o tumor estava nos ossos. Entretanto, a família pesquisou e encontrou um tratamento realizado com medicamentos importados, que ajudaria as células de defesa do corpo a enfrentar a doença.
Desde então, a família iniciou os processos judiciais, solicitando que o Paraná compre esses medicamentos, o Danyelza e o Leukine.
Menor preço
Para autorizar a compra dos medicamentos, era necessário enviar orçamentos à Justiça. Conforme mostra a reportagem do Fantástico, quem teria feito as cotações foi o escritório Bandeira Advogados, de Foz do Iguaçu (PR), sem cobrar honorários.
Conforme a pesquisa, o menor preço seria da Blowout Distribuidora, Importação e Exportação Eireli, sediada em Joinville.
Contratação de importadora
A delegada Thais Regina Zanatta afirma ao Fantástico que ainda não se sabe por que a Blowout contratou uma segunda empresa para fazer a importação dos medicamentos.
A LH Comércio de Medicamentos Limitada foi subcontratada para importar e entregar a medicação para a família de Yasmim.
Entretanto, os medicamentos foram entregues errados e com validade quase vencida.
Faltaram remédios
Conforme a reportagem do Fantástico, o hospital onde Yasmim realiza o tratamento recebeu apenas uma ampola do Danyelza. Para o tratamento da paciente, foram solicitadas cinco unidades, faltando quatro.
Além disso, o outro remédio, chamado Leukine, não foi entregue. A família de Yasmim, a criança com câncer, teve que ir até o aeroporto de Cascavel, cidade onde moram, para buscar um genérico, que está próximo ao vencimento, marcado para o mês de junho.
Chegaram apenas dez caixas do Leukine, quando, na realidade, foram solicitadas 60.
Contas bloqueadas
A Polícia Civil de Cascavel solicitou o bloqueio das contas da Blowout e da LH. Entretanto, a primeira não tinha nenhum valor e a segunda apenas R$ 17 mil.
Na última semana, Polion, dono da Blowout, informou durante uma audiência que os remédios seriam entregues corretamente. Além disso, em nota enviada ao Fantástico, a Blowout pontuou que não tem qualquer ligação com a LH.
No dia seguinte à audiência, a defesa de Polion Gomes Reinaux Gomes enviou um documento pedindo um acordo para devolução do valor. A proposta é devolver os R$ 2,5 milhões em 18 prestações.
Já a LH informou ao Fantástico que fez a entrega das substâncias solicitadas em contrato pela Blowout. Segundo a importadora, a empresa pediu 12 remédios, duas ampolas de Danyelza e dez de Leukine.
Além disso, a LH afirmou que a contratante não realizou os pagamentos de forma correta, impactando a entrega dos produtos.
Tratamento de Yasmim
Sem remédio, Yasmim não consegue iniciar o tratamento que pode salvar sua vida. Para tentar ajudar a menina, o Instituto Anaju, que oferece assistência a crianças com doenças raras e graves, publicou uma vaquinha.
Até a publicação desta matéria, a arrecadação já contava com um pouco mais de R$ 1 milhão. A meta é R$ 2,3 milhões.
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