Entidades empresariais de SC mudam de tom e pedem o fim da greve dos caminhoneiros

Crescimento de discurso político infiltrado entre manifestantes reduziu apoio do setor privado

Mercadorias paradas, falta de matéria-prima, combustível escasso, trabalhadores sem transporte. Perdas bilionárias. Os líderes empresariais de Santa Catarina estão preocupados com a greve dos caminhoneiros, que completa oito dias nesta terça-feira, 29, e paralisa o país.

Se até o fim de semana as manifestações de empresários catarinenses tratavam o movimento com solidariedade e até simpatia, neste início de semana o tom mudou. Entidades que representam empresas, indústrias e transportadoras pediram o fim da paralisação.

Além das cifras negativas crescentes, empresários têm manifestado contrariedade com discursos políticos infiltrados no movimento, principalmente desde que o governo atendeu a reivindicações dos caminhoneiros. Em Santa Catarina, discursos e bandeiras em favor da derrubada do presidente Michel Temer em benefício de uma intervenção militar se tornaram comuns nos últimos dias.

O empresário Jonny Zulauf, representando a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), divulgou nota em que repudia a infiltração política e pede aos empreendedores e trabalhadores que voltem ao trabalho.

“Fomos complacentes com o movimento que paralisou o país na defesa de seus interesses. As concessões do Governo, mesmo com a demora e com a evidente transferência dessas diretamente a todo o povo brasileiro, permitem o retorno à normalidade das atividades econômicas com o abastecimento e circulação de bens e mercadorias”, declarou.

O presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Avelino Lombardi, explica que infiltração de discursos políticos e o desvio de foco do movimento mudou o posicionamento da classe empresarial:

“Ainda é cedo para avaliar o prejuízo, mas são milhões de reais. Começa a faltar insumos [para as empresas poderem trabalhar]. Isso é uma perda para toda a sociedade”, lamentou.

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Blumenau (CDL) declarou que entende e apoia o pedido de diminuição do valor do óleo diesel, mas não endossa o movimento por entender que falta clareza à pauta de reivindicações.

Diferente do que outras entidades lojistas têm feito, os representantes de Blumenau não pedem pelo fechamento do comércio em apoio à greve. Segundo a CDL, essa é uma escolha que cada empresário deve fazer.

O Sintex, que representa cerca de 5 mil empresas em 18 municípios da região do Vale do Itajaí, empregando 58 mil trabalhadores, encaminhou ofício ao governador Eduardo Pinho Moreira solicitando que seja assegurado “o direito constitucional do livre trânsito de pessoas e mercadorias”.

Transportadoras

A Federação das Empresas de Transporte de Carga de Santa Catarina também defendeu o fim da greve. Em nota, a entidade explicou que foi “solidária” ao movimento durante a última semana, mas que “precisamos colocar na balança os prejuízos que o desabastecimento e o impedimento da realização das nossas atividades estão somando para toda a população brasileira”.

Na análise do presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina, Osmar Labes, é a pressão das empresas sobre o governo que deve resultar no fim do impasse com os caminhoneiros.

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