Entenda como o cigarro pode agravar casos de Covid-19
Pessoas com pulmões prejudicados pelo fumo podem ser mais sensíveis ao novo coronavírus
Todos os anos, mais de 8 milhões de pessoas morrem por culpa do tabaco. Dentro dessas vítimas, cerca de um milhão nem precisou colocar um cigarro na boca. São os chamados fumantes passivos, pessoas que são expostas à fumaça.
Isso coloca o tabagismo como a principal causa de morte evitável em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis são decorrentes do tabagismo.
Neste domingo, 31 de maio, é comemorado o Dia Mundial sem Tabaco. Criada pela OMS para incentivar as pessoas a pararem de fumar, a data é especialmente importante durante a pandemia do novo coronavírus.
Por conta dos danos que o fumo traz à saúde, os fumantes podem ser mais sensíveis à Covid-19. Um pulmão fraco, como é o caso de muitas pessoas que estão presas ao cigarro à muitos anos, não tem tantas forças para lutar contra o vírus.
Além disso, o uso de produtos de tabaco aumenta o risco de doenças que colocam as pessoas no chamado grupo de risco. Entre eles estão o câncer, doenças cardiovasculares e, é claro, pulmonares.
O médico pneumologista e diretor técnico do Hospital Dia do Pulmão, Dr. Mauro Sérgio Kreibich, cita como exemplo a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Conhecida popularmente como enfisema ou bronquite crônica, a condição é comum aos fumantes.
“O mínimo que o tabagismo acarreta ao individuo iniciante é a redução dos mecanismos de defesa das vias respiratórias, facilmente detectável pela maior frequência das infecções respiratórias deste grupo”, explica o especialista.
Além do cigarro, o mesmo vale para outras formas de tabagismo, como o cigarro eletrônico e o narguilé. A ingestão de álcool e de calorias alimentares em excesso também contribuem para os riscos para saúde que podem colocar as pessoas no grupo de risco.
Países de baixa e média renda, como o Brasil, são os mais afetados por essas enfermidades quando relacionadas ao uso do tabaco, como doenças pulmonares crônicas, cardíacas, cerebrais até mesmo câncer.
Entretanto, o país é exemplo mundial com o Programa de Controle Do Tabagismo. O pneumologista Kreibich destaca que os profissionais de saúde estão devidamente habilitados para auxiliar os pacientes a largaram o cigarro.
Pare de fumar
Em Blumenau, é possível encontrar grupos antitabagismo em três Ambulatórios Gerais: nos bairros Fortaleza, Itoupava Central e Garcia. Os grupos são fechados, ou seja, cada encontro corresponde a uma espécie de etapa na busca para largar o cigarro. Por funcionar como um passo a passo, não é possível incluir novos integrantes no decorrer das reuniões.
Porém, quem quiser participar, independente da região onde vive, deve procurar o AG de referência e pedir para ter o nome incluído na lista de espera. Sempre que uma nova turma é aberta, os profissionais acionam os interessados. Em breve o ambulatório do Badenfurt também oferecerá o serviço.
As sessões de apoio reúnem de 10 a 20 pessoas que procuram largar o cigarro e são coordenadas por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, entre outros profissionais.
São de oito a 12 encontros que começam com periodicidade semanal e terminam mensal, como forma de manutenção. Quando o trabalho é encerrado, os integrantes podem ser encaminhados a grupos abertos, para terem contato com psicólogos, por exemplo. Em caso de necessidade, a prefeitura também disponibiliza medicamentos para dependentes de nicotina.
“Esses são os ambulatórios que possuem profissionais capacitados para este trabalho. Tem demanda, mas o que infelizmente acontece é que eles começam o grupo, mas muitos acabam desistindo. É porque não é fácil, né?”, conta a coordenadora do programa de tabagismo da Prefeitura, Fabiana Felix.
Rosalina Corrêa fumou por 35 anos e conseguiu largar o cigarro após participar de um grupo antitabagismo da prefeitura. A agente de saúde do município reforça que esta atitude não é importante apenas para a saúde do fumante, mas também a de todos em volta dele.
“Todos conseguem parar de fumar. É só ter força de vontade. Lutem pela saúde de vocês. Procure um grupo antitabagismo”, aconselha.