Entenda porque corpos demoram para serem liberados do IML de Blumenau
Famílias relatam demora na liberação de corpos de vítimas de mortes violentas
Além do luto, a espera. Muitas famílias de vítimas de mortes violentas (acidentes, homicídios e suicídios) relatam aguardar horas para a liberação do corpo no Instituto Médico Legal (IML) de Blumenau.
Foi o caso dos parentes de Tiago Rafael Pauli, que morreu no hospital em que ficou internado durante um mês após bater o carro contra um poste. O corpo só pôde ser velado mais de 16 horas após a notícia do falecimento.
A família teve de aguardar que um dos médicos-legistas do IML começasse o expediente, às 13h, para que o corpo fosse liberado. “O corpo da morte violenta não é da família, é do Estado. A emoção passa, a razão fica”, diz o médico-legista Roland Dagnoni.
Dagnoni trabalha no IML da cidade há 28 anos. Ele explica que a perícia tem de ser bem feita – e isso pode significar horas de espera -, já que é primordial para a Justiça durante o processo que julgará a existência de crime.
Em relação aos óbitos, Dagnoni ressalta que um corpo só pode ser liberado quando há os sinais “inequívocos de morte”, como o resfriamento do corpo, rigidez cadavérica e mudança na cor da pele. Todas as características podem levar até seis horas para aparecerem.
Plantão
Como em diversos serviços estaduais, o expediente dos dois médicos fixos e um cedido que trabalham na sede do Instituto Geral de Perícias (IGP), onde fica o IML, ocorre pela tarde. Se o caso não exige pressa, a perícia é feita apenas no horário de atendimento ao público. Por outro lado, se há morte ou casos mais delicados, como os de violência sexual, o plantonista do dia é acionado a qualquer momento.
O IML de Blumenau atende toda a região do Vale do Itajaí. São dezenas de exames de lesão corporal por semana, além das mortes. A demanda, porém, não é considerada alta por Dagnoni, que garante que é possível fazer tudo no tempo disponível. O problema são os plantões, já que eles precisam ficar de sobreaviso durante 24 horas em dias alternados. Se houvesse mais dois médicos, o descanso seria maior e solucionaria a questão.
Reforço na perícia
O IGP de Santa Catarina ganhou no começo de outubro um reforço com a posse de 96 profissionais (57 peritos criminais, 29 médicos-legistas, nove peritos criminais bioquímicos e um odontolegista). Ainda não há a definição de quantos serão direcionados a Blumenau, mas após as contratações todas as unidades do IGP terão ao menos dois peritos e um médico-legista.
O curso de formação dos novos servidores já está em andamento. Ele leva entre três e quatro meses e meio, de acordo com cada cargo. O perito-geral do IGP, Giovani Eduardo Adriano, lembrou que a convocação significa uma recomposição de efetivo após 11 anos sem novas contratações.
De acordo com Adriano, os novos profissionais serão direcionados a todas as equipes nas 29 unidades regionais do IGP. A chegada deles deve ocorrer entre o fim deste ano e começo do próximo.