Espetáculo da Paixão de Cristo, com Luciano Szafir, emociona público em Guabiruba
Apresentação reuniu famílias de todo o estado na quinta e sexta-feira
O relógio marcava 21h quando Jesus entra no palco para contar a sua história de vida. O clima ameno e a noite estrelada aconchegaram o público que lotou o estacionamento da igreja São Cristóvão, no bairro Aymore, em Guabiruba. Centenas de mulheres, homens e crianças acompanharam a Paixão e Morte de um Homem Livre.
Os cristãos vieram de todo canto do estado, como Guaramirim e Ibirama. As horas de viagem foram compensadas pela emoção. A cada cena com tom de suspense, a trilha sonora da peça mudava e junto com ela, muitos levavam a mão a boca para simbolizar o espanto.
Os atores, mesmo inexperientes, deram vida aos personagens que conviveram com o nazareno de um jeito nada amador. As falas, apesar de terem sido gravadas antecipadamente, estavam na ponta da língua.
Para inserir o público no teatro, várias folhas de palmas foram distribuídas para que na cena na qual Jesus chega a Jerusalém, os espectadores pudessem interagir abanando seus galhos.
Após Jesus ser crucificado, uma máquina de fumaça deu o tom sombrio que cerca o episódio. O espetáculo foi emocionante para todos que estiveram presentes na primeira apresentação. Na sexta-feira, 19, será a última encenação deste ano, a partir das 19h30.
Horas de estrada
A moradora de Ibirama, Sandra da Silva, de 57 anos, veio pela segunda vez acompanhar a encenação. A primeira ocorreu em 2017 quando ela organizou uma excursão para que mais pessoas da cidade pudesse assistir ao teatro.
Ela ficou encantada com toda a produção e decidiu fazer a mesma viagem. Segundo Sandra, o ônibus trouxe 21 pessoas, destas seis já assistiram ao teatro em 2017, e todos estavam ansiosos para ver o espetáculo. O grupo saiu do município às 15h e chegou em Guabiruba às 18h30. Nem o trânsito da BR-470 em véspera de feriadão parou os espectadores que optaram por uma rua interiorana para chegar a tempo.
Ela afirmou que após a encenação conversaria com quem assistiu ao teatro pela primeira vez para saber o que acharam. “Tenho certeza que quem veio hoje daqui dois anos vai querer vir novamente”, revela.
Sandra já tem planos de trazer a excursão para a edição de 2021 e aproveita para fazer uma sugestão à organização. “Eles constroem isso tudo para dois dias. Deveria ser a semana inteira”, brinca.
Narração com sentimento
A diretora da peça Rejane Habitzreuter Schlindwein revelou que tem uma ligação com a peça desde os sete anos quando era criança e já tinha vontade de participar. Dali em diante tudo evoluiu e Rejane já passou pela coreografia, atuando como povo, em papéis com fala, narradora e finalmente a participação como equipe técnica.
Para ela, a peça tem papel fundamental para que as pessoas que participam se sintam capazes. Ela explica que na construção do texto foi decretado que o protagonista falaria com sentimento. “Eu não vejo um Jesus contando a sua própria história sem falar do sentimento que ele passou nos últimos dias e em toda sua vida que esteve na nossa terra”, revela.
A peça conta com número recorde de pessoas que interpretam Jesus: são 8. A intenção é que ele possa estar em praticamente todas as cenas, já que ele mesmo narra a história da sua vida. O fato inclusive surpreendeu Luciano Szafir durante os ensaios.
Avaliação de Szafir
O ator foi contratado para dar vida a Pôncio Pilatos, personagem que ele confessa ter interpretado pelo menos 15 vezes durante a carreira. Segundo ele, mesmo estando longe dos ensaios, o fato de já ter interpretado o governador romano ajudou neste papel.
Na avaliação dele, todos foram muito educados e solícitos, e todas as equipes fizeram um trabalho bem feito.
“Achei sensacional, muito organizado. Vi coisas com uma criatividade incrível. Posso ressaltar o fato de ter mais um Jesus, um narrando a história e por trás acontecendo alguma coisa. Eu em 23 anos de profissão nunca tinha visto isso”, revela.
Ele já conhecia o espetáculo e esperava encontrar toda essa estrutura, mas mesmo assim, ele confessa que foi surpreendido.