Um dos tumores mais frequentes, principalmente entre os homens é o câncer de boca. A doença geralmente está relacionada com o consumo de cigarros e bebidas alcoólicas, podendo estar associada a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) de alto risco e a própria questão genética.
Os sintomas do tumor são feridas na boca que não cicatrizam, úlcera, verrugas, manchas brancas e vermelhas ou o surgimento de nódulos.
De acordo com informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca) a estimativa de novos casos para o triênio entre 2020 e 2022 era de 11,1 mil casos nos homens e 4 mil nas mulheres. Ainda de acordo com o órgão, as regiões Sul e Sudeste são as com maiores taxas de incidência e mortalidade devido à doença.
Diagnóstico
Tanto o médico quanto o dentista podem identificar a suspeita do tumor. Assim como nos demais casos de câncer, é retirada uma amostra do tecido que é encaminhada para a biópsia com o patologista para diagnosticar se há presença da doença.
Além disso, o patologista também pode determinar se a doença tem relação ou não com o HPV.
Segundo a médica patologista, Beatriz Moreira Leite, em muitos casos os exames são encaminhados pelos dentistas. Ela afirma que há pacientes que chegam no especialista e já estão com o tumor muito grande, pois postergam a visita ao dentista.
No entanto, as pessoas podem analisar a própria boca em casa em busca de anomalias e, caso encontrem, a recomendação é para consultar um médico ou dentista para investigar a situação.
Impactos do uso de substâncias e do HPV
As pessoas que consomem cigarro e álcool juntos podem ter mais chances de desenvolver o tumor, de acordo com a patologista Lauren Menna Marcondes. “O consumo deles sozinhos já é um fator de risco, mas se você usa em conjunto é pior ainda”, explica.
De acordo com Beatriz, os pacientes que são diagnosticados com o câncer de boca associado a infecção de HPV apresentam diferenças. “Para isso temos que fazer o exame de imunoistoquímica na biópsia para ver se está associado ou não”.
Segundo a patologista, os casos de HPV positivos, que são diagnosticados com o tumor, estão relacionados a um melhor prognóstico em relação aos HPV negativos.
As especialistas comentam que a evolução do tumor também depende do seu tamanho e extensão, isto é, se está localizado ou se já espalhou. “A principal forma que ele se dissemina é pelas ínguas do pescoço”, comenta Lauren.
Lauren explica que duas doenças podem predispor o tumor: anemia de Fanconi e disceratose congênita. “São fatores genéticos que predispõem, mas não é uma síndrome tumoral. Se essas pessoas fumarem e beberem elas terão o tumor mais precocemente e mais jovem”, complementa Beatriz.
Assim como os demais tumores, o câncer de boca pode ser reincidente e, na maioria dos casos, ele volta mais forte.
Lesões que não curam
Lauren comenta que muitos casos começam na borda da língua. “O principal tipo de câncer, que é de células escamosas, vem da mucosa que recobre a boca, que é uma mucosa especializada de células escamosas – que denomina o tipo do câncer”, diz.
A médica patologista Paula de Carvalho detalha que as pessoas até podem confundir a lesão com uma afta, mas a diferença está no período de duração da ferida, visto que uma afta vai desaparecer em alguns dias, ao contrário do tumor.
Tratamento
Para o tratamento do câncer de boca, dependendo do estágio da doença, o paciente pode passar por uma cirurgia para retirada do tumor, quimioterapia e/ou radioterapia; segundo Beatriz, quanto maior o tumor, mais extensa será a cirurgia, com maior possibilidade de deformação facial e perda da fala. “Daí a importância da identificação precoce das lesões descritas” enfatiza.