A escrita é o instrumento que orquestra uma rede de comunicação e afeto. E disso, Joice Melo e Ana Holanda sabem muito bem. Duas mulheres fortes, com histórias e lutas diferentes, mas que servem ao mesmo propósito: levar amor e afeto através da escrita. É por meio da palavra, que ganha forma e alcance, que ambas conseguem conversar com muitas outras pessoas. A escrita conecta Ana à Joice, ainda que elas não se conheçam.
Joice Melo, 32, é mãe do Juan, de 10 anos, e encontrou nas palavras uma forma de se comunicar com outras mulheres que enfrentam os desafios diários da maternidade e que, assim como ela, sentiam falta de uma rede de apoio. Essa história começou há quatro anos e tem diversos personagens. A Joice, que possui formação em Letras, criou o grupo “Mães que Escrevem”, que virou uma revista e já veiculou mais de 600 textos voltados para a maternagem.
“Eu sou uma pessoa que ama escrever, trabalho com isso e tenho a escrita como uma ferramenta terapêutica. Senti que nos textos que escrevia, algumas mulheres se identificavam e trouxe essa prática para a revista”, explica a idealizadora.
Ela viu na escrita um caminho para aliviar tensões da maternidade e, ainda, criar conexões com outras mães. “Uma mulher falar sobre seu dia a dia como mãe pode ajudá-la a entender melhor o que acontece consigo mesma, fora que outras mães, lendo os textos, também podem se identificar com a pauta trazida”, destaca Joice.
Ana Holanda é formada em Jornalismo e com mais de 25 anos de carreira gosta de se definir como uma apaixonada pelas palavras. Aprendeu a escrever com técnica e reaprendeu a escrever, dessa vez, com o coração. O resultado? Dois livros publicados, muitos workshops, cursos, mentorias e vidas tocadas pelo novo caminho profissional que vem trilhando. Ana costuma incrementar a sua receita de sucesso com diversão, liberdade e uma medida generosa de sentimento. Ela usa com maestria as palavras para contar suas memórias no livro “Minha mãe fazia: Crônicas e receitas saborosas e cheias de afeto”.
“Teve uma época em que escrevia os textos sempre do mesmo jeito. Era a minha fórmula de sucesso. Eu sabia que ia agradar e aquilo se tornou um território seguro. Até que, um dia, cansei de fazer do mesmo jeito. Queria ir além, me desafiar. Junto, veio o medo: e se meu texto não agradasse? Guardei meus receios no bolso, para que ficassem quietinhos ali. E escrevi, experimentei rotas e formatos diferentes. E foi tão bom fazer isso. Divertido. Libertador”, compartilhou a Ana em uma publicação no seu Instagram.
Hoje, Ana Holanda é conhecida por encorajar quem deseja se expressar através da escrita afetuosa, aquela que “mora no outro e toca-o, em uma perspectiva humana, sobretudo, por uma escrita humana”, como define. Autora do livro “Como Se Encontrar Na Escrita – O Caminho Para Despertar A Escrita Afetuosa Em Você”, Ana acredita que todo mundo é capaz de escrever de forma afetuosa, até mesmo quem não trabalha com a escrita.
Mães que escrevem e relatam seus percalços na maternidade; filha que escreve abrindo seus sentimentos – e a porta da cozinha – para compartilhar lembranças afetivas que vão muito além das deliciosas receitas culinárias da mãe: entre linhas e entre laços, a escrita ainda é uma das melhores formas de expressão capazes de dar poder a quem escreve e criar conexões.
O poder terapêutico da Escrita Afetuosa
“A escrita é uma poderosa ferramenta de cura. Diante de um papel em branco, muitas vezes a gente consegue revelar o que é secreto até para nós mesmos. Acessamos camadas mais profundas e temos a oportunidade de perceber e trabalhar as dores da alma”, defende o psicólogo Iarodi Bezerra que, nas trocas de escritos com clientes, confessa ter se apaixonado, ainda mais, pela arte de juntar palavras.
Depois de ser tocado pela leitura de um dos livros de Ana Holanda, o profissional resolveu convidá-la para uma live sobre o poder terapêutico da Escrita Afetuosa. O encontro é aberto e acontece no instagram @iarodibezerra, neste sábado, 8, às 18h.